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** Min Yoongi**

No caminho de volta para casa, minha mente não para de girar. Tudo o que era para ser uma missão simples — capturar Song Kang-ho e trazê-lo de volta à Coreia — virou uma confusão que agora envolve muito mais do que eu estava preparado para lidar. E o maior problema? Safira, sentada ao meu lado, envolta em um mundo de incertezas, completamente alheia ao risco que corre.

Como vou explicar a presença dela a Seokjin e Namjoon? Eles não podem saber que era ela na cena do bar. Se eles souberem, ela será executada sem maiores explicações, apenas mais uma testemunha a ser eliminada. As regras são claras: ninguém que veja demais fica vivo para contar a história. E eu sei que mentir para eles não é uma opção — minha lealdade à organização sempre esteve acima de tudo.

Minha cabeça está fervendo, e cada pensamento parece mais desesperado que o outro. Eu nunca me permiti falhar, nunca hesitei em seguir as ordens. Mas agora, tudo está caindo nesse fodido mundo, como se cada decisão minha estivesse prestes a explodir em uma cascata de consequências que não consigo controlar.

Olho para ela rapidamente, tentando manter meu rosto impassível. Ela não sabe o que está em jogo, não entende a complexidade da situação em que se meteu. E eu não sei como protegê-la sem trair os princípios que sempre me guiaram. Seokjin e Namjoon são mais do que líderes para mim — são família. E a lealdade à família nunca foi algo negociável.

Mas aqui estou eu, preso entre o dever e algo que não consigo explicar. Aqueles olhos que me seguiram por dez anos, aquele sentimento de pertencimento que senti ao reencontrá-la... nada disso faz sentido no meu mundo. Nada disso tem espaço na vida que escolhi viver. Mas não consigo simplesmente ignorar. Não consigo simplesmente deixá-la para o abate.

Cada quilômetro que nos aproxima do aeroporto clandestino só aumenta o peso em meus ombros. Preciso encontrar uma maneira de explicar sua presença, de mantê-la segura, sem comprometer minha lealdade à organização. Uma parte de mim sabe que estou jogando com fogo, que estou arriscando mais do que deveria. Mas outra parte, aquela que sempre buscou algo além das ordens, me diz que fiz a escolha certa.

O avião está pronto, o caminho traçado, e a decisão de trazê-la comigo foi feita. Agora, resta saber como vou lidar com o que vem a seguir. Porque uma coisa é certa: as cartas estão na mesa, e a jogada que farei a seguir determinará não só o futuro dela, mas o meu também. E nesse jogo, ninguém pode se dar ao luxo de errar.

Porque tudo, absolutamente tudo, está à beira de desmoronar. E sou eu quem precisa manter as peças unidas, mesmo quando tudo dentro de mim está em completa desordem.

Sentado no avião ao lado de Safira, olho pela janela enquanto o cenário do aeroporto vai ficando para trás. O avião ainda está na pista, esperando a autorização para decolar, e o silêncio entre nós é carregado. Posso sentir o peso das perguntas dela, perguntas que eu também não sei como responder. Não agora, pelo menos.

— Você fala coreano? — pergunto, quebrando o silêncio. Minha voz soa mais calma do que eu realmente estou me sentindo.

Ela parece surpresa pela pergunta, mas responde com um aceno de cabeça.

— Um pouco. Cresci no Japão e tinha coreanos na escola que eu estudava então às vezes conversávamos, mas faz anos que não uso o idioma.

Enquanto ela fala, penso em como as coisas poderiam ter sido diferentes se tivéssemos nos encontrado em outras circunstâncias. As palavras dela me fazem lembrar o tempo que passei aprendendo idiomas, cada língua uma nova ferramenta, uma nova maneira de lidar com o mundo. Falar português, espanhol, inglês, alemão, francês e claro, coreano — tudo fazia parte de ser um fantasma, alguém que se move entre as sombras sem ser notado.

Set Me FreeOnde histórias criam vida. Descubra agora