𝐏𝐀𝐈𝐗𝐀̃𝐎 𝐅𝐀𝐍𝐓𝐀𝐒𝐌𝐀Enquanto ela caminhava pelos vastos corredores do hotel, cada passo seu ecoava, reverberando pelas paredes cobertas de tapeçarias antigas. O ambiente era impregnado por uma sensação de inquietude, uma tensão quase palpável que parecia sussurrar segredos sombrios a cada brisa que passava pelas janelas entreabertas. O silêncio opressivo era entrecortado apenas pelo lamento distante do vento, que parecia protestar contra o que quer que estivesse escondido nas profundezas daquele lugar.
Os criados, que costumavam percorrer os corredores com uma rapidez frenética, evitavam-na, lançando olhares furtivos por sobre os ombros, como se temessem ser pegos em algum delito invisível. Havia algo de inquietante em sua expressão, algo que sugeria medo ou talvez uma cumplicidade forçada com um segredo tenebroso.
De repente, um movimento súbito no canto de sua visão periférica chamou sua atenção. Virando-se rapidamente, ela avistou um pequeno criado, sua figura indistinta espreitando por uma fresta de uma porta entreaberta. Sem hesitar, ela avançou, agarrando a porta antes que ele pudesse fechá-la completamente.
O pequeno ser que a encarava do outro lado era uma visão curiosa: tinha um nariz largo e arredondado, e uma pele que parecia feita de uma substância etérea, como algodão cinza-vivo. Seus olhos arregalados traíam um medo profundo, e seu corpo, feito de algo que lembrava fumaça solidificada, tremia de maneira quase imperceptível.
— Por favor, não conte a ninguém que me viu! — suplicou ele, sua voz era um murmúrio rouco e apavorado.
Ela o observou por um momento, sentindo uma mistura de curiosidade e compaixão. Havia algo na urgência de sua súplica que lhe tocou o coração.
— Não direi nada, mas você precisa me contar o que está acontecendo aqui. — ela insistiu, mantendo a voz o mais suave e reconfortante possível. — Deixe-me entrar. Só quero ajudar.
O criado hesitou, seus olhos saltando freneticamente de um lado para o outro, como se temesse a aparição repentina de algum vigilante invisível. Após um breve momento de deliberação, ele acenou lentamente com a cabeça e abriu a porta apenas o suficiente para que ela espreitasse.
Empurrando a porta com determinação, ela se espremeu pelo espaço estreito, adentrando um corredor sombrio que parecia se estender infinitamente, como um portal para um mundo de segredos enterrados. Depois de alguns metros de passos cautelosos, o corredor se alargou, revelando uma sala ampla e mal iluminada, onde luzes fracas filtravam-se através das tábuas envelhecidas do teto.
Dentro deste refúgio improvisado, ela avistou um verdadeiro esconderijo. Sofás antigos e móveis desgastados formavam um cenário de decadência e desespero. Vários outros criados, todos com aparências igualmente estranhas e olhares angustiados, estavam amontoados ali. Murmuravam entre si em tons baixos e ansiosos, e o medo em seus olhos parecia algo quase tangível.
Assim que perceberam sua presença, um pânico febril se espalhou pelo grupo. Alguns começaram a correr de um lado para o outro, derrubando objetos no chão e esbarrando nos móveis.
— Nos descobriram! Estamos perdidos! — gritou um deles, sua voz carregada de desespero.
— Por favor, acalmem-se! — ela exclamou, erguendo as mãos em um gesto de paz. — Não vou contar a ninguém sobre este lugar. Mas vocês precisam me deixar entender o que está acontecendo aqui.
Gradualmente, o alvoroço diminuiu, e o grupo começou a se aquietar. Um dos criados, que parecia ser o mais velho e possivelmente o líder, deu um passo à frente. Ele era um pouco maior que os outros, com um nariz ainda mais proeminente e olhos que carregavam uma tristeza profunda, quase ancestral.
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Paixão Fantasma
Misteri / ThrillerEm 1890 da idade moderna, Elio, um comediante carismático, encontra uma bela mulher loira entre a plateia durante seu show. Após uma breve e encantadora interação, ele desaparece misteriosamente, deixando-a intrigada. Determinada a encontrá-lo, a mu...