ESTE CAPÍTULO PODE CAUSAR GATILHOS.
CASO VOCÊ SE SINTA INCOMODADO COM O ASSUNTO RETRATADO NESTE EPISÓDIO, NÃO SE SINTA OBRIGADO A LER.Dois mil e vinte quatro passou mais rápido do que percebi, e quando menos vejo, já estamos na metade de março.
Passei as últimas duas semanas sem frequentar nada além de meu trabalho, a faculdade, e a academia, abrindo excessões para ir a casa dos meus pais.
O estado de Leandro estava piorando, e eu tinha a impressão que isso me afetava muito mais do que deveria.
Minha cabeça estava uma loucura, explodindo como fogos de artifícios. Meu corpo se cansava rapidamente ao me lembrar de sua condição.
Enquanto estive em meio a sala de espera da clínica, era como se eu estivesse desmaiando aos poucos. Esperava ansiosamente para a chamada de seu nome.
Queria adiantar a dor logo, porque era nítido que seu diagnóstico não seria algo bom.
Chico não me acompanhou daquela vez, a pedidos do Leandro. Dizia que não queria o atrapalhar, gastando seu tempo com "bobagens".
Ainda assim, eu acreditava ── e ainda acredito ── que ele só não queria que Chico estivesse ali quando desmoronarasse em lágrimas. Por vergonha.
Tentei controlar minha ansiedade, brincando com os meus anéis. Levantei quase que imediatamente quando escutei seu nome.
Fiquei em pé, o esperando. Leandro tentava de todas as formas adiar a consulta, e não pareceu reagir bem quando a hora chegou.
A doutora nos esperava, com seu semblante tranquilo. Aguardava ambos entrarmos para fechar a porta.
O ambiente estava mais aconchegante do que de costume. O ar se encontrava na temperatura perfeita, e a iluminação não estava tão estridente.
Me sentei ao lado esquerdo de meu padrasto, escutando ela dizer algumas palavras a ele. Quando se sentou a nossa frente, meu semblante se transformou.
Pela primeira vez, prestei atenção em todos os seus dizeres. Cada suspiro diferenciado seu era o suficiente para me causar paranóias.
Batuquei meus pés no chão enquanto esperava ela ir direto ao assunto. Estava enrolando demais perguntando sobre coisas distantes.
Contei os minutos. Minha boca não se abria, e eu me mantive em silêncio.
Finalmente, ela decidiu nos contar. Falava com cautela palavras que não estavam sendo digeridas por mim.
E ela continuou, o olhando com pena. Explicava cada detalhe de sua doença, suportando seu silêncio.
Ele abaixou sua cabeça, e eu, me retirei da sala.
Foi ali que descobri que meu padrasto tem câncer.
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𝐌𝐔𝐋𝐇𝐄𝐑 𝐃𝐄 𝐅𝐀𝐒𝐄𝐒, 𝐜𝐡𝐢𝐜𝐨 𝐦𝐨𝐞𝐝𝐚𝐬.
Fanfiction──── 𝗠𝗔𝗜𝗧𝗘 𝗥𝗘𝗜𝗦, uma paulista morando no Rio de Janeiro. Apaixonada por praia, por ler, por academia, por gravar, por futebol e PRINCIPALMENTE pelo Corinthians. Formada em direito e iniciando uma faculdade de jornalismo, Maitê é também uma...