Capítulo 1: A Noite dos ensaios

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Era uma tarde quente em Guarulhos, e Clara Alves estava terminando de arrumar seu quarto. Ela sabia que a casa estaria cheia de risadas e música naquela noite, como sempre acontecia quando a banda do seu irmão se reunia para ensaiar. Todos os membros da banda eram como uma segunda família para ela—todos, exceto Bento Hinoto.

Bento era um mistério para Clara. Ele era o guitarrista talentoso, com suas mãos rápidas nas cordas e um sorriso que derretia corações por onde passava. Mas, para Clara, ele era apenas irritante. Sempre que estavam no mesmo ambiente, parecia que ele fazia questão de provocá-la, a chamando de "loirinha" ou "Clarinha" com aquele tom sarcástico que a fazia revirar os olhos. A fama de pegador de Bento só piorava a situação; Clara sabia que ele era um conquistador, e o fato de Dinho ser tão protetor com ela só alimentava a tensão entre eles.

Naquela tarde, enquanto Clara ajeitava as almofadas na sala de estar, ouviu o som familiar da moto de Bento chegando. Ela bufou e cruzou os braços, já se preparando mentalmente para as provocações que viriam. Logo em seguida, a porta se abriu e Dinho entrou primeiro, seguido por Sérgio, Julio, Samuel, e finalmente Bento.

“Oi, loirinha,” Bento disse com um sorriso travesso, enquanto tirava o capacete e sacudia os cabelos rastafári.

Clara se forçou a sorrir educadamente, embora por dentro quisesse gritar. "Oi, Bento," ela respondeu, o tom tão seco quanto conseguia. Ela se virou para Dinho. "Precisa de alguma coisa, mano?"

“Na verdade, sim,” Dinho respondeu, parecendo levemente envergonhado. “Os meninos vão dormir aqui hoje pra gente ensaiar até tarde. Achei que seria melhor do que ir e voltar tarde da noite.”

Clara tentou não demonstrar sua frustração. Não era que ela não gostasse da presença da banda em sua casa, mas a ideia de Bento estar ali a noite toda a incomodava. Ainda assim, ela não queria ser a irmã chata. “Tudo bem, só não façam muito barulho quando eu for dormir,” ela brincou.

“Pode deixar, Clarinha,” disse Sérgio, sempre o mais gentil do grupo, dando-lhe um sorriso que a fez relaxar um pouco.

Mas Bento não deixou a oportunidade passar. “Pode deixar que eu faço silêncio, loirinha. Não quero atrapalhar o sono da princesa,” ele disse, piscando para ela.

Clara revirou os olhos e se retirou para a cozinha, onde começou a preparar algo para os meninos comerem. Mesmo a distância, podia ouvir as risadas e os acordes de guitarra enquanto os rapazes começavam a tocar. Mas Bento sempre parecia ser o mais alto, o mais presente em seus pensamentos, mesmo quando ela tentava ignorá-lo.

Depois de algum tempo, Clara voltou para a sala com um prato de sanduíches, apenas para encontrar Bento sentado no sofá, experimentando alguns acordes em sua guitarra enquanto o resto da banda discutia a setlist para o próximo show.

“Isso aqui é pra vocês não morrerem de fome,” Clara anunciou, colocando o prato sobre a mesa.

“Valeu, loirinha,” Bento disse, com um sorriso que parecia genuíno dessa vez.

Clara hesitou por um momento, mas antes que pudesse dizer algo, Julio a chamou. “Vem cá, Clarinha! Qual música você acha que a galera vai pirar mais no show?”

Clara deu um passo à frente, se envolvendo na conversa com os outros membros da banda. Durante o resto da noite, ela evitou ao máximo interagir com Bento, mas sempre que seus olhos se encontravam, parecia haver uma eletricidade no ar, uma tensão que ela não conseguia ignorar.

Mais tarde, quando todos estavam prontos para dormir, Dinho organizou os colchões e cobertores na sala. Clara já estava de pijama e pronta para se retirar para o seu quarto, mas parou por um momento para observar os meninos se ajeitando. Bento a olhou de soslaio, e dessa vez seu olhar não era de provocação, mas algo mais profundo, que Clara não conseguia decifrar.

“Boa noite, meninos,” ela disse suavemente, antes de se virar para subir as escadas.

“Boa noite, Clarinha,” eles responderam em coro, mas foi a voz de Bento que ela ouviu mais claramente.

Enquanto se deitava na cama, Clara tentou afastar os pensamentos sobre Bento. Ele era irritante, pretensioso, e o último cara com quem ela deveria se preocupar. Mas, mesmo assim, aquela noite, ela não conseguia parar de pensar no jeito como ele olhou para ela — como se houvesse algo mais além das provocações.

E no fundo, Clara se perguntava se, talvez, ela também sentisse algo além da irritação por ele.

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                 ADM

Oie amores, eu fiz essa outra fanfic, porque a primeira que eu fiz senti que não ficou boa, mas sinto que essa vai da certo! Hoje postarei 2 capítulos

𝐓𝐎𝐃𝐎𝐒 𝐌𝐄𝐍𝐎𝐒 𝐕𝐎𝐂𝐄̂ - 𝐁𝐄𝐍𝐓𝐎 𝐇𝐈𝐍𝐎𝐓𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora