── Ai, caralho. ── Resmungo entre os dentes, contendo os palavrões maiores.
── Para de ser dramática, Maitê. ── Minha irmã, Milena, reclama.
── Vem aqui e faz você, então.
── Quem quis fazer a tatuagem foi você, não eu. ── Se defende. ── E eu nem posso fazer, ainda tenho quatorze.
── Pode sim. ── Contrario, afim de irritar. ── Se a mamãe autorizar.
── Eu posso? ── Ela se vira, sorrindo contente.
── Eu vou te deixar de castigo. ── Nossa mãe me encara firme.
Dou de ombros, deixando meu sorriso escapar.
── Já acabou. ── O tatuador diz, tirando suas luvas.
── Já?! ── Franzo o cenho, olhando minha pequena tatuagem no canto do pulso.
── Filha, é literalmente um cadeado de um centímetro. ── Meu padrasto ri.
Tenho 21 tatuagens no total (agora, são 22), todas em um tamanho bem pequeninho: 12 nos braços, uma embaixo do peito, outra em cima do peito, uma nas costas, duas nos pés, uma perto da marca da parte de baixo do biquíni, uma atrás da orelha e a última, entre meus seios.
E em todas elas, resmunguei de forma insuportável ao sentir dores que não duraram mais de 30 minutos. Afinal, seus tamanhos podem ser pequenos, mas continua sendo uma agulha perfurando sua pele.
Decidi fazer uma tatuagem combinada com meu padrasto, deixando a marca de meu amor por ele em meu pulso. Ele fez uma pequena chave, e eu, um cadeado.
Não sei dizer exatamente o que passou na minha cabeça quando a escolhi, mas tentei a usar como uma metáfora para minha relação com ele.
Leandro entrou em minha vida antes mesmo de eu nascer, no oitavo mês da gestação. Meu pai biológico é um mero desconhecido, dormiu uma única vez com a minha mãe e decidiu não me assumir.
Óbvio que sempre tive a curiosidade de saber quem ele é. Saber de quem são meus olhos, porque tenho certeza que não os puxei da minha mãe.
Mas, no fim, não me importo de o conhecer. Se ele não fez questão de me ter em sua vida, por que eu irei fazer?
Sendo assim, minha mãe conheceu meu padrasto em uma pizzaria, onde Leandro era o garçom. Ela conta que discutiram na primeira vez que se viram, pois ele se recusou a servir álcool a uma moça grávida.
Não prestei muita atenção no resto da história, mas sei que são as coisas típicas até virar um namoro. Encontros, primeiro beijo, e todas as outras baboseiras.
No caso deles, tudo aconteceu em algumas poucas semanas, já que logo eu nasci.
Me pergunto o que passou na cabeça de meu padrasto ao assumir a filha de uma mulher que conheceu a pouco mais de 1 mês. Imagino que ele estava loucamente apaixonado pela minha mãe.
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𝐌𝐔𝐋𝐇𝐄𝐑 𝐃𝐄 𝐅𝐀𝐒𝐄𝐒, 𝐜𝐡𝐢𝐜𝐨 𝐦𝐨𝐞𝐝𝐚𝐬.
Fanfiction──── 𝗠𝗔𝗜𝗧𝗘 𝗥𝗘𝗜𝗦, uma paulista morando no Rio de Janeiro. Apaixonada por praia, por ler, por academia, por gravar, por futebol e PRINCIPALMENTE pelo Corinthians. Formada em direito e iniciando uma faculdade de jornalismo, Maitê é também uma...