Capítulo 7

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Narrador | Point of view

Já era tarde da noite, e a cidade estava envolta em uma tempestade inesperada. A maioria dos funcionários já haviam ido embora para suas casas, mas Kara ainda se encontrava imersa em relatórios e artigos, digitando freneticamente quando seus ouvidos identificaram passos conhecidos, e logo uma batida suave foi deixada na porta.

— Entre! — Kara exclamou, já sabendo de quem se tratava.

Ao ouvir a voz de Kara, Cat logo entrou na sala, secando as mãos das gotas de água. A energia entre elas era palpável, mas ambas se esforçavam para manter as aparências.

— Estou atrapalhando? — Cat perguntou com um leve sorriso.

— De forma alguma! — Kara retribuiu.

— Eu vi a luz acesa e resolvi checar. Você não deveria ter ido embora há duas horas? — Cat lançou um olhar de repreensão.

— Ah, sim... eu estava só terminando este artigo. E você? Pensei que não fosse voltar ao escritório hoje — Kara ajeitou os óculos, desligando o notebook.

Cat se aproximou, sentando-se na beirada da mesa. — Reuniões intermináveis, como sempre, e eu esqueci a chave do meu carro em minha sala. Mas não é para falar sobre isso que estou aqui — ela fez uma pausa, olhando diretamente nos olhos azuis de Kara. — Eu só queria agradecer por todo o trabalho que você tem feito. A CatCo não seria a mesma sem você. Aquela pauta que você fez, estava simplesmente… espetacular. Uma completa obra de arte do jornalismo.

Kara sorriu, grata pelo reconhecimento que lhe aquecia o coração. — Obrigada, Cat. Você sabe que eu sempre tento entregar o meu melhor.

— Sim, eu sei, Kara. Você sempre se supera! — Cat desviou o olhar, como se quisesse dizer algo mais, mas hesitou.

— Está tudo bem? — Kara tocou sutilmente a mão da chefe, preocupada.

— Sim, claro! — a CEO balançou a cabeça, como se estivesse saindo de uma viagem inesperada. — É só… cansaço, eu acho. E essa tempestade lá fora me faz querer estar em casa, aconchegada em minha cama quentinha.

— Ah! Eu entendo perfeitamente — Kara sorriu diante do comentário descontraído. — A chuva também me transmite essa sensação.

— Bom… então vamos? — Cat levantou. — Não quero prender você aqui. Podem pensar que estou te escravizando — brincou.

— Bem, digamos que… eu goste de servir aos caprichos da minha chefe. Seus desejos são importantes para mim — Kara disse, sem se atentar no duplo sentido que sua frase adquiriu, e isso a fez corar imediatamente.

Cat a olhou profundamente, suas barreiras emocionais começando a ceder diante do comentário involuntário. — Você sempre diz isso, mas às vezes, me pergunto se você realmente sabe o que isso significa para mim, Kara.

— Eu acho que sei... pelo menos, espero que sim — Kara abaixou a cabeça, envergonhada com a forma que suas palavras pareciam ter vida própria, ao mesmo tempo que tentava esconder sua própria vulnerabilidade.

— Se você me dissesse exatamente a que se refere, eu responderia claramente — Cat se aproximou, inclinando a cabeça para observar os olhos azuis cativantes à sua frente.

O silêncio entre elas é carregado de tensão, mas também de uma compreensão silenciosa. As palavras não ditas pareciam flutuar no ar, até que um trovão forte quebrou o momento.

Kara levou as mãos aos ouvidos com uma expressão de dor, olhando para cima com certo desespero. — A tempestade parece estar piorando. Eu posso te levar para casa, se quiser. Não seria... seguro dirigir sozinha.

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