risk | rosamaria montibeller

O Tempo Vai Me Ensinar

E se eu contar para vocês que esse foi o primeiro capítulo escrito da fic? Escrivi depois de discutir sobre "Soneto de Separação" do Vinícius de Moraes na aula.

Esqueci de avisar que o primeiro capítulo de THE BOLTER já estpa lançado!

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Dois dias depois, Alice está no Aeroporto Internacional. Quase duas semanas antes do planejado.

Já é a quinta vez que ela olha para as notificações do celular nos últimos minutos. Ela já havia se despedido de Guto, Victor, Carol e Anne na noite anterior.

Ela espera uma mensagem chegar. Mas, no fundo, sabe que não vai vir. Ela pensa em desistir de olhar, quem sabe assim será surpreendida.

Alice percebe que tudo isso é real quando o avião para Paris finalmente decola. E é nesse momento que ela percebe que ainda estava segurando a esperança de as coisas darem certo tão perto do peito. Ela não conversa com ninguém durante a viagem inteira, não pergunta para a senhorinha ao seu lado sobre a família dela ou o que ela estará fazendo na França. O sorriso que dá para a aeromoça é pequeno e sem graça, e ela escolhe não comer por enquanto.

Ela não quer estar aqui agora, mas, na verdade, não é isso. O problema é que Alice quer. Ela quer a promoção, quer conhecer mais do mundo, conhecer pessoas novas, falar sobre assuntos diferentes e reportar esses acontecimentos para a mídia. O problema é que Alice sempre quis isso, ela só não queria estar de coração partido durante o processo.

Alice pondera que seu coração não está partido, ele não está machucado. Ele continua batendo forte e forte, e esse é o problema. Ele quer sair de seu peito e correr atrás dela.

Mas ele não pode, não por agora, não por um tempo. Então, o futuro do coração de Alice é, na verdade, um grande talvez.

E isso dói.

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É domingo à noite quando Rosamaria começa a sentir a sua sanidade escapar. Nos últimos cinco dias, nada de bom parece ter acontecido em sua vida, e ela se sente apenas na queda livre de uma montanha-russa, mas sem a sensação bacana no estômago.

Rosa não consegue ver o fim desse sentimento, mesmo já tendo passado por isso outras vezes.

Não é a primeira vez que ela perde um jogo, mas perder essa última partida contra a Polônia, na disputa pelo terceiro lugar na VNL, é um baque para todas do time. Nos primeiros momentos depois do jogo, todas se reuniram com a equipe técnica para rever os momentos importantes e aprender com eles. Zé Roberto deu mais um de seus discursos sobre ensino e aprender com as nossas experiências, e logo depois Gabi já orientou o time a direcionar o foco e a frustração nos treinos das Olimpíadas, que agora vão ficar mais intensos.

Menos de dois meses para a temporada mais importante na vida de Rosamaria.

Então, sim, ela entende muito bem esse sentimento de derrota depois de um jogo. Ela já sabe processá-lo, sabe que precisa de um tempinho sozinha e que amanhã já será outra pessoa.

O que ela não está acostumada é com a derrota no seu coração.

Ela não sabe onde Alice está. Não sabe se ela ainda está voando por cima do Atlântico, ou se já está em solo francês. Não sabe se ela está cansada, ou com torcicolo depois do voo, se ela já fez alguma refeição mais forte, se está animada, se já fez amizade com todas as pessoas ao redor, como sempre faz com facilidade.