Park Roseanne
Estava em frente ao espelho sem minha camisa, só de top, tentando ver os arranhões nas minhas costas. Passei a mão pela área machucada e me arrependi no minuto seguinte, sentindo uma queimação absurda. Escuto a porta atrás de mim sendo aberta.
— Nossa, criança, isso está feio — diz meu avô, olhando para as minhas costas. Olho para ele pelo reflexo do espelho. — Não deixe sua avó ver isso, senão ela vai surtar — ele ri, mas a preocupação era nítida em seu rosto.
Quando meus avós saíram da diretoria, entramos no carro, e minha avó disse que eu poderia faltar à escola amanhã. O silêncio no carro foi horrível, eu me sentia péssima. Meu avô me olhava pelo retrovisor a cada dois minutos e sempre dava um sorriso acolhedor. Quando chegamos, fui a primeira a sair do carro e correr para o meu quarto para tomar banho.
— Quer ajuda para passar a pomada? — diz meu avô, já com o frasco na mão. Concordo com a cabeça e vejo ele espalhar o produto pelas minhas costas, me causando uma queimação horrível.
— Desculpa, criança, mas é para o seu bem — ele diz, sorrindo, me fazendo sorrir de volta, embora de leve.
— Obrigada, vovô — digo quando ele termina. Coloco minha camisa e me viro para ele, que me olha sério, mas com uma pitada de preocupação.
— Filha... — Droga, só me chamam de filha quando o papo é sério, e eu odeio essas conversas.
Claro que eu sabia que eles iam perguntar algo, afinal, nenhum dos dois sabia que Jennie namorava, e agora provavelmente já sabem que ela é hetero. Imagina descobrir que sua neta está sofrendo sozinha por uma garota que já tem alguém?
— Eu e sua avó precisamos conversar com você — concordo com a cabeça e desço as escadas com meu avô, vendo Heyrin já sentada à mesa com a cabeça baixa. Ela levanta a cabeça ao ver a gente chegar à cozinha. Sento na cadeira em frente a ela, e Louis se senta ao seu lado.
— O que vocês querem...? — minha avó interrompe minha fala.
— Por que não nos contou que ela namorava? — minha avó pergunta, me olhando seriamente, o que me faz abaixar a cabeça. Eu não gosto de mentir para eles.
— Eu não sei... — e realmente não sabia. Eu só não queria preocupá-los com meus sentimentos bobos de adolescente.
— Filha, a gente não vai brigar com você. Só queremos saber por que você gosta dessa garota se ela namora — meu avô pergunta, e eu fico um tempo olhando para ele sem saber o que responder.
Por quê? Por que eu gosto da Jennie Kim, se ela já tem o Kai como namorado?
Talvez seja porque o jeito que ela sorri me encanta. Talvez seja a forma como as bochechas dela são as mais fofas do mundo. Ou como os olhos dela brilham quando fala sobre artes. Ou o jeito que ela é ótima sendo capitã das líderes de torcida. Ou como ela é inteligente em tudo o que faz. Talvez eu só seja idiota...
Nem percebo quando começo a chorar, apenas abaixo a cabeça na mesa, soluçando como uma criança.
— Oh, minha filha, não chore. Não é sua culpa, meu amor — as palavras da minha avó me afetam mais do que deveriam. Sinto ela me abraçar e me erguer, jogando-me em seus braços. Ela faz carinho no meu cabelo, e vejo meu avô segurar minha mão, olhando para mim com pena.
— É minha culpa sim, vovó. Se eu não fosse idiota, não teria me apaixonado por ela — digo já sentindo o choro virar um soluço alto.
— Oh, criança, você não escolhe por quem se apaixona. Não é sua culpa. Você tem que seguir o que seu coração pede, mesmo que doa. Estaremos sempre ao seu lado, meu bem. Sempre estaremos aqui para você — ele se levanta e me abraça junto com minha avó.
VOCÊ ESTÁ LENDO
entre bolas de vôlei e pom pons de líder de torcida
FanficRosé, uma garota australiana tímida e inteligente, se muda para Busan, na Coreia do Sul, onde começa uma nova vida em uma nova escola. Nerd e considerada estranha por muitos, Rosé se vê apaixonada pela garota mais popular e adorada da escola, Jennie...