10

49 10 5
                                    

— Aqui! — disse Amanda, abrindo a porta do meu quarto. Miguel segurava Emily, que dormia profundamente em seus braços.

— Obrigada! — eu e Amanda falamos juntas.

— Não tem problema. — ele respondeu, um sorriso leve se formando em seus lábios.

— Posso falar com você? É rapidinho — falei, sentindo meu coração bater mais forte a cada palavra.

Amanda arregalou os olhos por um instante, parecendo surpresa com a minha iniciativa, e entrou no quarto, fechando a porta atrás de si.
A casa estava completamente escura, a única luz era a que vinha do meu quarto.

— Pode falar. — ele disse, sua voz grave e rouca ecoando no silêncio que se instalou entre nós.

— Quero me desculpar com você. Eu não tive a intenção. — confessei, sentindo a culpa me corroer por dentro.

E realmente, não imaginei que faria aquilo. O que me levou a agir daquela forma?

— Relaxa, está tudo bem. — ele falou, sua expressão serena e tranquilizadora.

— Não, não está. Eu agi como uma imatura e idiota, não queria causar briga entre vocês. — minhas palavras saíram em um fio de voz, carregadas de arrependimento.

— Você não gostou do beijo? — ele perguntou, seus olhos escuros me fitando com intensidade.

— Por que a pergunta? — perguntei, um sorriso envergonhado se espalhando pelo meu rosto.

— A gente só se arrepende quando não gostamos do que fazemos. — ele se aproximou um pouco, sentindo o cheiro de cachaça e de seu perfume masculino.— Responde a minha pergunta.

— Não, não me arrependo. — respondi, meu coração disparado, as palavras saindo em um sussurro.

— Eu também não. — ele sussurrou de volta, seus dedos deslizando por minha bochecha, me puxando para mais perto. Seus lábios encontraram os meus em um beijo lento e profundo, a lembrança do gosto da cachaça misturada ao sabor da sua boca me arrebatou por completo.

— Acho melhor você ir. — sussurrei ofegante, após nosso beijo demorado. Meus dedos entrelaçados em seus cabelos.

— É melhor mesmo. Boa noite! — ele respondeu, sua respiração quente contra meu rosto.

Começamos a andar até a porta da entrada, a atmosfera carregada de uma eletricidade palpável.

— Boa noite! — disse para ele assim que ele entrou no carro, meu coração ainda acelerado.

Volto para meu quarto, Amanda já havia dormido. Estou com muito sono. Então, me jogo na cama do jeito que estou e adormeço.

💋💋💋

— Alice! — Emily me sacudia, a voz carregada de preocupação.

— Hm... O quê? — murmurei, a voz rouca e a cabeça latejando como se fosse explodir.

— Você precisa ver isso! — ela exclamou, a voz tremendo.

Sentei na cama, ainda tonta de sono, e ela me entregou o celular. A tela brilhava, mostrando um vídeo que me fez gelar os ossos.

— Merda! — gritei, as palavras saindo em um sopro.

Era Cinthia, a voz fria e cruel, revelando a todos a traição de Davi. As palavras dela, como facas afiadas, me dilaceraram por dentro. O coração disparou, a garganta se fechou e as lágrimas brotaram, quentes e salgadas, escorrendo pelo meu rosto.

— Eu disse que era melhor deixar isso para depois. — Amanda murmurou, a voz baixa e carregada de culpa.

Na legenda do vídeo, uma frase cruel: "Cinthia conta na frente de todos que Davi trai Alice, o que não é novidade para ninguém."

— Então todo mundo sabia, menos eu? — perguntei, a voz tremendo. — Vocês sabiam?

— Não! — elas responderam em uníssono, os olhos cheios de compaixão.

— Me dá isso. Não era nem pra Emily te mostrar isso agora. — Amanda puxou o celular da minha mão, a expressão endurecida pela raiva.

— Ela precisava ver, sim, pois a gente tem que descobrir quem foi.

— Temos o dia inteiro para isso. — Amanda falou com raiva, se sentando ao meu lado e me abraçando com força.

— Tudo bem. — respondi, a voz fraca. — Vamos esquecer isso. Vamos tomar café.

Levantei-me, cambaleando, e fui para o banheiro. A água quente do chuveiro me envolveu, mas não conseguiu apagar a dor que me consome. As lágrimas voltaram, mais intensas, e eu chorei em silêncio, a imagem da Cinthia me torturando. Humilhada, exposta, me sentia como um objeto de escárnio.

E não acredito que criaram uma conta para me expor ainda mais ao ridículo. A cidade inteira ia saber da minha dor, da minha fraqueza.

Saí do banho, a alma dilacerada, e me sentei à mesa com as meninas.

— Acordaram tarde, meninas. A festa foi boa, né? — minha avó perguntou, sorrindo, enquanto se dirigia à porta do fundo.

— Foi ótima. — Amanda respondeu, tentando amenizar a tensão que pairava no ar.

Peguei meu celular. Havia várias ligações e mensagens de Davi, todas implorando por perdão, pedindo para que eu o deixasse explicar.

Com um aperto no coração, o bloqueei sem responder.

Minha cabeça girava, uma montanha-russa de emoções. A dor da traição se misturava à preocupação com meu pai. Sabia que a situação ia piorar, que a cidade inteira ia saber. Teria que encarar Davi todos os dias no colégio, ouvir as fofocas, as risadas, os olhares de pena. Eu não tinha psicológico para isso.

A dor era insuportável, um nó na garganta que me impedia de respirar. Era como se o mundo estivesse desabando sobre mim, e eu não conseguia fazer nada para impedir.

A Força Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora