Entre Monstros e Homens

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A noite começou a cair, o céu gradualmente se transformou em um tom escuro de azul, enquanto as árvores ao redor os envolviam em uma quietude desconfortável. Dan, Daniel e Liz montaram acampamento no meio da floresta, longe o suficiente de qualquer perigo imediato, mas não o bastante para aliviar a tensão constante que pairava sobre eles. Dan e Daniel, com seus treinamentos militares, improvisaram camas usando galhos e folhas secas, criando algum conforto rudimentar para a noite. Liz, ainda visivelmente cansada, aceitou a cama improvisada sem reclamação, apenas suspirando ao se sentar.

Uma pequena fogueira crepitava no centro, iluminando seus rostos com uma luz laranja suave, e o som da lenha queimando preenchia o silêncio da floresta. Eles mastigaram algumas frutas que Dan havia coletado, mas uma refeição frugal não era o suficiente para rir suas preocupações.

Dan olhou fixamente para o fogo, seus pensamentos distantes. As imagens do acampamento anterior, das feridas antigas nos corpos dos zumbis, voltavam à sua mente. Ele sabia o que aquilo queria: não eram apenas os mortos que precisavam temer. Havia sobreviventes andando por aí, mas nem todos estavam envolvidos em ajuda. Aquelas cortes antigas disseram muito sobre o tipo de mundo que eles enfrentaram agora, mas Dan decidiu não compartilhar isso com os outros. Ainda não.

Liz, que estava encostada em uma árvore, observava a dança das chamas, tentando não pensar em tudo o que tinha passado. O silêncio era quase ensurdecedor, então ela se virou para Dan e perguntou:

— Quanto tempo mais até chegarmos ao abrigo?

Dan falou os olhos lentamente, considerando sua resposta.

— Estamos na metade do caminho — ele disse, sua voz grave cortando o silêncio da noite. — Mas a floresta vai acabar em breve. Não teremos escolha para não entrar na cidade.

— E isso é bom ou ruim? — perguntou Daniel, ajeitando-se em sua cama improvisada.

Dan suspirou, passando a mão no queixo enquanto pensava.

—Pode ser os dois. Entrar na cidade significa que podemos encontrar mais suprimentos. Talvez comida, roupas, até armas. Mas também significa que vamos nos separar com mais mortos... e possivelmente, com pessoas perigosas.

Liz franziu a testa, desconfortável com a ideia.

— Pessoas perigosas? O que você quer dizer?

Ele hesitou por um momento, não querendo alarmá-la, mas também sabendo que eles precisam estar preparados para o que viria.

— No acampamento anterior... aqueles corpos que encontramos, eles não foram mortos por zumbis. Alguém fez aquilo com eles antes de se transformar. Há grupos por aí que farão qualquer coisa para sobreviver — ele fez uma pausa, observando Liz absorver essa realidade. — Nem todos são nossos inimigos, mas não podemos confiar em ninguém.

Liz abriu os lábios, seu olhar indo para o fogo.

— Então, o que faremos quando chegarmos à cidade?

— Vamos ser cautelosos — disse Dan. — Eu e Daniel podemos pegar algumas armas e ir na frente. Vasculhamos as áreas, buscamos qualquer coisa útil. Mas temos que estar prontos para sair rápido se as coisas derem erradas.

Daniel assentiu, seu rosto suportando.

— Faz sentido. Não podemos baixar a guarda nem por um segundo.

O fogo estalou alto, lançando faíscas para o ar, como se estivesse reagindo à gravidade da conversa. A escuridão da floresta parecia mais pesada, o ambiente mais ameaçador. Dan se declarou, apagando as brasas da fogueira com uma rampa de terra, sinalizando que era hora de descansar antes de enfrentá-los o próximo dia.

Ecos na Escuridão: A Jornada de SobreviventesOnde histórias criam vida. Descubra agora