5

20 8 0
                                    

** Min Yoongi**

Estou de volta ao bar, mas dessa vez é diferente. Não estou mais à caça de Song Kang-ho — agora, procuro respostas sobre a garota que viu mais do que devia. Preciso saber quem ela é, o que exatamente ela viu, e como lidar com isso antes que se torne um problema maior.

O lugar está vazio e silencioso, uma casca do que era na noite passada. A agitação e a música foram substituídas pelo eco dos meus passos no chão. O barman está limpando o balcão, lançando olhares desconfiados na minha direção, mas não diz nada. Não preciso que ele fale — só preciso que ele aponte na direção certa.

Eu me aproximo, mantendo a expressão neutra, e deslizo um maço de notas para o lado. Dinheiro sempre abre portas, e hoje não é diferente. Ele olha para o dinheiro e depois para mim, como se pesasse o risco, mas eu mantenho meu olhar firme. Ele pega o dinheiro e, depois de um instante de hesitação, murmura algo sobre os estudantes que estiveram aqui na noite passada. São pistas, pedaços de um quebra-cabeça que eu preciso montar rápido.

Enquanto ele fala, minha mente volta àquela noite. A garota que eu vi — ou melhor, que me viu. Não consegui pegar um bom vislumbre dela no escuro, mas alguma coisa nela parecia inquieta, como se eu a conhecesse de algum lugar. Mesmo sem ter visto seu rosto, há algo nela que não sai da minha cabeça. A ironia é que, embora eu não tenha visto o rosto dela claramente, há algo nela que não me deixa em paz. Como uma memória à deriva, uma sensação de que, de alguma forma, nossos caminhos já se cruzaram antes. Eu ignoro essa sensação, porque não tenho tempo para distrações sentimentais. Mas ela está lá, persistente, cutucando o canto da minha mente.

Se há uma coisa que aprendi nesses anos de perseguição é que o instinto raramente falha. E meu instinto está me dizendo que essa garota é mais do que apenas uma testemunha azarada. Há algo mais, algo que ainda não consegui identificar.

Saio do bar com a informação em mãos e a lista de escolas que os estudantes frequentam. Pedi aos meus soldados para rastrear de onde eram os alunos que participaram da festa, eliminando opções até que cheguemos àquela que pode ter o que precisamos. Não é o plano mais limpo ou direto, mas vai funcionar. Sempre funciona.

Enquanto me dirijo para o carro, o desconforto permanece, uma pontada de algo que não consigo ignorar. Eu deveria estar pensando apenas na missão, na tarefa de tirar essa testemunha do caminho. Mas uma parte de mim, aquela que não consigo desligar, continua perguntando quem ela é. Por que essa sensação de déjà vu?

Balanço a cabeça, focando no presente. Primeiro, encontro a garota. Depois, descubro o que ela viu. E então, decido o que fazer a seguir. Porque se há algo que não posso permitir, é uma variável fora do meu controle. E ela, por algum motivo, é exatamente isso. Uma variável que precisa ser resolvida antes que o tempo se esgote.

** Safira**

Tento seguir com minha rotina da semana, mas tudo parece um pouco fora do lugar. Grazi, que geralmente é minha companhia constante, decidiu tirar o resto da semana de folga e viajar para a casa da avó no interior de São Paulo. Ela pode se dar ao luxo de escapar um pouco; o pai dela banca sua mensalidade, e uma pausa para respirar não vai comprometer seus resultados. Já eu, por outro lado, não tenho essa opção. Preciso mostrar resultados constantemente. Cada passo, cada movimento meu é uma prova de que mereço estar onde estou.

Decido que vou passar o final de semana na escola, ensaiando como sempre faço. Gosto de fazer isso à noite, quando as salas ficam vazias e a tranquilidade me permite focar melhor. Há algo de reconfortante no silêncio do prédio, nas luzes suaves que iluminam o estúdio, como se o mundo lá fora ficasse em pausa por algumas horas.

Set Me FreeOnde histórias criam vida. Descubra agora