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Jennie kim

— Jennie e Taehyung, desçam aqui! — escuto a voz grave do meu pai no andar de baixo.

Taehyung me olha com uma expressão assustada, e eu retribuo, abrindo a porta para sairmos.

— Não me diga que você fez alguma coisa, Tae — sussurro para o meu irmão enquanto descemos as escadas.

Papai estava mexendo na gravata enquanto falava com alguém ao telefone, e minha mãe estava sentada no sofá, de braços cruzados, com um olhar sério.

— Sim, sim, estarei aí o mais rápido possível, Jeon! — diz meu pai com cara de zangado, bufando e apertando a testa com os dedos, com raiva.

Eu e Tae nos sentamos de cabeça baixa no sofá à frente de nossa mãe, esperando o pior que poderia vir.

— Queremos conversar algo sério com vocês — fala mamãe enquanto papai guarda o celular e se senta ao lado dela, nos olhando com o olhar duro e sério de sempre.

Levantamos nossas cabeças, trocando olhares de canto, assustados.

— Vamos fazer uma viagem de negócios — diz meu pai, agora tirando a gravata completamente, deixando eu e Tae confusos.

— Viajar? Teremos que ir junto? — pergunta Taehyung.

— Não, vocês dois ficarão aqui. Afinal, vocês têm aula, e nós partiremos amanhã bem cedo, só voltaremos em duas semanas — papai fala enquanto se levanta e vai até o estoque de whisky, pegando um copo e bebendo tudo de uma só vez.

— Você também vai, mãe? — pergunto.

— Sim, meu bem, afinal, sou a estilista principal, né? — diz sorrindo para mim. Concordo com a cabeça, vendo meu pai voltar com o copo ainda mais cheio.

— Não pense que, só porque não estou aqui, você podem fazer o que quiser. Não quero festas, adolescentes, bebidas, drogas, e muito menos a porcaria de algum homem na minha casa. Entendeu, Kim Taehyung? — diz Kim Hyunwoo, referindo-se ao garoto ao meu lado, olhando-o com nojo. Tae abaixa a cabeça, concordando. Papai sai da sala para seu escritório, e Tae sai para seu quarto. Corro atrás dele.

— Taehyung! — digo, entrando em seu quarto.

Taehyung sempre foi mais corajoso que eu, mais forte, mais seguro de si. Quando pequenos, ele era meu guarda-costas, me defendia das outras crianças, era meu amigo quando eu não tinha nenhum. Ele sempre foi meu porto seguro. Quando estou triste ou só quero chorar, sei que ele vai me entender, vai me abraçar e me apoiar no que for preciso. Sua coragem também fez com que ele se assumisse gay para nossos pais. Esse foi seu único "erro".

Mamãe não disse nada, só o olhou com pena e abaixou a cabeça. Papai surtou, xingou Taehyung de tudo quanto é nome. Eu lembro de ver tudo da escada e chorar por ele, pois ele não merecia nada daquilo: os xingamentos, os tapas, o olhar de nojo... O olhar era o que mais doía.

Taehyung sempre foi o "favorito" do papai. Afinal, ele era homem. Papai fazia tudo com ele: levava para jogar futebol, brincava, ensinava artes marciais. Nas palavras do meu pai, ele ensinava "coisas de homem". E quando descobriu que Taehyung "não era um homem" na cabeça dele, ele o excluiu de tudo, tratou-o como apenas um morador da casa, não mais como seu filho. Nunca mais ouvi ele se referir a Taehyung como "filho". Sempre sendo rude, vive dizendo coisas extremamente homofóbicas para o meu irmão, e sempre o trata como um delinquente. Mas Taehyung é o ser humano mais bom, puro e honesto que eu conheço. Ele não consegue matar uma barata, quem dirá ser tudo o que meu pai joga na cara dele. Eu me odeio por não conseguir proteger Tae como ele me protege, não conseguir reagir, fazer algo. Eu só queria que papai entendesse que Taehyung não é um pecador, mas sim um anjo que me salva todos os dias.

entre bolas de vôlei e pom pons de líder de torcidaOnde histórias criam vida. Descubra agora