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Como ela sabia o meu nome? Será que estava escutando nossas conversas? Ela não poderia estar tão perto, eu a teria visto, eu a teria pressentido, Karolina me pegou pela mão.

__ Vamos, porque você vai demorar a vida inteira para entrar nesse toalete e a gente vai ficar aqui para sempre.

Quando voltamos para a mesa, no tampo de vidro havia outra garrafa de Moët.

__ Não acredito, amor, estou vendo que esse aniversário é um luxo só!

Falei rindo.

__ Pensei que você tinha pedido.

Disse Carlos admirado.

__ Eu já paguei a conta e queríamos ir embora.

Fiquei olhando ao redor do clube, eu sabia que a garrafa não estava ali por acaso, e que ela ainda estava observando.

__ Deve ser um presente do restaurante, depois daquele coral cantando parabéns daquele jeito, acho que não poderiam agir de outra forma.

Karolina começou a rir.

__ Mas já que está aqui, vamos beber.

Até o final da garrafa eu estava bem agitada no sofá, imaginando quem seria aquela mulher vestida de negro, por que ela olhava para mim daquele jeito e como ficou sabendo o meu nome, passamos o restante da noite peregrinando de clube em clube.

Procurei na bolsinha de cosméticos os analgésicos, tomei três e voltei para baixo do edredom, quando acordei subitamente algumas horas mais tarde, Carlos não estava ao meu lado, a dor de cabeça havia passado e, pela janela aberta, entrava o barulho da algazarra de gente se divertindo na piscina, estou de férias, então preciso me levantar e me bronzear, levada por esse pensamento, tomei uma ducha rápida, vesti meu biquíni e depois de meia hora estava pronta para tomar sol, Michał e Karolina bebericavam uma garrafa de vinho gelado, deitados perto da piscina.

__ Remédio.

Disse Michal estendendo uma taça de plástico para mim.

__ Desculpe, é de plástico, mas você sabe como é o regulamento.

O vinho estava delicioso, gelado, a taça, suada, então entornei tudo de uma vez.

__ Vocês viram o Carlos? Acordei e ele não estava no quarto.

__ Ele está trabalhando no lobby do hotel, no quarto a internet estava muito ruim.

Esclareceu Karolina, é claro, o computador é o melhor amigo e o trabalho a melhor amante, pensei, deitando-me na espreguiçadeira. Passei o restante do dia sem Carlos, na companhia daqueles noivos que ficavam o tempo todo se amassando, de tempos em tempos, Michał interrompia o prelúdio amoroso para exclamar, mas que peitinhos aquela ali tem.

__ Quem sabe possamos almoçar juntos?

Perguntou Michał.

__ Vou atrás do Carlos, que férias são essas se ele continua sentado com os olhos fixos no computador?

Levantou-se da espreguiçadeira, vestiu uma camiseta e foi até a entrada do hotel.

__ Às vezes fico de saco cheio disso.

Falei para Karolina, que me olhava com os olhos bem arregalados.

__ Nunca vou ser o mais importante, o trabalho é mais importante que os amigos, que os prazeres, tenho a impressão de que ele está comigo porque não tem nada melhor para fazer, e assim é bem confortável para ele. É um pouco que nem ter um cachorro, quando você quer, faz um carinho nele, quando tem vontade, brinca com ele, mas quando não está a fim da companhia dele, simplesmente o enxota, porque afinal é ele que pertence a você e não você a ele. Carlos fala com mais frequência com os amigos dele no Facebook do que comigo em casa, isso sem falar da cama.

365 Dias | Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora