Capítulo 7 🩷

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Stênio narrando...

Assim que Creusa e eu chegamos do mercado e eu vi aquele cara dentro da minha casa, ainda mais sozinho com a Helô, eu fiquei morrendo de ciúme mas não disse nada pois não queria brigar, nem mostrar pra ele que me incomodo com a sua presença.
Mas o idiota é tão espaçoso e cara de pau, que ficou me chamando pra tomar cafezinho com ele, como se eu precisasse de permissão pra fazer algo dentro da minha própria casa, era só o que faltava.
E como se não bastasse, Heloisa ainda o convida pra jantar com a gente, eu juro que tento ser menos ciumento e até relevo algumas coisas, mas tá na cara que esse homem tá se insinuando pra ela, e só ela não percebe, ou finge não perceber.

Rodrigo: Acho que a gente avançou bastante na investigação né Helô.

Helô? Que intimidade esse cara acha que tem pra falar com ela assim? Nem o pessoal que trabalha com ela a mais tempo trata ela assim, são sempre profissionais, ela mesmo exige isso.

Helô: Pois é, ainda bem né. - E ela nem o corrige.

Creusa me olha e eu apenas abaixo a cabeça, mantendo a atenção no meu prato, senão é capaz de eu matar esse desgraçado só pelo ódio que demonstro no meu olhar.

Rodrigo: Fiquei sabendo que você é advogado criminalista Stênio.

Eu: Pois é.

Rodrigo: E é casado com uma delegada. - Ele debocha.

Eu: E qual é o problema?

Rodrigo: Problema nenhum, só acho que deve ser ruim né, defender um criminoso que sua esposa teve tanto trabalho em prender.

Esse idiota tá querendo chegar onde com esse assunto, antigamente esse era o maior problema do meu relacionamento com a Helô, até eu entender que nosso casamento era o mais importante pra mim então decidi abrir mão de algumas coisas. Hoje não defendo mais clientes que são da sua delegacia, fiz isso por mim e pelo nosso relacionamento, e não me arrependo de nada.

Eu: É por isso que não pego mais casos que são da delegacia dela, já não temos mais esse problema.

O clima foi ficando tenso e Helô percebeu que eu estava a ponto de explodir então pediu pra Creusa servir a sobremesa. Eu não via a hora desse jantar acabar pra esse otario ir embora, e como se Deus ouvisse minhas preces, ele diz que precisa ir.

Rodrigo: Obrigado pelo jantar, mas não posso ficar mais, preciso ir.

Helô: Tudo bem, vou pegar uns arquivos que eu trouxe outro dia, e você leva pra dar uma olhada.

Rodrigo: Tudo bem.

Helô sai em direção ao nosso quarto e eu  fico sentado no sofá contando os minutos pra ter esse cara fora da minha casa. Ela volta algum tempo depois e lhe entrega os tais arquivos enquanto assisto ele se despedir com um beijo na bochecha enquanto sua mão vai direto pra cintura dela.
Percebendo que eu não gostaria daquilo, Helô se afasta rapidamente e o acompanha até a porta, enquanto eu me levanto possesso de raiva e caminho até o quarto, no caminho ouço ele me desejando boa noite mas finjo que não ouvi. Que ele vá pro inferno com esse boa noite.

Vou direto pro banheiro escovar os dentes e quando volto pro quarto a vejo sentada na nossa cama me encarando, a porta já está fechada e sei que quer conversar, mas o que eu menos quero agora é ouvir ela dizer que eu tô vendo coisa.

Helô: A gente pode conversar ou vai continuar com essa cara?

Eu: Não sei se quero conversar, pra ouvir você dizer que eu não deveria reagir desse jeito, quando você quebrou um combinado nosso.

Helô: Foi só dessa vez Stênio, não é pra tanto também.

Eu: Ah não é pra tanto? Não é pra tanto eu chegar em casa e encontrar você sozinha com esse cara na nossa sala, quando combinamos que não íamos mais trazer trabalho pra casa. Ainda mais esse cara que fica dando em cima de você, te comendo com os olhos o tempo todo e te levando presentinhos.

Helô: Você não confia em mim?

Eu: Em você eu confio de olhos fechados Heloisa, mas não confio nele. Quando vim da cozinha ele estava colado em você, e você só se afastou quando eu apareci.

Helô: Eu estava mostrando umas fotos da investigação pra ele.

Eu: E precisava ser tão perto? Precisava ser aqui? Sendo que vocês já passam o dia todo naquela delegacia.

Helô: Você também passa o dia todo com a Lais no escritório. - Ela rebate, não é possível que ela esteja querendo comparar a situação.

Eu: Mas a Lais é casada e não tem interesse algum em mim, além do mais ela tem a sala dela, e não me leva presentinhos.

Helô: ELE NÃO ME LEVA PRESENTINHOS! - Vejo ela se exaltar, e nesse momento nós dois já estamos em pé no meio do quarto, gritando um com o outro.

Eu: AH NÃO LEVA? E O QUE FOI QUE EU VI QUANDO ESTIVE LA NA DELEGACIA? EM HELÔ?

Helô: Isso foi só uma vez.

Eu: Por enquanto né.

Helô: É incrível como você cria as coisas dentro da sua cabeça.

Eu: Não crio não, eu falo o que eu vejo, nem a Creusa foi com a cara dele.

Helô: A creusa não vai com a cara de nenhum outro homem que não seja você.

Eu: Homens que tem interesse em você, você quer dizer né.

Helô: Ai chega Stênio, não quero mais falar sobre isso.

Eu: É claro que não quer, sempre que você está errada prefere fugir do assunto, já estou acostumado.

Helô: Eu vou tomar meu banho, que é a melhor coisa que eu faço.

Eu: A vontade Doutora delegada. - Ela me fuzila com o olhar por eu a responder com deboche, e me lembro da maneira como ele se referiu a ela. - Até com apelidos ele te chama.

Helô: Eu já pedi pra ele parar e me tratar com formalidade igual os outros.

Eu: Pelo visto ele não entendeu isso ainda, ou você não foi clara o suficiente né, até deixou ele te dar beijinho na bochecha e pegar na sua cintura.

Helô: Você tá sendo muito infantil Stênio.

Eu: O infantil aqui vai deixar você em paz então, e enquanto toma seu banho, reflete um pouco, pensa em como você reagiria se estivesse no meu lugar.

Deixo ela sozinha no quarto e bato a porta ao sair, me sento no sofá da sala puto da vida por que esse cara estragou a nossa noite vindo aqui.

E no final, seremos sempre você e eu.Onde histórias criam vida. Descubra agora