Eu Te Confesso

Capitulo 2

O dia amanheceu mais quente aqui em Nevada, claro que aqui sempre é quente no verão, mas hoje especialmente o calor está mais agradável, deva ser porque ontem tive a oportunidade de montar equipamentos para set de filmagens, conheci dois atores extremamente famosos e fui chamada para uma entrevista com o diretor de um novo filme que vai lançar, se tudo der certo serei assistente pessoal do diretor Arthur Stevy para o filme "Amor de Rua"
Só de pensar que de pertinho vou poder acompanhar o Christopher, já fico com frio na barriga.

Hoje é sábado então me dei ao luxo de passar das 8h da manhã na cama e antes que eu pudesse me confortar a porta se abre, Eloisa Violet 5 anos e que adora bater um papo corre em direção da cama e pula.
— Aaaa não, o que está fazendo? — digo me cobrindo por inteira com a coberta.
— Vamos titia me conte sobre Christopher, como ele é? — Eloisa se deleita sobre mim
Antes que eu pudesse me levantar eu escuto vindo da porta "ahrrrrwwwww"
O pequeno Edward de apenas 3 anos, estava com uma fantasia do hulk e pulou na cama quase que por cima de mim e da Eloisa.
— Aaaa não Dudu, sai daquiiii — Eloisa berra
— Eu só queria descansar — desabafo com um tom triste forjando um barulho de choro.
— Tá bom crianças vamos levantar, posição de soldadinho!
As crianças param um do ladinho do outro e fica com o corpo todo reto.
— Vamos tomar café, quem chegar por último é o zumbie — saio correndo na frente dos dois e logo em seguida eles correm.

Ao descer as escadas ainda correndo me surpreendo com meu pai sentado no sofá mexendo no celular.

— Bom dia Lucy — minha mãe diz passeando pela cozinha com uma forma de bolo e um pano de prato por cima.

Ainda olhando para meu pai na sala e surpresa susurro para minha mãe que está em pé ao lado da mesa — O que ele faz aqui?

— Ele veio te ver — diz a mãe jogando o pano de prato no ombro e desfilando até a pia.

— Oi filha, você está ai! — meu pai levanta e vem em minha direção arrumando o celular no bolso.

— Oi — após cumprimentar friamente, me sento na cadeira e apoio meus cotovelos nas mesa.

meus sobrinhos que antes gritava em meu quarto, agora estão sentados próximo a mim na mesa e sem dizer absolutamente nada.

— Você está precisando de alguma coisa? — o pai diz ainda alguns passos distantes de mim e com a mão no bolso.

— Tudo em ordem, obrigada! — com mais um corte seco me viro olhando para meus sobrinhos que absurdamente estavam calados.

— Então era isso, eu vou lá — ele levanta o braço com o gesto de acenar — Tchau Emilly, crianças e Lucy — então se vira e sai fechando a porta com um pouco de cautela.

Meu pai e minha mãe eram casados e o dia a dia era muito normal, viviamos como uma familia, eu meu pai minha mãe e minha irmã Laura (mãe dos pequenos Eloisa e Edward) minha mãe trabalhava de faxineira e meu pai modelava e construia casas, nunca fomos ricos nem nada aparente e desde pequena eu sempre soube que se eu quisesse realizar o meu sonho eu teria que trabalhar intensamente. Os dia a dia era sossegado, exceto pelas sextas feiras onde meu pai decidia sair, ele bebia intensamente e quando chegava em casa quase arrastado se tornava agressivo, batia em minha mãe que implorava incansavelmente para que ele parasse com tudo isso, minha irmã tentava impedir mas não era o suficiente para ele parar com as agressões, e eu com apenas 6 anos e minha irmã com 9 anos presenciava aquilo tudo. Foram quase 12 anos de tormento, não me sentia em paz e não me sentia segura com toda aquela situação, eu o odiava por fazer tão mal a minha mãe e a cada semana que isso acontecia aquele sentimento aumentava. Até que um dia ele tomou a decisão de ir embora, descobrimos que ele tinha uma outra mulher e genuinamente ele nos libertou. Minha mãe sofreu bastante pois a sua dependência emocional era demasiadamente intensa, e eu não conseguia perdoa-la também por sofrer ou sentir a falta de um homem que só a fez mal. Desde então lutamos diariamente para dar conta sozinha e entre a gente, minha irmã trabalhava em vários empregos depois da escola e quando eu terminei o ensino médio, entrei na empresa do Logan. Minha mensalidade da faculdade era paga através do sálario e o que restava eu entregava para minha irmã pagar as contas que tinhamos em casa(...)