Capítulo 30

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Ela estava destruindo a vida de Draco, quebrando em pedaços o que ele havia construído com um esforço tão cansativo.

Ela estava destruindo o homem que amava.

Isso era tudo em que Hermione conseguia pensar, o único pensamento que girava em sua mente enquanto ela caminhava pelas ruas escaldantes de Florença até a casa deles.

A casa deles.

Ela tentou sair de lá, da casa deles.

Se houvesse alguma esperança de se livrar da maldição, a carta do Sr. Buryan a destruiu, condenando Hermione à morte. Num minuto, em anos, num segundo, isso não lhe cabia saber.

— Eu também poderia morrer daqui a dois segundos — Draco disse, procurando os olhos dela enquanto suas mãos apertavam seus ombros trêmulos.

Embora ela pudesse teoricamente ter concordado com sua afirmação, a realidade era muito mais complicada do que seu doce homem queria imaginar. Ele era um homem saudável e, sendo também um bruxo, sua expectativa de vida ultrapassa os cem anos.

Não Hermione.

Ela não tinha feito as contas para confirmar isso, mas era indubitável que o que ela tinha eram alguns anos, na melhor das hipóteses, pois a única coisa entre ela e a maldição mortal eram os restos do Cruciatus de Bellatrix.

Ela não podia condenar Draco a ficar ao seu lado, fazendo-o se apaixonar cada vez mais por ela a cada dia que passava, apenas para deixá-lo cedo demais. Isso o forçaria a renunciar a tudo o que merecia e esperar que o momento dela chegasse.

Tudo o que ele pudesse ter, tudo o que pudesse esperar por ele e lhe conceder a felicidade que merecia desapareceria.

E Draco merecia ser feliz. Não, ele tinha que estar feliz.

Não havia mais nada que Hermione desejasse, exceto que ele tivesse uma vida longa e alegre, cercado por seus amigos e sua família. Ela queria que ele tivesse ao seu lado uma mulher que o valorizasse e que um dia pudesse se tornar a mãe de seus filhos.

Seus filhos.

Sua mente cruel começou a atormentá-la com fantasias de um menino com cabelos platinados, olhos cinzentos e vivos, mãozinhas espalhadas no peito e bochechas rechonchudas que ela teria devorado com beijos.

Mas isso não era para ela.

Seria o destino de outra mulher ter esse tipo de amor nos braços.

Hermione não havia contado isso para Draco, pois era uma dor que ela queria carregar sozinha. O que ela disse foi que ele merecia aproveitar todas as oportunidades que a vida pudesse oferecer a um homem como ele.

— Eu não dou a mínima para oportunidades. Quero você .

Ela não deveria tê-lo ouvido.

Ela deveria ter arrumado suas coisas e ido embora.

O trabalho dela.

Florença.

Draco.

Teria sido um ato de puro amor deixá-lo viver sua vida sem ela.

Ela deveria tê-lo deixado depois da carta.

Ela deveria tê-lo deixado quando ele começou a negligenciar o sono para passar as noites rodeado de livros.

Ela deveria tê-lo deixado quando ele a embalou para dormir, sussurrando que ele não era nada sem ela.

Ela deveria ter feito isso.

Mas apesar da Casa que o Chapéu Seletor a classificou quando criança, Hermione Granger não era corajosa. Foi por isso que ela não conseguiu reunir coragem para deixar o único homem que fez seu coração explodir com um amor ilimitado.

A Dangerous Collection  | Tradução - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora