06 | CAPÍTULO CINCO;

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Conforme os dias passavam, Jimin se sentia cada vez mais Jungkook mais fechado e afastado. Não esperava uma aproximação, óbvio, mas pelo menos pensava que fossem se acostumar com a presença um do outro, porém era respeitoso consigo. Se viam ao acordar, iam para o café da manhã e brincavam um pouco com Kihyun, depois o almoço e, à tarde, Jungkook passava horas dentro de seu escritório. Jimin via alguns guardas do reino volta e meia entrarem para conversarem com ele, mas não sabia o que tanto discutiam. Jungkook, no fim do dia, ia para o quarto e não conversavam, o Alfa apenas perguntava se o outro havia passado bem o dia, mas não se aprofundavam de verdade em algum assunto. Assim a rotina seguia.

O Ômega estava aprendendo a aproveitar sua própria companhia, mas sentia falta de passar as tardes com Taehyung ou Hoseok, os dois já vieram o visitar no castelo, conheceram Jungkook e Kihyun. Mas ainda assim, não era a mesma coisa.

As tardes de Jimin eram preenchidas com a energia de Kihyun que adorava mostrar para “seu Jiji” — como o chamava — seus desenhos, brinquedos e contar sobre seu papai Chan-ie. Jimin não se sentia desconfortável ao ouvir falar de Changmin, não havia um porquê disso. Percebia que a morte de Changmin ou até mesmo o próprio Changmin era um assunto proibido ali, então pensava que Kihyun, como uma criança, deveria conversar sobre isso e o que sentia. Deixava ele livre para falar sobre o que quisesse.

Então o seu Cio chegou. Ele percebeu. Jungkook percebeu. Todos perceberam e Jimin só queria se enterrar em algum buraco para não passar tanta vergonha. Foi no meio do almoço, ele não sabia que iria ser acometido pelo calor logo cedo. Todos estavam almoçando e riam enquanto ouviam alguma piadinha de Kihyun, o Ômega não prestou atenção na fala da criança. Sentiu uma pontada em seu estômago e logo veio o calor por todo seu corpo. Foi intuição, soltou um gemido sôfrego e baixinho, se encolhendo na cadeira.

O cheiro de cereja fica cada vez mais forte.

Jungkook foi o primeiro a reagir. Segurou sua respiração para não ser invadido pelo cheiro do Ômega, um exercício de muito autocontrole para si, e o pegou pelo braço, seguindo rapidamente até seu quarto. Chegando lá, cuidadosamente deixa Jimin na cama e corre até a estante, abrindo desesperadamente as gavetas, precisava achar os supressores que havia comprado para Jimin e dar o mais rápido para ele, afinal, não sabia se conseguiria aguentar ter o Ômega que fantasiava todos os dias ao seu lado, implorando por ele, para ser tomado como seu.

Jungkookie… — Jimin o chama baixinho e puxa o Alfa pela mão. — Me ajude… — choraminga.

Tome os remédios — Jungkook tenta ignorá-lo e entrega um comprimido na mão de Jimin.

— Não preciso de remédios. — Joga o comprimido no chão. — Preciso de você, Alfa! — A sua voz de Ômega se fez presente, seus olhos mudando do castanho habitual para um lilás. Jungkook enlouqueceria.

Fora difícil para o Alfa convencer o Ômega de tomar o remédio. Até Jimin aceitar e se deitar esperando o efeito começar, Jungkook precisou de muito autocontrole para não deixar seu Alfa se fazer presente.

Entendia que era doloroso para um Ômega não ter alguém com quem se saciar, mas Jungkook não conseguiria. Changmin era seu Ômega, não Jimin.

— Posso usar uma roupa sua, pelo menos? Preciso do seu cheiro… — A voz de Jimin já era mais calma, sonolenta até.

Jungkook não aguentou ao ver os olhinhos de Jimin, chorosos e brilhando em antecipação. Jimin era lindo, porra. Tirou sua camisa lentamente e deu para Jimin, o Ômega rapidamente se vestiu com ela e se aninhou na cama. Um sorrisinho satisfeito se fez presente no rosto do mais novo.

Jungkook suspirou, foi até a porta e a trancou. Engoliu em seco, antes de se deitar ao lado de Jimin, o envolvendo em seus braços em seguida. Acabou caindo no sono, extasiado com o cheiro de cereja, ainda mais proeminente no pescoço do Ômega.

Precisavam dar a entender que, sim, passaram o cio juntos, então Jungkook precisaria passar maior parte do tempo com Jimin. Não era porque queria.

Passaram uma semana desse jeito. Quando o calor acabou, Jimin acordou na cama dos dois com um Jungkook lendo tediosamente documentos ao seu lado na cama.

— Quantos dias foram? — Jimin pergunta com a voz rouca ainda.

— Seis dias. — Jungkook responde sério.

Nada havia mudado. Jimin suspira.

O segundo mês passou rápido. Sua rotina monótona foi seguida, porém Jimin havia notado uma mudança em Jungkook.

Foi em uma noite em que Kihyun não conseguia dormir de nenhum e chorava alto querendo colo. O Alfa não estava no castelo, pelo o que ouviu os mordomos conversando entre si, ele havia saído para negociar com um tal de Keeho. Jimin não fazia ideia de quem fosse. O loiro, então, não viu problemas em ir acalentar Kihyun.

Foi para o quarto do pequeno e o encontrou chorando, sentado em suas perninhas no chão, enquanto tinha sua babá, Haneul, uma Ômega, lhe oferecendo uma mamadeira. O rosto de Kihyun já estava vermelho de tanto chorar. Jimin olha para ele e o chama com os braços, Kihyun vai até o Ômega e pula em seu colo. Um beijinho é deixado na cabeça da criança.

— Eu cuido dele agora, Haneul, pode deixar comigo. Vá descansar, já é tarde — Jimin diz para a mulher.

— M-Mas, Vossa Majestade Jeon pediu… — ela fica um pouco nervosa antes de entregar a mamadeira para Jimin.

— Não se preocupe com ele — pega a mamadeira de Haneul e vê ela sair do quarto, sem antes se curvar para o futuro Rei.

Ele vai para a cama e deixa Kihyun deitado em seu peito, passando a mão por seus cabelinhos negros. A criança não chorava mais, porém tinha seus olhos bem abertos. Jimin começa a ponderar o que fazer para que Kihyun dormisse. Ele lembra que Kihyun um dia lhe falou sobre seu pai, Changmin, que cantava para ele de noite. Isso acendeu uma luzinha em Jimin. Talvez ele esteja com saudade disso.

— Quer que eu cante para você, pequeno? — A voz de Jimin era calma e baixa. Kihyun acena positivamente com a cabeça.

Jimin tentou lembrar de alguma música, mas foi difícil… Até que a lembrança de sua mãe, no pé de sua cama, o fazendo dormir, invadiu seus pensamentos.

Ele começa, baixinho, a cantarolar e conforme lembrava da letra da música, cantava: — Não sei se tu tens um anjo, que eu tenho um anjo sim, meu anjo é um pequenino que agora vai dormir…

Enquanto cantava, via o pequeno desistir de lutar e ir fechando os olhos devagarinho. Entrando na terra dos sonhos aos poucos. Quando teve a certeza que Kihyun estava dormindo, Jimin se rendeu ao sono também. Acabou passando a noite no quarto do pequeno.

E sem ao menos perceber, fora observado esse tempo todo por um Alfa Lúpus com cheiro de pêssego e totalmente hipnotizado pelo jeito que Jimin lidava com o seu filho. Jungkook não quis atrapalhar o momento dos dois, por isso, se contentou apenas a olhar para eles.

A relação do Ômega e do Alfa aos poucos ia mudando, antes sem conversar, agora falavam pouco ainda, mas Jimin conseguia sentir que Jungkook estava mais confortável consigo e, em uma noite, até andaram pelo jardim conversando mais sobre a infância dos dois.

Jimin estava feliz.

Quando os dois meses passaram, os pais de ambos voltaram a se encontrar. Jimin disse que tudo deu certo, estava pronto para começar uma vida ao lado do Alfa.

Jungkook não conteve a felicidade em saber que continuaria com sua coroa, porém ainda tinha medo de uma coisa, uma pessoa em específico… Mas não queria deixar isso lhe distrair do momento de agora.

Tinha um casamento por vir e os preparativos precisariam começar o quanto antes.

Park Jimin se tornaria um Jeon daqui duas semanas. Se tornaria Rei.

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SÃO 900 LEITURAS AQUI! 🥺💕 Obrigada mesmo, anjinhos!
Essa semana é de atualização de dupla, então pode seguir que tem mais um ainda.

SUDDENLY | ABO JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora