risk | rosamaria montibeller

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*risada maléfica*

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É um tanto estressante o jeito como Alice se sente, completamente impotente diante dos sentimentos que está experimentando. No momento, a maioria deles não estava a acalmando, e ela passou as mãos pelos lençóis macios da cama, tentando se tranquilizar.

Ela havia apagado a luz principal do quarto, sentindo que talvez menos iluminação direta ajudasse o ambiente a ficar um pouco mais confortável. E ajudou, um pouco, mas a inquietude dentro de si não deu trégua - era aquele sentimento de ansiedade que não a deixava se concentrar em nada. Nenhum e-mail, nenhuma série ou filme, ou algo no celular poderia lhe fazer relaxar naquele momento.

Alice se afundou mais na cama, sentindo o corpo pesar contra o colchão. A janela estava entreaberta e um leve vento frio soprava as cortinas. Alice conseguia ver as luzes da cidade tentando invadir o quarto, mas a noite estava calma até, sem sons irritantes como buzinas de carros.

Talvez ela devesse ligar para sua irmã, Helena, conversar por algumas horas, o suficiente para se distrair. Mas no dia seguinte Helena estaria muito ocupada na faculdade, e Alice não queria dormir tarde.

Algumas coisas ainda estavam em atraso, talvez Alice devesse pegar o notebook e reler os e-mails da agenda de amanhã, revisar os pontos das entrevistas e estudar mais sobre as possíveis estratégias da nova partida.

Ou talvez ela só devesse assistir a algum vídeo de duas horas no YouTube sobre um tópico qualquer, algo estúpido como teorias de Jogos Vorazes que na verdade faziam completo sentido. Na verdade, ela havia prometido a Helena que leria Carmilla para ajudá-la com a dissertação que a mais nova estava preparando para uma disciplina na faculdade.

Mas quando Alice respira fundo, tudo que consegue pensar são nos lábios tão perto dos seus e nos olhos verdes de Rosamaria. Talvez essa não fosse uma noite tão produtiva quanto Alice gostaria que fosse.

Alice sentiu seu coração disparar quando ouviu a campainha do quarto tocar. Não era um som estridente, mas uma leve onda de alerta passou por sua espinha da mesma forma, fazendo-a apertar o travesseiro sem nem perceber.

A ruiva se levantou, ajeitando a regata branca que usava para tampar a parte do estômago que estava à mostra. Ela respirou fundo enquanto andava até a porta, abrindo-a gentilmente.

Rosamaria estava apoiada com o ombro no batente. Ela chegava com uma leveza e despreocupação que Alice imediatamente invejou. A loira levantou os olhos verdes até encontrarem os castanhos de Alice e sorriu adoravelmente.

Alice sentiu o peso daquelas preocupações levantar de seus ombros quase totalmente, e elas pareciam que sempre foram bobas e fugazes desde o início. Ela conseguiu respirar melhor e também abriu um sorriso.

"Oi, espero não ter vindo muito tarde." Rosamaria começou, se ajeitando. "O treino hoje foi mais pesado por causa do jogo de amanhã."

Alice balançou a cabeça. "Estou feliz que tenha vindo de qualquer forma."

A postura da jogadora pareceu ficar mais alegre, e aos poucos Alice absorveu um pouco dessa energia para si mesma. Ela abriu mais a porta, convidando Rosamaria para entrar.

Rosamaria olhou ao redor do quarto com cuidado, querendo perceber mais coisas sobre Alice. A ruiva não costumava ser uma pessoa bagunceira; seu sistema de organização era infalível desde que o criou no ensino médio, por estar de saco cheio da bagunça de sua irmã mais nova.

Era simplesmente um quarto de hotel, mas Alice se pegou querendo que Rosamaria visitasse sua verdadeira casa, no Japão, o lugar que ela havia decorado com cuidado. Escolheu a iluminação certa, encheu as estantes com livros e pequenos souvenires trazidos de cada novo lugar que visitou, e as almofadas coloridas e estampadas do sofá davam mais alegria ao ambiente. Aquilo era a entrada para a personalidade de Alice, não esse quarto de hotel com paredes cor de creme e cortinas grossas.