Oito anos.
Por oito anos, Draco conseguiu se manter fora das paredes escuras e de pedra de Azkaban. Ele se lembrava vividamente do dia em que o guarda o escoltou para fora, fazendo-o caminhar à sua frente vestindo o traje empoeirado para o qual foi arrastado depois da guerra.
Um menino.
Ele não era nada além de um garoto magricela cujos olhos estavam cheios de medo das noites frias e dos dias solitários que ele achava que não conseguiria esquecer.
Aquele menino não olhou por cima do ombro nem uma vez para o edifício monstruoso que derramou seu gelo cruel em seu sangue, prometendo a si mesmo nunca e sob nenhuma circunstância voltar.
Oito anos.
Oito anos depois, Draco estava diante da prisão, cujas portas altas e imponentes se erguiam diante dele. A tempestade eterna que assolou o mago e açoitou seu rosto foi muito menos cruel do que o silvo maligno que deslizou das fissuras da entrada para rastejar sob sua pele.
Ele não queria estar lá.
Ele odiava estar lá.
E ainda assim não havia outro lugar onde ele precisasse estar, não quando a vida de Hermione estava em jogo.
Para ela.
Só por ela.
Hermione.
Ela tentou ir com ele. Claro que ela tinha tentado.
A aconchegante cozinha dos Granger foi abalada pelos gritos estrondosos de Hermione, seus olhos arregalados e seus braços para o alto enquanto ela listava todos os motivos pelos quais aquela era uma visita que eles tinham que fazer juntos. Não demorou muito para que Draco percebesse a maneira como o cabelo dela começou a subir no topo da cabeça, quase como se seus cachos tivessem se transformado em um condutor para sua magia.
Seus gritos indignados ainda quebravam as paredes quando Draco ordenou – pediu – que Toppy o aparatasse em Azkaban.
Ele não tinha dúvidas de que Hermione certamente lhe daria o Inferno quando ele voltasse, mas Draco preferia ser o destinatário de sua ira lendária do que ser o homem que a arrastou para aquele maldito lugar.
— Eles estão me esperando? — Draco perguntou, seu olhar baixou para o elfo doméstico trêmulo que balançou violentamente a cabeça em resposta.
— Sim, Mestre Draco — ele respondeu, seus dentes batendo por causa do frio. — Eu acho que alguém virá em breve.
Cinco minutos depois, exasperado pela espera e magoado pelo vento frio, Draco sabia que estava infinitamente perto de perder o que lhe restava de paciência. Ele enfiou a mão no bolso da calça e estava pronto para anunciar sua presença aos guardas, mas felizmente as portas se abriram com um som agudo que a tempestade não foi capaz de abafar.
Ele não reconheceu o guarda que caminhava em sua direção com uma expressão entediada estampada em seu rosto e, apesar da voz insistente em sua mente instando-o a não dizer o que estava pensando sobre a espera, Draco teve mais do que suficiente.
Verdade seja dita, tinha sido um dia terrível e ele mal podia esperar que acabasse.
Em primeiro lugar, havia aquele maldito livro. Desde que receberam a notícia da invasão de Dolohov, Draco visitou secretamente a biblioteca da Mansão Malfoy, dedicando cuidado especial ao corredor onde os livros de magia negra estavam guardados. A ideia que Hermione certamente teria protestado nem sequer passou pela sua cabeça e, nesse assunto em particular, ele estava pronto e disposto a ignorar a opinião dela, pois sua bela amante tendia a ser extremamente crítica sempre que tentava salvar a vida dela.
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A Dangerous Collection | Tradução - Dramione
FanfictionOito anos após a derrota de Voldemort, Draco Malfoy deixou a Inglaterra para sempre. Ele se tornou um Pocionista e trabalha em uma Loja de Poções em Florença. Ele acha que o passado acabou, até que um dia uma famosa garota de cachos bagunçados e olh...