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— Por que você não me disse antes? — ela explodiu, a voz tremendo de indignação.

— Fala baixo! — sussurrei, o coração batendo forte no peito. — Não quero que a vovó escute. Eu te conheço, Amanda, e não quero que você se machuque.

— Mas ele machucou seu braço! — ela exclamou, seus olhos fixos no meu pulso, onde a marca vermelha do aperto ainda ardia. — Eu vou falar com ele!

— Não, deixa quieto! — implorei, a voz quase inaudível. — Por favor!

— E o que você vai fazer então? — ela perguntou, respirando fundo, tentando controlar a fúria. — Vai deixar por isso mesmo?

— Não quero me meter em confusão, e muito menos te envolver em uma. — respondi, sentando ao seu lado na cama, a angústia me apertando o peito.

— Então me promete que nunca mais vai sequer olhar para a cara dele. — ela me encarou, os olhos brilhando com uma mistura de raiva e tristeza. — Senão eu vou falar com ele.

— Eu juro que nunca mais falo com ele. — prometi, a voz firme, mas o medo me corroía por dentro. — De verdade. Senão pode até me bater! — brinquei, forçando um sorriso para aliviar a tensão.

— Vou acreditar em você. — ela disse, o olhar ainda carregado de preocupação.

— Pode confiar. — me levantei e abri a porta do quarto. — Vamos comer!

Ela se levantou da cama, e seguimos para a cozinha.

Não podia contar sobre isso para a vovó. E nem para a minha mãe, queria poupar as duas de mais estresse e problemas. Contei para Amanda porque ela é minha amiga, meu porto seguro, e sempre confio nela.

Começamos a montar nossos pratos. A vovó tinha feito a receita da minha bisa avó, uma das minhas comidas favoritas.

— Está deliciosa como sempre! — comentei, mastigando a carne com prazer.

— Tem razão! — concordou Amanda.

— Que bom que gostaram, meus amores. — a vovó sorriu, os olhos brilhando de felicidade. — Vou ensiná-la para vocês qualquer dia. — ela disse, a voz doce e acolhedora.

E então, a porta da sala se abriu.

— Cheguei! — a voz animada da minha mãe ecoou pela casa, seguida de seus passos apressados. — Cheguei na hora certa pelo visto!

Ela entrou na cozinha, radiante. Estava mais bonita, bronzeada, e parecia ter engordado um pouco nesses dias que passou fora. Totalmente o oposto do meu pai, e, sinceramente, fiquei feliz por isso!

— Mãe! — corri em sua direção, envolvendo-a em um abraço apertado. — Que saudades!

Amanda e a vovó também a abraçaram. A chegada da minha mãe trouxe uma energia boa para a casa, até para mim, com todos os meus problemas, me senti feliz, mais do que nunca.

— Gostou da surpresa? — ela perguntou, sentando-se em uma das cadeiras, soltando um suspiro de alívio. — Estava com muita saudade!

— Claro que sim! — respondi, o sorriso se abrindo no meu rosto. — Mas por que veio tão cedo?

— Tenho que ir à delegacia o quanto antes. — ela disse, a expressão séria. — Mas ficarei logo por aqui.

Não consegui esconder a tristeza que me invadiu. Era tão doloroso saber que meu pai não pagaria pelas coisas ruins que cometeu.

— O importante é que ficaremos bem, Alice. — ela disse, seus olhos cheios de compreensão. — Não se preocupe.

— É, graças a Deus, a tia Lis está livre. E isso já é um avanço! — disse Amanda, tentando me confortar.

— Tem razão. — concordei, sentando-me no meu lugar para voltar a comer.

Ficamos nós quatro conversando e almoçando. Um momento mágico. A saudade que estava da minha mãe era enorme, e com a chegada dela, além de me trazer alegria, estava me confortando com tudo que vem acontecendo. Saber que ela está bem e que não corre perigo nenhum me deixou completamente em paz.

A Força Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora