O toque estridente do meu celular me arrancou do sono, quebrando o frágil silêncio da manhã. Sem hesitar, me levantei da cama e corri para o banheiro, buscando no ritual matinal um refúgio da realidade que me assombrava.
A água do chuveiro, gelada como a angústia que me consumia, me acordou de vez. O banho foi rápido, a pressa me impedia de aproveitar a sensação da água quente. Escove os dentes, penteei o cabelo, deixando-o solto e dividido para o lado, e passei um pouco de rímel para disfarçar as olheiras profundas que denunciavam a noite mal dormida.
— Bom dia! —falei, tentando soar animada, mas a voz saiu fraca e sem vida.
— Venha tomar seu café, Alice. Acabei de voltar da padaria e o pão está quentinho. - Meu avô entrou na cozinha, segurando um saco de pão com um sorriso gentil.
— Volto em um instante. — Respondi, com um nó na garganta.
Voltei para o meu quarto e terminei de me arrumar. Vestia a farda do colégio, a mesma de sempre, como se estivesse tentando me agarrar a um pedaço de normalidade em meio ao caos.
— Tenho novidades, querida. — Minha avó me esperava na cozinha, seus olhos brilhando de alegria. —Você vai gostar de saber!
— Ah, é mesmo? O que é? — Perguntei, com um fio de esperança que lutava para não se apagar. Peguei dois pães franceses quentinhos, coloquei queijo e presunto, e enchi uma xícara com café preto, buscando no ritual matinal um pouco de conforto.
— Roberto disse que sua mãe vai voltar para a casa hoje! - Ela anunciou, sua voz carregada de emoção. - Ele acabou de me ligar avisando que provavelmente pela tarde ela já está em casa.
— Meu Deus, que felicidade! — Exclamei, meu coração disparando. Sim, nunca estive tão feliz.
— As investigações continuarão, mas pelo histórico do seu pai, pode ter certeza que nada acontecerá com ela. — Ela disse, com um tom de voz firme e confiante.
- Essa notícia melhorou o meu dia. - Disse, com um sorriso que finalmente se abriu em meu rosto.
— Agora, o seu pai não está muito bem. — Meu avô entrou na conversa, sua expressão séria. — Acho que não vai sobreviver.
— Minha avó Amélia me disse ontem. — Respondi, minha alegria evaporando como fumaça.
— Deus me perdoe, mas por um lado tudo isso é bom. Agora você e sua mãe não vão precisar passar por tantas coisas. — Ele disse, com um olhar de pesar.
— Eu gostaria que ele sobrevivesse, porque ela poderia se separar de outra maneira. -/— Minha avó opinou, seus olhos marejados de lágrimas.
Não podia negar, eu também não queria que ele morresse. Ele era um ser humano, e eu carregaria um peso enorme dentro de mim se ele morresse, mesmo que ele não tenha sido uma boa pessoa. Mas, naquele momento, eu não conseguia me sentir culpada por ter feito o que fiz. Eu tinha agido por instinto, para proteger minha mãe.
— Ele não iria deixá-la em paz. Esse acidente, por um lado, foi a salvação! —Meu avô disse, sua voz carregada de convicção.
Apenas fiquei ali, ouvindo-os conversarem, sem conseguir formular uma opinião. Eu estava dividida entre o desejo de que ele não morresse e o medo de carregar a culpa de sua morte.
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A Força Do Amor
RomanceDe um lado, uma garota que não acredita no amor e nem confia em ninguém, e do outro, um garoto que não irá desistir dela. ❤️ • ᴇᴍ ᴘʀᴏᴄᴇꜱꜱᴏ ᴅᴇ ʀᴇᴠɪꜱᴀ̃ᴏ • ᴘʟᴀ́ɢɪᴏ ᴇ́ ᴄʀɪᴍᴇ! © 15 de agosto - presente Primeira versão...