Desespero no Caos

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Dan sentia o coração disparar enquanto tentava desesperadamente reanimar Angélica. Suas mãos tremiam enquanto ela convulsionava no chão do banheiro, a água ainda jorrando da banheira. Ele pegou o telefone, os dedos sujos tentando discar o número de emergência, mas a linha estava muda, sem nenhum sinal de conexão. O desespero tomou conta dele.

— Angélica, segura-se! — ele gritou, mas suas palavras pareciam se perder no ar pesado da casa.

Sem outra opção, Dan cuidadosamente levantou a irmã, que ainda tremia inconscientemente. Ele a carregou até o carro, lutando para mantê-la estável enquanto tentava encontrar uma maneira de salvá-la. Cada passo até a porta do carro parecia uma eternidade, com a tensão aumentando a cada segundo que passava.

Quando finalmente abriu a porta e colocou Angélica no banco de trás, Dan sentiu um alívio momentâneo. Mas a calma durou apenas alguns instantes. Ao sair da garagem, ele foi recebido por uma cena de caos absoluto. A vizinhança estava em completo desespero. Pessoas correndo em todas as direções, gritos de pânico ecoando pelas ruas, e uma atmosfera de terror palpável preenchia o ar.

Os olhos de Dan se arregalaram ao ver hordas de zumbis se movendo de forma errática, atacando qualquer um que cruzasse seu caminho. As luzes dos postes piscavam intermitentemente, lançando sombras ameaçadoras sobre os rostos aterrorizados dos moradores. O cheiro de fumaça e decomposição pairava no ar, misturando-se com o som constante de passos apressados e uivos distantes.

Dan acelerou o carro, tentando afastar-se o mais rápido possível, mas o tráfego já estava paralisado pelo pânico. Carros bloqueavam as ruas, e a única opção era seguir por rotas alternativas que conhecia bem, mas que agora pareciam traiçoeiras. Ele pisou fundo no acelerador, sentindo a adrenalina correr pelas veias enquanto Angélica ainda tremia no banco de trás.

De repente, uma explosão de gritos chamou sua atenção. Um grupo de pessoas estava tentando abrir a porta de um prédio próximo, tentando escapar das criaturas que os cercavam. Dan olhou no retrovisor e viu zumbis se aglomerando perto do carro, arranhando as janelas com garras desesperadas.

— Preciso sair daqui — murmurou para si mesmo, desviando habilmente pelas ruas estreitas para evitar os bloqueios e os mortos-vivos.

As luzes vermelhas de um semáforo piscavam sem motivo aparente, e Dan teve que frear bruscamente, desviando de um zumbi que quase entrou em seu carro. O coração ainda batia acelerado enquanto ele lutava para manter o controle, cada volta das rodas uma batalha contra o medo e o pânico.

Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, Dan conseguiu sair da área mais densa do caos. As sirenes de emergência começaram a soar ao longe, mas ele sabia que estava apenas no começo de uma jornada ainda mais sombria. Com Angélica inconsciente ao seu lado, ele sentiu o peso da responsabilidade recair sobre seus ombros. A cidade que ele conhecia estava desaparecendo diante de seus olhos, e ele precisava encontrar uma maneira de sobreviver e proteger a irmã que ainda dependia dele.

Enquanto dirigia pelas ruas desertas, Dan não podia deixar de se perguntar: O que havia desencadeado essa calamidade? E, mais importante, haveria uma maneira de reverter o horror que agora consumia a cidade?

Dan dirigiu com determinação pelas ruas cada vez mais caóticas da cidade, ignorando o caos ao seu redor enquanto se concentrava em chegar ao hospital onde Angélica trabalhava. O som constante das sirenes e os gritos de pânico preenchiam o ar, mas ele manteve o foco, ciente de que cada segundo contava.

Finalmente, o hospital apareceu à vista, mas o cenário que encontrou foi desolador. O estacionamento estava lotado de carros abandonados, alguns com as portas abertas, outros com os faróis ainda acesos. Pessoas doentes e feridas se amontoavam na entrada, implorando por ajuda, enquanto os seguranças tentavam, em vão, manter a ordem.

Dan estacionou o carro e saiu correndo, carregando Angélica nos braços. Ao entrar no hospital, ele foi atingido por uma onda de caos ainda maior. Os corredores estavam abarrotados de pacientes, muitos com sintomas severos: febre alta, convulsões, feridas estranhas. Médicos e enfermeiros corriam de um lado para o outro, visivelmente sobrecarregados, sem saber por onde começar.

— Eu preciso de ajuda! — Dan gritou, tentando fazer sua voz ser ouvida acima do barulho ensurdecedor.

Por um momento, ele se sentiu perdido no meio do tumulto, mas então avistou Liz, uma amiga próxima dele e de Angélica. Ela estava no meio do corredor, tentando acalmar uma mãe desesperada enquanto outro paciente gemia ao lado.

— Liz! — Dan chamou, correndo em sua direção.

Liz levantou os olhos, surpresa ao ver Dan. Quando viu Angélica em seus braços, sua expressão mudou de surpresa para alarme.

— O que aconteceu? — perguntou ela, já tomando a frente e guiando Dan por entre a multidão.

— Ela... ela começou a convulsionar em casa. Achei que fosse só cansaço da viagem, mas agora... — Dan lutava para manter a calma, o medo transparecendo em sua voz.

Liz olhou rapidamente para Angélica, notando a palidez de sua pele e a respiração irregular. Sem perder tempo, ela os levou para um quarto mais afastado, onde pelo menos poderiam ter um pouco de privacidade.

— Coloque-a aqui — disse Liz, apontando para uma cama enquanto ela começava a examinar Angélica com mãos experientes, apesar do cansaço visível em seu rosto.

Dan a deitou suavemente, esperando desesperadamente por um sinal de melhora. Liz checou o pulso, tentou estabilizar a respiração, e examinou a ferida no braço de Angélica. Mas a cada momento que passava, a expressão de Liz se tornava mais preocupada.

— Dan... — Liz começou, sua voz tremendo levemente. Ela tentou aplicar medidas de ressuscitação, mas não havia resposta. O quarto, apesar do caos externo, parecia estranhamente quieto enquanto Liz lutava contra o inevitável.

Finalmente, Liz parou, seus olhos se enchendo de lágrimas enquanto olhava para Dan. — Sinto muito, Dan. Ela se foi.

Dan ficou parado, congelado no tempo. As palavras de Liz ecoaram em sua mente, mas não pareciam reais. Ele olhou para Angélica, esperando algum sinal de vida, um movimento, uma respiração. Mas não havia nada. Apenas o silêncio.

O mundo ao seu redor parecia desmoronar enquanto a realidade da perda o atingia. Angélica, sua irmã, sua única família restante, estava morta. Ele queria gritar, mas nenhum som saía. Queria lutar contra o destino cruel que lhes foi imposto, mas sabia que era inútil.

O caos lá fora continuava, as sirenes, os gritos, os gemidos de dor, mas dentro daquele quarto, para Dan, o mundo havia parado. Ele sentiu um vazio se abrir dentro dele, um buraco negro que sugava toda a esperança e luz.

Liz colocou uma mão no ombro de Dan, tentando oferecer algum conforto, mas ele mal a sentiu. Tudo o que restava era um peso esmagador em seu peito, e a certeza de que o pior ainda estava por vir.

Ecos na Escuridão: A Jornada de SobreviventesOnde histórias criam vida. Descubra agora