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O Hilton Giardini Naxos nos deu as boas-vindas com um grande vaso em forma de cabeça, que continha enormes lilases brancos e cor-de-rosa, seu perfume se espalhou pelo imponente hall ricamente ornamentado em dourado.

__ Que chique, amor.

Virei-me para Carlos com um sorriso.

__Meio Luís XVI, será que no quarto vai ter uma banheira vitoriana?

Caímos todos na gargalhada, porque, provavelmente, nós quatro tivemos a mesma sensação, o hotel não era tão luxuoso como deveria ser um hotel da rede Hilton, tinha muitas imperfeições que o meu olhar de especialista logo sacou.

__ O importante é que tenha uma cama confortável, vodca e tranquilidade.

Acrescentou Michał.

__ O resto não importa? Ah é, esqueci que esta é mais uma viagem patológica, sinto-me injustiçada por não ser alcoólatra como vocês.

Disse fazendo uma careta, fingindo estar azeda.

__Estou com fome, a última vez que comi ainda estava em Varsóvia, podemos nos apressar e ir jantar na cidade? Já estou sentindo o gosto da pizza e do vinho na boca.

__ Quem falou foi a não alcoólatra, viciada em vinho e champanhe ?

Disse Carlos em tom mordaz, me dando um abraço, com todos igualmente tomados pela fome intensa, desfizemos as malas excepcionalmente rápido e apenas quinze minutos depois já estávamos todos juntos no corredor entre nossos quartos. Infelizmente, tendo tão pouco tempo, não podia me arrumar de maneira adequada para sair, mas enquanto ia até o quarto, já vasculhava em minha mente o conteúdo da minha mala.

Meus pensamentos giravam em torno das coisas menos amassadas depois da viagem, acabei escolhendo um vestido comprido preto com uma cruz de metal nas costas, chinelos pretos, uma bolsa de couro desta mesma cor, com franjas, um relógio de ouro e grandes argolas douradas, na pressa, delineei os olhos com lápis, passei um pouco de rímel, complementando o que tinha sobrado depois da viagem, e passei um pouco de pó no rosto, já saindo, peguei um brilho labial dourado e passei nos lábios sem olhar no espelho.
Karolina e Michał me olharam espantados no corredor. Eles estavam exatamente com as mesmas roupas com que viajaram.

__ Soraya, me diga uma coisa, como é possível que você tenha tido tempo para trocar de roupa, se maquiar e parecer como se tivesse passado o dia todo se arrumando para sair?”

Sussurrou Karolina no caminho para o elevador.

__ Ué.

Encolhi os ombros.

__ Vocês têm talento para beber vodca e eu sou capaz de me vestir mentalmente o dia todo, para que eu consiga me arrumar nos quinze minutos que tiver.

__ Ok, deixem de sacanagem e vamos encher a cara.

Reclamou Carlos com firmeza, fomos os quatro pelo lobby do hotel rumo à saída, Giardini Naxos era linda e pitoresca à noite, as ruazinhas estreitas vibravam com vivacidade e música, havia gente jovem e mães com crianças, somente à noite a Sicília começava a viver, porque durante o dia o calor era infernal, chegamos ao porto, a parte da cidade que ficava mais cheia de pessoas aquela hora, ao longo do calçadão, enfileiravam-se dezenas de restaurantes, bares e cafés.

__ Daqui a pouco vou morrer de fome, vou cair no chão e não levanto mais.

Disse Karolina.

__ O que está acabando comigo é a falta de álcool no sangue, olhem só aquele lugar, vai ser ideal para nós.

Michał apontou para um restaurante na praia, Tortuga era um restaurante elegante, com poltronas, sofás brancos e mesas de vidro, por toda a parte, havia velas acesas e o teto era enorme, com toldos feitos de lona para velas de embarcações, que ondulavam ao vento e davam a sensação de que todo o restaurante se elevava no ar.

365 Dias | Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora