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Ela é a única capaz de tamanha crueldade, de me machucar com essa frieza. O pai dela é amigo do meu, então ela com certeza ficou sabendo por ele. Não tem outra explicação, ninguém da minha família contou, e muito menos eu.

Limpo as lágrimas que caem em meu rosto e vou para o banheiro novamente, tomo um banho e retiro o resto da maquiagem que sobrou.

Coloco uma calça moletom pois está um pouco frio hoje, e uma camiseta para dormir. Então me deito, o mais confortável que posso e tento dormir.

Minutos se passam, e eu estou aqui virando de um lado para o outro na busca do sono, mas ele não vem. Não quero mexer nas redes sociais e nem vontade de assistir nada.

Pego o celular no criado-mudo, a tela ilumina a escuridão do quarto. São meia-noite , e já faz mais de duas horas que tento dormir. E parece que foram apenas alguns minutos

"Vou preparar algo para beber", murmuro para mim mesma  Levanto-me e caminho até a cozinha, a casa silenciosa, meus avós e minha mãe já estão dormindo.
A exaustão do trabalho e dos problemas me pesa, e a única coisa que queria agora era dormir, assim como eles.

Preparo um chocolate quente e vou até a sala, abro a porta e me sento na varanda. A noite está fria, a rua deserta e silenciosa, como se o mundo estivesse em compasso de espera.

De repente, ouço passos pesados na calçada. Meu coração dispara,uma mistura de medo e curiosidade me invade. Olho para o final da rua, e lá está ele: Miguel.

"O que ele está fazendo aqui a essa hora?", penso, a curiosidade me levando a encará-lo.

— Miguel — chamo, minha voz um pouco hesitante. Ele está com uma calça de moletom e fones de ouvido.

— Oi, Alice. — ele responde, o sorriso tímido iluminando seu rosto.

— O que faz na rua uma hora dessa? — pergunto, tentando disfarçar a surpresa que me invade.

— Não consigo dormir. Estou apenas caminhando.— ele responde, a voz calma e suave.

— Também não estou conseguindo dormir — confesso, um nó na garganta me impedindo de falar mais. — Vem aqui.

Eu vou me desculpar com ele. Não acho certo a forma grosseira que o tratei.

Ele se aproxima, e meu olhar se prende ao seu corpo definido, sem camisa, a pele bronzeada brilhando sob a luz fraca da varanda. A visão do seu torso nu me deixa sem fôlego. Ele é tão atraente.

— Eu quero te pedir desculpas pela forma que tratei você. — digo após ele se sentar na cadeira ao meu lado.

— sem problemas. — ele responde, com a mesma gentileza de sempre.

—  Não, é sério.— insisto, a culpa me corroendo por dentro. — Eu te tratei muito mal, e você não merece isso. Estou com muitos problemas, e não é justo descontar em você.

— Está desculpada, Alice, fique tranquila. Eu te entendo. — ele diz, a voz carregada de compreensão.

— Obrigada. — sussurro, a palavra saindo em um fio de voz.

— Amigos? — ele ergue sua mão esquerda para mim, o gesto simples carregado de uma esperança que me aquece. Abro um sorriso e aperto a sua também.

— Amigos. — digo, a palavra ecoando no silêncio da noite. — Me sinto muito mal por hoje mais cedo.

— Esquece isso. — ele dá de ombros, o movimento relaxado me tranquilizando. — Posso te falar uma coisa? — ele diz, após um longo silêncio entre a gente, o ar carregado de expectativa.

— Pode. — falo, super curiosa, a voz um pouco tremida.

— Eu sabia que Davi te traia com Cinthia. — ele diz, me encarando com intensidade, os olhos escuros penetrando os meus. — Por isso fui na lanchonete, queria te contar o que estava acontecendo.

— E por que não me contou, Miguel? — digo, a pergunta saindo como um sussurro, carregada de uma ponta de reprovação.

— Eu não te conhecia. Não achava certo ir avisar assim, simplesmente do nada. — ele fala, a voz carregada de culpa. — Mas me arrependo de não ter te contado antes.

— Então por isso você falou comigo no caminho, não é?

— Sim. Mas não tive coragem. — ele diz com um olhar triste. — Se soubesse que você saberia daquele jeito, teria te dito antes.

— Tudo bem, não dói mais. — falo, dando um sorriso fraco, tentando mostrar que estou bem. — Quando conheci você, achei que tinha algo errado comigo.

— Mas, por quê? — ele disse, e gargalhou, a risada rouca e contagiante.

Meu Deus, que sorriso lindo. Não consigo tirar os olhos dele. Estou tão atraída por ele, mesmo não podendo.

Será que devo cometer mais esse erro?

— Você estava me encarando muito, Miguel. — digo, dando risada, ao lembrar daquela sensação estranha. — Achei que estava suja ou algo assim.

— Estava te olhando daquele jeito, porque achei você linda. E não achava justo o Davi fazer aquilo com você.

Meu coração acelerou por alguns segundos. Com certeza estou vermelha.

— Não precisa ficar tímida, Alice, você é realmente muito linda.

— Obrigada. — falo baixinho, a voz quase inaudível. E encaro sua boca, parece que Miguel é um ímã, a cada segundo que estou perto dele, me sinto mais atraída por ele.

— Por que está me olhando desse jeito? — ele perguntou, a curiosidade tingindo sua voz. — O que foi?

— Quero beijar você. — digo, a confissão escapando dos meus lábios como um segredo.

— Por que não disse antes? — ele perguntou, e se aproximou um pouco, agora consigo sentir sua respiração quente, o cheiro de menta e algo indefinível que me deixa tonta. — Não tem um dia sequer que eu não deseje beijar você.

Abro um sorriso de lado, e nos beijamos. A sensação é tão intensa, tão diferente de tudo que já vivi, que me perco em seus braços, esquecendo de tudo, de todos, de toda a dor que me atormenta.

O clima, antes frio e carregado de tensão, agora ferve entre nós.  A energia que emana de Miguel é contagiante, e a cada toque, a cada beijo, a chama da paixão se intensifica.  Ele me puxa para mais perto, e sem pensar duas vezes, me sento em seu colo.  O calor do seu corpo me envolve, e a sensação do seu membro duro pressionando contra a minha coxa me deixa arrepiada.  A excitação aumenta a cada segundo, e sei que ele está tão afim quanto eu.

[CAPÍTULO SEM REVISÃO]

A Força Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora