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Segunda-feira

Assim que as meninas foram embora ontem, me deitei e desabei. Só saí para comer à noite, pois estava me sentindo muito mal. A todo instante, minha mente ficava me lembrando da cena do Davi atrás da Cinthia, e deles se beijando. Meu coração parecia que ia saltar pela minha boca a qualquer instante. Senti vontade de ligar e conversar com ele, para entender o porquê daquilo. Mas, fui forte. Sei que não mereço isso.

Quando percebi, já se passavam das duas da madrugada, então tomei um remédio e disse a mim mesma: que mesmo eu acorde com o coração partido, — e é óbvio que iria — Não deixaria isso acabar comigo, Davi não merece que eu sofra por ele.

Acordei com a sensação de que um caminhão havia passado por cima do meu peito. Mas sei que não posso me entregar à tristeza.Levantei, me forçando a ir para o banheiro, e olhei para o meu reflexo no espelho: os olhos inchados, a pele pálida, a expressão abatida... é a imagem da dor.

Minha rotina voltou ao normal, e eu preciso seguir em frente. Não posso ficar aqui parada sofrendo por quem nunca sentiu um pingo de empatia e compaixão por mim.

— Bom dia, Alice, você está melhor? — perguntou minha avó, com sua voz doce e carinhosa, assim que entrei na cozinha.

— Estou bem melhor hoje. — Eu disse com a cabeça baixa, escondendo meus olhos inchados de tanto chorar.

— Você tem certeza? Eu e sua mãe estamos preocupadas com você. — Ela disse, colocando suas mãos delicadas em meu ombro, transmitindo um abraço silencioso de conforto.

— Não vou deixar o Davi me abalar. Foi um livramento! — digo, por mais que seja verdade. Dói e estou sofrendo demais. Porém, falo o que ela quer escutar. — Diga à mamãe que estou bem e que ela aproveite a viagem.

— Você está certíssima, querida. — Ela disse, com um sorriso gentil, aliviada em saber que eu estava tentando seguir em frente. — Vou falar com sua mãe.

Não sei exatamente como a conversa chegou nelas, mas ontem mesmo minha mãe ligou super preocupada, e minha avó também, toda hora querendo saber como eu estava.

Sou muito sortuda por ter mulheres incríveis ao meu lado, e eu vou me tornar uma também.

— Bom dia, pessoal! — Amanda entrou na sala com um sorriso enorme no rosto, a energia dela contagiando o ambiente.

"Bom dia, amandinha", respondemos em coro, mas confesso que a minha voz saiu meio sem graça. A verdade é que eu estava péssima, com o coração em pedaços.

Os meus olhos, inchados de tanto chorar, denunciavam a dor que eu carregava. Amanda, perspicaz como sempre, percebeu a minha tristeza, mas não disse nada.

— Você já está pronta? — ela perguntou, com um olhar de preocupação.

— Estou - respondi, forçando um sorriso. Levantei-me da cadeira, peguei a mochila que estava ao lado e me despedi da minha avó com um beijo na bochecha. — Tenha um bom dia, vovó. Até mais tarde!

— Tchau, meus amores, boa aula — ela respondeu, com um sorriso carinhoso.

Assim que saímos de casa, a máscara de felicidade que eu tentava usar caiu por terra. - Continuo muito mal - confessei, a voz embargada.

— Fico muito mal por você, não gosto de te ver assim — Amanda disse, colocando a mão no meu ombro.

— Mas prometi para mim mesma que não deixaria ele me abalar mais, que não choraria por ele. — disse, tentando soar forte, mas a voz ainda tremia.

— Isso aí, garota! — Amanda exclamou, com um brilho nos olhos. — Vai continuar doendo por um tempo, é claro, mas logo você superará esse babaca. Você é forte, você vai dar a volta por cima!

— Sim, talvez demore, mas não é para sempre. — respondi, tentando acreditar nas minhas próprias palavras.

— E eu vou estar aqui te apoiando como sempre. — Amanda me deu um abraço apertado.

— Você é incrível e eu fui muito burra por achar que ele me amava de verdade. — confessei, as lágrimas ameaçando voltar.

— Quando gostamos de alguém, é assim mesmo. Parece que ficamos cegas, incapazes de ver a verdade. — Amanda disse, com um tom de compreensão.

E eu fiquei. Por dois meses, me deixei levar por migalhas de atenção,por promessas vazias, por um amor que nunca existiu. Eu estava tão carente,tão fragilizada, que me agarrei a qualquer coisa que me fizesse sentir amada.Eu precisava de um escape da realidade, e o mínimo que ele me ofereceu, eu aceitei.

Ao chegar em frente ao colégio, a sensação de constrangimento me invadiu.Olhares curiosos, risadas abafadas, cochichos maldosos.Era como se eu estivesse sendo julgada por um tribunal invisível.

— Oi, meninas. Emily chegou, com um sorriso acolhedor. - Você está melhor, amiga?

— Sim, estou.— respondi, forçando um sorriso. Não ia deixar que a opinião dos outros me abalasse. A única vítima dessa história era eu.

— Se eu pudesse, quebrava a cara de todo mundo. — Amanda cruzou os braços, com um olhar de fúria. Ela encarava algumas pessoas que riram ao me ver chegar.

— Por favor, não pense isso. - pedi, com um tom calmo. — Nem vale a pena, daqui a uns dias eles esquecem.

— O que me irrita é que Cinthia e Davi são os culpados e eles olham para você como se fosse a errada de tudo. — Amanda disse, com a voz carregada de indignação.

— Sim, é verdade. — Emily concordou.

— O melhor remédio para isso tudo é ignorar. — respondi, tentando me manter firme. — Vamos para a sala logo.

A Força Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora