12°

343 35 29
                                    

Simone estava agarrada em mim, eu estava enlouquecendo.

__ Senti seu perfume desde quando você estava na entrada da casa, queria tirá-lo de você, lambendo seu corpo.

Ela começou a apertar meus ombros com certa força.

__ Só existe um lugar em seu corpo onde não dá para senti-lo e é onde eu mais gostaria de estar agora.

Ela interrompeu seu discurso e começou a beijar meu pescoço lentamente, não me opus, apenas inclinei a cabeça para o lado para que ficasse mais fácil pra ela, sua mão escorreu devagar para meu decote, para um pouco depois pressionar meus seios me fazendo gemer.

__ Você sabe que me deseja Soraya.

Senti suas mãos e boca se afastarem me deixando frustrada.

__ Lembre-se que o jogo é meu, então sou eu quem estabeleço as regras.

Ela beijou meu rosto e se afastou, sentando logo em seguida, seu sorriso me dizia exatamente que ela sabia que tinha me ganhado, finjo que toda essa situação não tinha me abalado e pego minha taça para ingerir o líquido, Simone tinha um sorriso travesso no rosto e isso me deixava irritada, eu tinha um objetivo essa noite e ela simplesmente virou o jogo. Não demorou para que o jantar fosse servido e comemos no mais absoluto silêncio, vez ou outra sentia o olhar dela me queimar, porém ignorava totalmente, ela já estava me causando confusão demais, para não deixar a noite ainda mais chata, resolvi puxar assunto.

__ Cosa nostra.

Simone me olhou rapidamente lançando um olhar de advertência.

__ Pelo que eu sei não existe, não é verdade ?

Ela suavizou o olhar e começou a rir.

__ E o que mais você sabe pequena ?

Seu apelido causa uma estranha coisa em meu peito, giro meu dedo na taça e olho pra ela.

__ Ora, o poderoso chefão, todas aquelas coisas que eles fazem, e me pergunto o que daquilo é verdade em relação a vocês.

__ A nós ?

Ela me pergunta admirada e sorrindo ainda.

__ Em relação a mim não há nada disso, quanto ao resto não faço ideia.

Ela estava me sacaneando, tenho certeza, sentia isso pelo seu olhar brincalhão, então resolvo ser direta.

__ No que você trabalha ?

__ Faço negócios.

__ Simone, você espera que eu a obedeça durante um ano e que me declare a você nesse prazo, não acha que eu ao menos deva saber onde estou me metendo ?

Seu semblante fica sério e automaticamente me arrependo de ter tocado no assunto.

__ Você tem todo o direito de saber, mas somente quando for necessário.

Ela suspira e eu vou contestar porém ela continua.

__ Quando meus pais morreram, eu me tornei chefe da família, por isso as pessoas me chamam de Domme ou Don que é o mesmo que chamar de senhora, tenho algumas empresas, restaurantes e hotéis, tudo isso faz parte de um negócio maior, se você quiser uma descrição maior, vai tê-la, mas eu creio que um conhecimento detalhado seria desnecessário e perigoso.

Ela suspira novamente com seu olhar ainda mais sério.

__ Quer saber se eu tenho um consigliere? Sim eu tenho, em relação às perguntas óbvias, se eu possuo uma arma, se sou perigosa e se resolvo meus problemas sozinha, você já sabe todas as respostas pelo que aconteceu naquela noite, caso tenha algo a mais que queira saber, pergunte.

Na minha cabeça surgiram milhares de perguntas, mas por hora estava ótimo, já fazia algum tempo que a situação estava clara, Simone era a pessoa mais perigosa que eu já tinha conhecido.

__ Quando vai me devolver meu telefone e computador?

Ela se virou calmamente na cadeira e cruzou as pernas.

__ Quando você quiser pequena, mas precisamos combinar o que irá dizer as pessoas com quem entrar em contato.

Inalei o ar para dizer algo porém ela levantou a mão não permitindo que eu continuasse.

__ Antes que você me interrompa, vou lhe dizer como vai ser, você vai ligar para seus pais e se caso realmente for necessário, poderá pegar um avião e ir até a Polônia.

Suas palavras fizeram meus olhos brilharem e a alegria estampou em meu rosto.

__ Você vai dizer a eles que recebeu uma proposta muito lucrativa de trabalho em um hotel na Sicilia e que tem a intenção de aproveitar a oportunidade, e isso inclui um ano de experiência, graças a isso não irá precisar mentir para as pessoas quando quiser falar com elas. Todas as suas coisas foram retiradas do apartamento de Carlos antes mesmo dele voltar para Varsóvia e amanhã já deverão estar aqui na ilha, dou o assunto com esse sujeito como encerrado, não quero que você ainda tenha alguma coisa haver com ele.

Olhei pra ela arqueando a sobrancelha.

__ Se não me fiz clara, posso especificar, eu proíbo que você tenha qualquer tipo de contato com ele, algo mais ?

Por um momento fico em silêncio, ela pensou em tudo com perfeição, tudo muito bem planejado.

__ Não, mas e se eu precisar visitar minha família ?

Simone franziu a testa.

__ Ora, então eu vou conhecer de perto seu lindo país.

Ela deu risada bebendo mais um gole de seu vinho, já estou até vendo as notícias: chefe de uma família mafiosa aparece em Varsóvia.

__ Eu tenho o direito de não concordar com você ?

Perguntei cautelosa.

__ Infelizmente isso não é uma proposta, apenas a descrição de uma situação que vai acontecer.

Ela se inclina em minha direção me queimando com os olhos.

__ Soraya, você é tão esperta, será que ainda não percebeu que eu consigo tudo o que eu quero ?

Estremeci lembrando os acontecimentos do dia, mas como duas podiam jogar esse jogo, resolvi provocar.

__ Pelo que eu saiba, Domme Simone, nem sempre.

Mordisquei o lábio e desci meu olhar para renda do meu corpo, seus olhos acompanham os meus e isso me fez sorrir largamente, levantei da poltrona, retirei meus sapatos e praticamente corri até o jardim, Simone apenas me observava, a grama estava umida e o ar tinha gosto de sal, segui até a espreguiçadeira e apenas fiquei contemplando a noite, não faço ideia de quanto tempo tenha passado até que senti sua presença ao meu lado.

__ Você se sente bem aqui não é?

De fato ela tinha razão aquele canto me trazia a paz e conforto que eu tanto necessitava.

__ Aos poucos estão me acostumando, já que não tenho saída.

Retruquei sorrindo e bebendo um longo gole da bebida na taça, Simone a arrancou da minha mão a jogando na grama, puxou meus pés e me deixou deitada sobre as almofadas brancas, minha respiração acelerou por que eu sabia que poderia esperar qualquer coisa, ela passou suas pernas sobre mim e de novo estávamos deitadas como na manhã daquele dia, a diferença era que antes eu tinha medo e nesse momento as únicas coisas que eu sentia era curiosidade e excitação, talvez fosse culpa da bebida ou talvez eu tenha aceitado que sinto um tesão descomunal por essa mulher, Simone deixou as mãos ao lado da minha cabeça e se inclinou ainda mais sobre mim.

__ Eu gostaria..

Ela começou sussurrando, roçando seus lábios nos meus.

__ Gostaria do que ?

Digo no mesmo tom de voz que o seu.

__ Que me ensinasse a ser delicada com você.

Meu coração errou uma batida e fiquei paralisada, uma mulher tão forte, perigosa e poderosa como ela estava me pedindo permissão, afeto e amor.

Continua...

365 Dias | Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora