O Inimigo - Serafim

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O Inimigo - Serafim

[Esteja ciente que neste artigo algumas datas, locais, nomes e eventos foram ocultados para preservação da segurança dos envolvidos contra o vazamento de informações sigilosas delicadas segundo determinação do Secretariado de Inteligência Aliada em conformes com as políticas da Divisão de Operações Conjuntas Aliada em um sigilo que deverá ser quebrado em 100 anos após o término do conflito.]

CAMP GORRE, [REDACTED], [REDACTED]

[Aguardo em uma sala não muito maior que um dos apartamentos de cômodo único que habitam as classes mais baixas nas esquinas do cabaré La Rosa Bianca nos subúrbios mais baixos de Santa Adahlia, uma única lâmpada emite um brilho amarelado em um feixe sobre uma mesa metálica pregada ao chão. Aguardo o comparecimento de meu próximo testemunho, um personagem controverso, para alguns um estudante promissor, um carrasco, um traidor, um salvador. Seu nome será deixado no anonimato para ser esquecido nos anais da história, pois não mais o carrega. Um policial militar abre a porta do pequeno recinto. Acompanhado de uma moça jovem, ruiva, de cabelos cacheados, um semblante frio encoberto por um grande par de óculos arredondados sobre olhos verdes, está minha testemunha que nos dará uma luz sobre o inimigo que enfrentamos, na medida que o sigilo o deixar.]

Boa tarde. [Serafim me cumprimenta apreensivo.]

Posso saber o motivo de sua apreensão, senhor [REDACTED] ?

Hã? Eu preciso dizer? Acredito que o senhor saiba e compreenda por qual motivo não posso confiar em qualquer pessoa que deseja ter uma simples conversa comigo. Meus inimigos estão por todos os lados e é por isso que a senhorita Elizabeth me acompanha. [A mulher ruiva vestida de trajes militares.] Sei que isso pode soar paranóico, mas para quem não estava lá dentro, jamais iria entender meu medo. Por Deus, além de perder minha visão, ainda sou condenado a nunca mais ter alguma interação normal com qualquer ser humano! Até mesmo um compatriota!

Senhor [REDACTED], por favor, acalme-se. Garanto que sou de confiança. Não o farei mal algum. Podemos começar?

Ah, sim! Claro... claro... Tudo que passei, tudo que descobri é tão inacreditável que não posso deixar de pensar que tudo foi um delírio, mas não foi! Vocês devem confiar em mim! Confie no que eu digo e talvez possam salvar esse mundo! Eu lhe juro!

Eu não estou aqui para tomar conclusões para mim. De fato, elas são o que menos interessará aos nossos futuros leitores.

Não acredita em mim, não é?

Eu não...

[Sou interrompido bruscamente pelo meu entrevistado]

Se eu soubesse! Se eu soubesse onde minha pesquisa me levaria, teria me jogado no mar com uma pedra amarrada em meus pés naquele dia em Gênova! Meus pais! Meu querido pai! Se ele soubesse... se me visse hoje... "Eu não quero que você viva a sua vida toda pescando, como eu. Essa sua cabeça pensa demais. Vai beneficiar muito este país um dia!" Ele me dizia. O preço do conhecimento é caro, a ignorância é a maior benção que Deus deu ao homem!

Serafim, eu preciso que o senhor foque na nossa entrevista. Quero apenas coletar seu testemunho sobre o inimigo que pisoteou nossa nação.

Perdão! Perdão...

Certo. Acredito que esteja a par de certos rumores que se espalharam pela ralé, através da língua comum e testemunhos de certas pessoas reforçados pelos acontecimentos paranormais do ano novo de 1943. Há boatos que desacreditam estes rumores, que podem sim terem sido muito exagerados. Mas queremos mostrar a verdade para as gerações que hão de vir. Muito se diz que Hassel, a Bruxa e o Oráculo não eram humanos. O senhor estava dentro da barriga da Besta. Isso é correto? Ou seria superstição?

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