Segredos e tensão

26 5 4
                                    

A manhã chegou com o suave brilho do sol invadindo o quarto de Akira. Ela despertou mais cedo do que o habitual, ainda sentindo o peso dos acontecimentos do dia anterior. Apesar da vontade de contar tudo à mãe, Akira decidiu não mencionar as coisas negativas que havia enfrentado na escola.

Depois de se arrumar, desceu as escadas e encontrou sua mãe na cozinha, já ocupada com o café da manhã. O aroma familiar a ajudou a relaxar um pouco, mas a apreensão ainda estava presente.

- Bom dia, querida! Dormiu bem? - perguntou a mãe, com a voz suave.

- Bom dia, mãe... Dormi, sim. E você? - respondeu Akira, forçando um sorriso.

A mãe a observou com ternura antes de responder:

- Dormi bem, mas ando preocupada com você. Ontem, você parecia meio... distante. Tem certeza de que está tudo bem na escola?

Akira hesitou por um momento. Sua mãe sempre sabia quando algo estava errado, mas ela não queria preocupá-la com os problemas que estava enfrentando, especialmente com as PARVS.

- Está tudo bem, mãe. Só estou cansada com os preparativos para o início do ano letivo... E, além disso, tenho a Natalie, então não estou sozinha - disse Akira, tentando soar despreocupada.

- Eu sei que a Natalie é uma boa amiga, mas lembre-se de que você pode sempre contar comigo também, Akira. Não precisa guardar tudo para si - disse a mãe, com um olhar compreensivo.

Akira assentiu, forçando mais uma vez um sorriso. Ela não queria mentir, mas também não estava pronta para compartilhar tudo. Após a breve conversa, pegou suas coisas e saiu em direção à parada de ônibus, tentando se preparar mentalmente para o dia.

Ao chegar à parada, o vento fresco da manhã soprou em seu rosto enquanto ela aguardava. O ônibus logo apareceu no horizonte e, assim que parou, Akira entrou, procurando um lugar para se sentar. Seus olhos varreram o interior do veículo até que avistou Evelyn, sentada ao lado de uma senhora idosa, parecendo distraída.

"Essa é a minha chance de consertar as coisas com ela e mudar a imagem que ela tem de mim," pensou Akira, sentindo o coração acelerar enquanto caminhava em direção a Evelyn.

Por outro lado, Evelyn, ao notar Akira se aproximando, sentiu o corpo enrijecer. "Era só o que me faltava, encontrar essa perdedora aqui," pensou, tentando ao máximo se esconder atrás da senhora ao seu lado. "O que eu faço se ela me vê?" murmurou baixinho para si mesma.

Determinada a resolver as coisas, Akira parou ao lado de Evelyn e sorriu, tentando ser amigável.

- Oi, Evelyn! Posso sentar aqui? - perguntou Akira gentilmente.

Evelyn engoliu em seco, forçando um sorriso tenso. Ela não queria que Akira a visse ali, naquela situação.

- Ah... Oiii, Akira. Claro, pode sentar - respondeu Evelyn, tentando disfarçar o desconforto.

O silêncio entre as duas era palpável. Akira, querendo quebrar a tensão, tentou puxar conversa.

- Ontem foi complicado, né? Eu sinto muito se fiz algo que te incomodou... - disse Akira, com uma voz calma.

Evelyn respirou fundo, lutando contra o desconforto. Ela sabia que, se as pessoas descobrissem sobre sua vida fora da escola, todo o seu esforço para manter as aparências desmoronaria.

- Olha, Akira, só... fica longe de mim, tá? E não conte pra ninguém que me viu aqui, entendeu? - disse Evelyn bruscamente, tentando manter o controle.

Akira ficou surpresa com o tom agressivo de Evelyn.

- O quê? Por que você está falando assim comigo? Eu só queria ajudar... - respondeu Akira, confusa.

- Você não entende! Eu... eu não sou como você pensa. E ninguém precisa saber disso, muito menos você. Se você contar pra alguém que me viu aqui... eu juro, vai se arrepender! - disse Evelyn, cada vez mais nervosa.

Akira, sem entender o motivo de tanta raiva, tentou acalmá-la.

- Eu não vou contar pra ninguém, Evelyn. Eu só queria ser sua amiga - disse Akira, com sinceridade.

Mas Evelyn, tomada pelo medo de ser desmascarada, interpretou mal as palavras de Akira.

- Amiga? Você não sabe nada sobre mim! Só... me deixa em paz! - exclamou Evelyn, furiosa.

No calor do momento, Akira fez um movimento para segurar o braço de Evelyn, tentando impedir que ela saísse tão zangada, mas, sem querer, acabou esbarrando na bolsa dela, que caiu no chão, revelando alguns itens que Evelyn rapidamente tentou esconder.

- Não se atreva a tocar nas minhas coisas! - gritou Evelyn, recolhendo suas coisas com pressa, o rosto vermelho de raiva e vergonha.

Sem dizer mais nada, Evelyn saiu do ônibus antes da próxima parada, deixando Akira perplexa e confusa.

Akira ficou ali, sentada, sem entender o motivo da reação tão extrema de Evelyn. O que poderia ser tão importante a ponto de esconder de todos?

"Talvez seja melhor deixar pra lá," pensou, tentando afastar as emoções conflitantes. Ela decidiu que não valia a pena ficar remoendo aquilo.

Com um suspiro profundo, focou o olhar na janela do ônibus, vendo o mundo passar lá fora, enquanto tentava esquecer o que acabara de acontecer.

ENTRELAÇADOS: Amor E Paixão Onde histórias criam vida. Descubra agora