𝐓𝐎𝐃𝐎𝐒 𝐌𝐄𝐍𝐎𝐒 𝐕𝐎𝐂𝐄̂ - 𝐁𝐄𝐍𝐓𝐎 𝐇𝐈𝐍𝐎𝐓𝐎

Capítulo 7: Preparativos para o Shopping

Clara estava ainda absorvida na conversa com Samuel, tentando processar os sentimentos confusos que surgiram após o incidente com Bento, quando Dinho entrou na sala, interrompendo tudo com seu típico jeito espalhafatoso.

“OH CASAL! BORA SE ARRUMAR, A GENTE VAI NO SHOPPING!” ele gritou, com um sorriso malicioso no rosto.

Clara e Samuel se entreolharam e depois olharam para Dinho, com expressões mistas de surpresa e diversão. “Dinho, eu e Samuel não somos um casal,” Clara respondeu, balançando a cabeça em exasperação.

Antes que Dinho pudesse retrucar, Bento desceu as escadas naquele exato momento, cruzando os braços e observando a cena com aquele olhar que Clara já conhecia bem. Ele não disse nada, mas o jeito como ele olhava, com um meio sorriso nos lábios, fez Clara revirar os olhos internamente.

“De qualquer forma, a gente vai se arrumar,” Clara declarou, levantando-se do sofá e puxando Samuel junto.

Os dois subiram as escadas e se dirigiram aos respectivos quartos para se preparar. Clara decidiu que precisava de um banho para relaxar e reorganizar os pensamentos antes de sair. A água morna ajudou a aliviar a tensão, e ela saiu do banheiro sentindo-se revigorada.

De volta ao quarto, Clara escolheu um look confortável e estiloso. Vestiu um cropped branco, um short branco e uma jaqueta preta por cima. Combinou tudo com seu fiel All Star preto. Depois, fez uma maquiagem leve, o suficiente para destacar seus traços, mas sem exageros.

Enquanto terminava de arrumar sua bolsa, colocando celular, dinheiro e outras coisas essenciais, ela ouviu um leve toque na porta. Antes que pudesse responder, Bento entrou no quarto.

“Todo mundo já está pronto,” ele informou, encostando-se à porta e cruzando os braços, os olhos varrendo Clara da cabeça aos pés.

Clara sentiu o olhar dele sobre ela, avaliando cada detalhe de sua aparência. Algo na forma como ele a olhava a deixou inquieta. Bento não era de esconder o que pensava, e o jeito como seus olhos brilharam por um momento ao observá-la a deixou um tanto desconcertada.

“Você fica bem arrumada assim, loirinha,” Bento disse, com aquele sorriso provocador que ele sempre usava para irritá-la. “Quase consigo entender por que o Samuca fica tão grudado em você.”

Clara sentiu o rosto esquentar, mas se recusou a dar a ele a satisfação de saber que suas palavras a haviam abalado. “Obrigada, mas acho que você deveria se preocupar com a sua própria aparência, Bento,” ela retrucou, tentando manter a voz neutra enquanto terminava de fechar a bolsa.

Bento riu, não intimidado. “Eu me viro, Clarinha. Mas você... bom, está arrasando.”

Com isso, ele se afastou, deixando Clara sozinha com o coração batendo um pouco mais rápido do que gostaria de admitir. As provocações de Bento sempre a irritavam, mas, por algum motivo, o elogio inesperado misturado ao sarcasmo tinha mexido com ela.

Ela balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos, e pegou a bolsa. Não iria deixar que Bento a confundisse ainda mais. Desceu as escadas determinada a ignorar as provocações dele e a aproveitar a ida ao shopping com Samuel e Dinho. Mas no fundo, uma parte dela não conseguia deixar de pensar no que aquele olhar de Bento realmente significava.

Clara desceu as escadas e encontrou todos os garotos já esperando por ela. Dinho, com sua energia de sempre, estava organizando todos para a saída. Júlio estava encostado na parede, mexendo no celular, enquanto Samuel e Sérgio conversavam sobre algo trivial. Bento, claro, estava ali também, lançando a Clara aquele olhar de canto que sempre a deixava em alerta.

“Todo mundo pronto?” Dinho perguntou, animado, já caminhando em direção à porta.

“Sim!” todos responderam em uníssono, prontos para seguir.

Eles saíram de casa e foram até o carro. Dinho, como sempre, tomou a posição de motorista. Júlio sentou-se ao lado dele no banco da frente. Clara, Samuel, Sérgio e Bento foram para o banco de trás. Clara logo se encontrou sentada entre Bento e Samuel, com Bento à sua direita.

Enquanto eles se acomodavam no carro, Clara já sentia a tensão aumentar. Bento não perderia a chance de provocar, ainda mais agora, tão próximo.

O carro mal havia começado a se mover quando Bento se inclinou ligeiramente para mais perto de Clara. “Você tá realmente bonita hoje, loirinha. Vai pro shopping procurar algo especial?” ele murmurou, baixo o suficiente para que só ela ouvisse.

Clara olhou de soslaio para ele, tentando não deixar transparecer a irritação que crescia dentro dela. “Só vou ao shopping, Bento. Não precisa ser tão dramático,” ela respondeu, tentando manter a voz firme.

Bento sorriu, aquele sorriso que Clara já conhecia bem, um misto de diversão e desafio. “Dramático? Eu? Jamais. Só estou falando a verdade, Clarinha.”

Clara cruzou os braços, desviando o olhar para a janela, tentando ignorar a presença de Bento ao seu lado. Mas era impossível. O calor do corpo dele, o cheiro suave do perfume que ele usava, tudo a mantinha consciente de cada movimento dele. Mesmo quando ela tentava se concentrar em outra coisa, a presença de Bento parecia dominá-la.

Samuel, percebendo o desconforto de Clara, tentou distraí-la puxando assunto sobre o filme que eles assistiram na noite anterior. Mas, de vez em quando, Bento lançava um comentário provocativo, cutucando Clara de maneiras sutis, mas eficazes.

Finalmente, Clara decidiu que a melhor forma de lidar com aquilo era ignorar. Não queria dar a Bento a satisfação de saber que ele conseguia mexer com ela. Então, ela fechou os olhos, fingindo estar mais interessada na conversa de Samuel do que nas provocações de Bento.

O trajeto até o shopping parecia interminável, mas Clara sabia que precisava manter a compostura. Ignorar Bento era a única arma que tinha, mesmo que, por dentro, ela soubesse que ele estava conseguindo exatamente o que queria: deixar sua loirinha completamente desarmada.