𝐶𝑎𝑝 22

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"You said you gotta be up in the morning
Gonna have an early night
And you're starting to bore me, baby
Why'd you only call me when you're high?"

Fyodor se viu novamente na situação de ter que encarar Nikolai no colégio, algo que ele vinha tentando evitar a todo custo. Não que houvesse algum problema com Nikolai, longe disso. Na verdade, ele era uma das poucas pessoas que Fyodor considerava suportável, até mesmo interessante. O verdadeiro problema residia dentro dele mesmo, em sua própria consciência que pesava a cada dia que passava. A verdade que ele escondia, enredada em camadas de medo e dúvida, tornava-se cada vez mais sufocante. Ele sabia que precisava contar, mas cada vez que olhava para Nikolai, as palavras morriam em sua garganta, e ele se afundava ainda mais no silêncio. Como poderia ele continuar fingindo que tudo estava bem, quando a verdade ameaçava destruí-lo por dentro?

Na realidade, o clima pesou um pouco entre eles. Era como se nem o ucraniano tivesse assunto para correr atrás.

Para onde foi aquela pessoa racional que o russo era?

Deve ter arrumado suas malas - no dia anterior - e pegado o próximo trem que estava prestes a embarcar para tão, tão distante. Acabou restando apenas seu coração para ouvir, já que era ele quem estava comandando seu corpo agora.

Seria mentira e muito pouco senso na cara se dissesse que não tentou conversar com Gogol para aliviar o clima. Entretanto, como alguém encontra a liberdade em meio ao caos que ele mesmo cria?

...Fyodor suspirou, a mão pousada na borda da mesa, enquanto o olhar fugia para fora da janela da sala de aula. O mundo lá fora parecia em paz, um contraste cruel com a tempestade que rugia dentro dele. Seus pensamentos voltaram para Nikolai, que estava sentado algumas fileiras atrás, a cabeça inclinada para o caderno, rabiscando algo que Fyodor não conseguia decifrar.

Como ele desejava ser tão despreocupado, tão livre de amarras, como Nikolai parecia ser. Ter o desejo de ser uma pomba branca. Mas Fyodor sabia que o que via era apenas uma máscara, uma fachada que o ucraniano usava para esconder sua própria escuridão. E era exatamente essa dualidade que o atraía e o aterrorizava ao mesmo tempo.

Dostoyvesky sabia que precisava fazer algo. Ele não podia continuar vivendo nessa prisão mental que ele mesmo criou. Mas, a ideia de se abrir, de expor sua vulnerabilidade, era quase insuportável. Ele sempre foi o mestre do controle, o estrategista frio e calculista. Admitir que estava abalado, que tinha sentimentos que não podia controlar, seria admitir fraqueza, e isso era algo que ele nunca se permitiu.

Porém, algo dentro dele estava mudando. Cada vez que via Nikolai, cada sorriso descompromissado, cada piada sem sentido, cada olhar que se prolongava um segundo a mais do que deveria, Fyodor sentia as paredes que construiu ao seu redor começarem a desmoronar. E quanto mais resistia, mais doloroso se tornava.

Nesse momento, estava prestes a acontecer algo que ninguém imagina em toda face da terra. Fyodor decidiu que seria melhor abandonar um pouco o isolamento do quarto que chamava de "Conforto térmico". Já em frente a porta para sair, seu pai deu leves batidas em seu ombro para obter sua atenção.

É muito bom ver que vai sair para esfriar a cabeça. Precisava disso, Fedya.

Só estou saindo porque Dazai está me obrigando.

Mesmo assim, você precisava desse tempo. Ultimamente você tem estado muito preocupado com algo.

Foi apenas com os estudos, pai.

6 months to conquer you - FyolaiOnde histórias criam vida. Descubra agora