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Capítulo 19

Rana irá ficar em minha casa.
Depois de termos bebido todas no bar, voltamos completamente sem condições para dirigir, tivemos que deixar o carro no estacionamento do bar e vir a pé para casa.
Iremos resolver seus problemas, ela irá procurar um trabalho, um outro trabalho, e irá juntar a grana para pagar a dívida, eu irei ajudá-la também na quantia do valor.
Foi maravilhoso ter aquele momento com ela, só nós duas, bebadas, mesmo que estivéssemos chapadas, estávamos juntas, alegres e compartilhando histórias.
Penso nisso esperando a vinda da babá. As crianças estão em seus quartos e eu estou na mesa da cozinha arrumando algumas coisas. Dereck está no trabalho, Eana na sala e Jack sai para ajeitar alguma coisa de seu casamento.
Casamento. Ainda não estou habituada à ideia de que ele irá se casar novamente, em especial, com a sirigaita que ele me traia. Não desejo infelicidades a sua vida, ao contrário, quero que se sinta tão feliz quanto Dereck e. Acho que, o maior ato de saber que você está crescendo pessoalmente e amadurecendo suas ações, é saber que, a busca pelo desejo de que a vida do próximo que te fez mal, seja tão ruim quanto a sua, não faz sentido. Simplesmente não vale a pena, não vale seus esforços, não vale sua energia.
Deseje o bem, independente de quem.
– O Rilla... – Rana me chama – A moça que vai cuidar das crianças está aqui na porta.
A babá chegou. Saio da cozinha em direção ao corredor e me deparo com a imagem da babá à minha frente.
Seus cabelos são escuros, pele branquíssima, olhos verdes, lábios finos, bochechas rosadas, não é muito alta, acho que possuímos a mesma altura.
– Olá – digo estendendo minha mão para ela.
– Oi – ela aperta minha mão – Como vai?.
– Estou bem obrigada, e você?
– Bem obrigada – ela diz.
Rana está aqui ao meu lado sem dizer nada.
– Essa é a minha irmã – digo –, Rana, seu nome.
– Tudo bom? – Rana a comprimenta – , não precisa repetir, sei que está bem. – ela sorri. – Sim, também estou e, já estou de saída. – ela informa olhando pra mim agora.
– A ok – digo.
Ela vai até a sala, pega sua bolsa e passa por mim e pela babá, ainda estamos aqui em pé.
– Tchau
Balanço com a mão para ela aqui da soleira da porta, e a babá a observa entrar no meu carro e sair.
– Bom, vou te mostrar meus filhos – digo –, entre.
Passando pela porta. ela observa os detalhes da casa e eu esqueço de perguntar seu nome, já que no site e nas poucas trocas de mensagem que tivemos, ela não revelou.
– Desculpe mas..., qual é o seu nome?
Ela muda a expressão de seu rosto, parece ficar séria, insegura e estética. Mas me responde.
– Nancy.
Confirmo com a cabeça e, logo que vou arquear a boca para perguntar seu sobrenome, ela muda de assunto num piscar de olhos.
– Cachorro – ela olha para mim –, amo cachorros, vocês tem um?.
A pergunta sai muito sem rumo de sua boca, mesmo que seja uma informação que eu iria lhe dar, ainda acho..., estranho como ela surgiu.
– Sim – afirmo –, Cat, temos uma cadela.
–Que maravilha, amei o nome, significado diferente do tipo de animal que carrega essa identidade.
– As crianças que escolheram o nome. – digo
Concordando com a cabeça ela me fita com seu olhar.
– Onde estão?
Não respondo sua pergunta, apenas a olho e movo um sorriso de lado, vou até a escada atrás dela e chamo Alye e Arnold.
As crianças vêm para o andar de baixo e todos nós nos situamos no hall da entrada de casa.
– Essa... – digo –, é a babá que tomará conta de vocês durante as noites, todas elas, até mamãe estiver nesse trabalho.
Quando comuniquei a eles que eu iria ter que trabalhar a noite, e que uma babá seria a pessoa que cuidaria deles, suas reações não foram das mais péssimas, Arnold até deu uns pulinhos, por que segundo  ele, com minha ausência, ele poderá ficar acordado até tarde da noite.
– Prazer em conhecer vocês crianças. – ela diz.
Arnold e Alye olham um para o outro e a comprimentam com um abraço seguido de um riso desajeitado.
– Vou te mostrar a casa rapidinho, já estou atrasada para o meu primeiro dia no emprego. – digo para ela, que concorda com a cabeça.

                                                ***

– E é o fim – ela sorri para mim quando voltamos para a entrada da casa novamente, terminando o tour pelos cômodos de minha casa.
– Sim – arqueio um sorriso.
Me agacho para dar um beijo e um cheiro nas crianças já me preparando para me despedir delas.
– Amanhã eu estou de volta. Arnold não durma tarde demais. Alye, de olho nele – ela diz que sim balançando a cabeça em sinal positivo.
Pego minha bolsa com minhas coisas e um casaco.
Dou milhoes de beijinhos nas crianças e me direciono a porta, a babá abre passagem para que eu possa sair pela porta, saio e me viro para ela.
– Cuide dos meus anjinhos,
– Pode deixar comigo senhora Rilla.
Ela diz meu nome. Não disse meu nome a ela.
A porta de casa é fechada por ela e sinto vontade de voltar e expulsá-la de minha residência, expulsá-la de meus filhos, mas não faço isso. Deve ser apenas o instinto materno falando mais alto.
Rana saiu com meu carro.
Só agora percebo isso.
Taxi, vou chamar um táxi.
O táxi chega em alguns minutos e deixo minha casa para trás, deixo meus filhos para trás.

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