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 Abri a porta e a cena me congelou: Roberto e meus avós sentados no sofá, rostos sérios, quase fúnebres.

— Oi, Alice! — Roberto forçou um sorriso, mas seus olhos estavam opacos.

Meu coração disparou. O que aconteceu agora? O que eles estavam escondendo?

— Estávamos esperando por você, meu amor. — Minha avó, sempre tão doce, tinha a voz rouca. — Vem aqui.

— Oi… O que… está acontecendo? — Gaguejei, o medo se instalando como um nó na garganta. Me aproximei hesitante, jogando-me na poltrona ao lado do sofá, tentando decifrar a atmosfera carregada.

— Temos notícias! — Roberto anunciou, a voz grave. — A boa é que seu pai melhorou.

— Aí meu Deus, é sério? — Forcei um sorriso, mas a sensação de pavor me oprimia. — O que mais?

— Alice… — Roberto olhou para meus avós, um pedido silencioso em seus olhos. — Você sabe que seu pai é muito respeitado por ser policial… — Ele fez uma pausa, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado. — Ele não vai ser preso pelo que fez.

— O quê? Como assim! Não é justo! — Gritei, a raiva me engolindo.

— Você sabe como as coisas funcionam. — Roberto falou, a voz firme, quase implacável. — Eu e sua mãe tomamos a decisão de fazer o que seu pai quer. É melhor para a segurança de vocês.

— Então ele vai ficar livre como se nada tivesse acontecido? — A pergunta saiu como um sopro, carregada de descrença.

— Sim. — Minha avó assentiu, a voz baixa e pesarosa.

— E é melhor assim, pois sua mãe está com medo. — Roberto continuou, a voz fria. — Você sabe muito bem que ele pode fazer ela ser presa injustamente, então vamos esquecer tudo.

— Não dá para acreditar, esse filho da mãe consegue tudo que quer! — A raiva ferveu dentro de mim, um vulcão prestes a entrar em erupção.

— Também estamos com raiva, Alice. — Minha avó tentou me confortar, mas sua voz tremia. — Mas se não for assim, só você e sua mãe sairão perdendo.

— E tem mais uma coisa… — Roberto interrompeu, a expressão séria.

— O que foi? — Minha voz saiu fraca, quase um sussurro.

— Você precisa ir comigo na delegacia dar outro depoimento. — Ele me encarou, os olhos fixos nos meus. — E dizer que tudo foi um acidente, que seu pai…

— Tá de brincadeira, né! — Gritei, a indignação me sufocando.

— Por favor, pense em sua mãe e em sua segurança. — Roberto implorou, a voz agora carregada de desespero. — Fui ver seu pai no hospital, ele disse que se retirarem as queixas, ele não irá incomodar mais vocês.

— Sendo assim, eu vou. — A frase saiu dos meus lábios como um murmúrio. Minha mãe, ela não merecia ser presa por causa dele.

— Então se arrume, precisamos ir quanto antes. — Roberto se levantou, a expressão implacável.

Me levantei, as pernas bambas, e segui para o banheiro. A raiva que estou sentindo não é pouca! É um furacão dentro de mim, me sacudindo de cima a baixo. Não consigo acreditar! Ele conseguiu sair de estado grave e ainda sairá ileso? Eu quero a sorte que ele tem! Por que gente ruim se dava tão bem na vida?

Liguei o chuveiro no máximo, a água gelada me atingiu como um choque. Fiquei um bom tempo embaixo daquela torrente, esperando que ela levasse embora toda a raiva e tristeza que me corria por dentro.

Já estou me sentindo péssima devido ao Davi, e agora recebo a notícia sobre meu pai. Mas pelo menos ele está vivo, e eu não terei que carregar mais um fardo, pois já está pesado demais para mim.

Fui para o quarto, coloquei uma roupa qualquer e penteei meu cabelo, deixando-o solto. Faço maquiagem bem simples, apenas para disfarçar as olheiras que a noite mal dormida me deixou.

Voltei para a sala, a raiva ainda me consumindo, mas tentando manter a compostura.

— Estou pronta. — Disse, a voz firme, mas com um tremor quase imperceptível.

Meus avós sentados no sofá, os rostos marcados pela tristeza. Imagino o quanto deve ser ruim para eles também. Saber que sua filha sofreu tanto na mão de um homem que deveria protegê-la e amá-la, e ficará solto por aí, pronto para fazer essas coisas de novo. Enquanto isso, minha mãe terá que manter sua vida limitada para ter segurança.

A dor deles é um espelho da minha própria dor, e naquele momento, todos estávamos unidos por um sentimento de impotência e injustiça.

Nota:
Mudei de novo o nome da história, eu não estou gostando (já troquei várias vezes 🥲

A Força Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora