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**Safira**

Eu estava sentada no sofá, olhando pela janela, enquanto a luz do fim da tarde pintava o céu de tons alaranjados e rosados. O silêncio no chalé parecia mais pesado desde que Yoongi havia partido. Era como se cada minuto passasse mais devagar, e, com ele, a minha ansiedade só crescia. Não conseguia tirar da cabeça o peso da situação. Yoongi estava sempre tão calmo, tão controlado, mas algo me dizia que até ele estava sendo consumido por tudo isso.

Jimin havia retornado, e isso deveria me trazer algum conforto. Ele sempre parecia saber o que fazer, sempre com aquele sorriso calmo que fazia parecer que o mundo não estava desmoronando ao nosso redor. Mas não era a mesma coisa. Yoongi tinha partido, e, para piorar, ele foi embora sem dizer quando voltaria. A ausência de uma data, uma certeza, me deixava mais perdida do que eu queria admitir. Cada vez que eu tentava afastar a preocupação, a sensação de abandono voltava com ainda mais força.

Eu confiava em Jimin, é claro. Mas ele não era Yoongi.

Levantei-me do sofá, incapaz de continuar sentada. Minha mente estava inquieta, e o chalé, tão quieto, parecia estar me sufocando. Caminhei até a cozinha, tentando ocupar minha cabeça com qualquer tarefa mundana — talvez preparar chá, ou lavar as louças. Qualquer coisa para não pensar em quanto tempo mais eu teria que esperar, em quanto tempo mais ficaria no escuro sobre o que realmente estava acontecendo.

Jimin estava lá fora, arrumando alguma coisa no carro, e a simples visão dele através da janela me fez respirar um pouco mais fundo. Eu sabia que ele estava aqui por mim, para me proteger, para garantir que eu ficasse segura. Mas a sensação de vulnerabilidade não me abandonava. Como se tudo ao meu redor pudesse ruir a qualquer momento.

O barulho da porta se abrindo trouxe Jimin de volta para dentro. Ele me olhou, percebendo o estado em que eu estava, e suspirou antes de falar:

— Sei que não está fácil, Safira — ele disse com aquela calma habitual. — Mas Yoongi está fazendo o que precisa ser feito. Ele voltará quando tudo estiver resolvido.

Eu queria acreditar, queria realmente me agarrar à tranquilidade que ele parecia transmitir. Mas Yoongi sair assim, sem sequer me dar uma previsão de retorno, só fazia tudo parecer mais incerto. O que ele estava enfrentando em Seul? O que era tão grave que ele não podia sequer prometer uma volta em breve?

— Eu confio em você, Jimin — respondi, tentando manter a voz firme. — Mas é difícil quando parece que estou à deriva, sem saber o que vai acontecer.

Ele assentiu, compreendendo. — Eu sei. Mas estamos fazendo isso pelo seu bem. E quando Yoongi voltar, as coisas vão começar a fazer sentido de novo. Só precisamos ser pacientes.

Pacientes. A palavra soava como um desafio, algo que eu não sabia se conseguia mais ser. Mas, ao mesmo tempo, não havia alternativa. Eu teria que esperar. Eu teria que acreditar que Yoongi voltaria, que Jimin estava certo.

A noite começou a cair, e o chalé, embora seguro, ainda parecia pequeno demais para todos os pensamentos que se agitavam em minha mente. Olhei para a porta, imaginando quando Yoongi passaria por ela novamente. Até lá, tudo o que eu podia fazer era continuar esperando e confiar que, de alguma forma, as peças desse quebra-cabeça se encaixariam.

— Eu lembrei de uma coisa — falei de repente, a memória surgindo do nada, como se sempre tivesse estado lá, esperando para ser lembrada. — Quando eu era criança... no Japão... Eu acho que já vi Yoongi antes.

Jimin ficou em silêncio por um momento, o rosto ainda calmo, mas seus olhos mostravam um leve interesse.

— No Japão? — ele perguntou, como se estivesse tentando confirmar a estranheza da situação. — Você o viu lá?

Set Me FreeOnde histórias criam vida. Descubra agora