𝟎𝟐. 𝐃𝐞𝐯𝐨𝐭𝐢𝐨𝐧

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Quandol você olha para dentro do abismo, o abismo também olha para dentro de você

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Quandol você olha para dentro do abismo, o abismo também olha para dentro de você.

19 DE MARÇO|| SEXTA-FEIRA

Estou nos corredores do colégio, meus passos ecoando apressados no chão de mármore frio. O som dos sapatos ecoando contra o piso é a única coisa que consigo ouvir, abafando os murmúrios distantes dos alunos que passam por mim. Procuro desesperadamente a sala de aula de História, mas a cada passo que dou, parece que estou mais perdida. Uma camada de suor se forma na minha testa, e minha respiração está um pouco ofegante. A ansiedade cresce no meu peito como um monstro faminto. Como eu pude esquecer onde fica essa maldita sala? Por que minha memória me trai justamente agora? Eu devia considerar um upgrade cerebral urgente. Talvez a erva tenha sua parcela de culpa nesse esquecimento de merda, mas não estou disposta a admitir isso agora.

Olho ao redor, meus olhos passeando pelas placas de direção no corredor. O rosto tenso, os olhos fixos em cada letra. De repente, quase tropeço em meus próprios pés ao dar de cara com um homem parado no meio do caminho. Ele é alto, elegantemente vestido, seus cabelos, negros como a noite.  Há algo nele que me parece vagamente familiar, mas não consigo identificar de onde o conheço. Seus olhos — algo nos olhos dele... Será que já o vi antes? Talvez na secretaria, talvez em algum evento do colégio. Se ele está aqui, deve ser algum funcionário, porque aluno ele definitivamente não é. E, pela aparência, não pode ser alguém qualquer.

Decido me aproximar e pedir ajuda. Meu coração dispara ao tomar a decisão, mas não tenho escolha. Conforme me aproximo, noto mais detalhes. Ele é imponente, muito mais alto do que imaginei. O corpo, forte e bem definido, se destaca sob a camisa social branca, que está levemente desabotoada no colarinho. Meus olhos descem quase involuntariamente para seus braços, onde veias saltam da pele, traçando caminhos tortuosos ao longo dos músculos. Seus dedos são longos e grossos, adornados com alguns anéis de prata escura. Um calor inesperado sobe pelo meu rosto. Diane, para de encarar, isso é vergonhoso!

— Desculpe, sabe me dizer onde fica a sala de História? — pergunto, tentando soar casual, mas minha voz sai um pouco mais aguda do que eu gostaria. Espero que ele não perceba o leve tremor nas minhas palavras.

Ele me encara por um momento, seus olhos escuros se estreitando, e então solta uma risada curta. É um som rouco, quase debochado, que ressoa pelo corredor, me fazendo estremecer.

— Ah, Diane, Diane, Diane... Sua memória é um verdadeiro desastre — ele diz, com um sorriso que parece ter sido esculpido por algum artista antigo. Seus lábios se curvam de uma forma que é ao mesmo tempo afável e enigmática. Ele enfia as mãos nos bolsos da calça, inclinando a cabeça levemente, como se estivesse se divertindo com minha confusão. — Talvez seja hora de considerar alguns exercícios para o cérebro ou, quem sabe, uma consulta com um especialista?

𝐋Á𝐆𝐑𝐈𝐌𝐀𝐒 𝐃𝐄 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora