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Capítulo 3

Enquanto as crianças, que segundo eles não são mais tão crianças assim, estavam na sala assistindo tv, eu estava na mesa da cozinha navegando pela internet no meu notebook. Normalmente não passo muito tempo nas telas azuis que prejudicam a visão, mas esses dias, estou lendo mais, e como não tenho tantos livros físicos, ainda, tenho que me adaptar a ideia de ler em telas, não gosto muito, mas tenho que economizar dinheiro. Portanto não posso gastar com livros físicos. Estou lendo um livro de romance, sempre gostei de livros desse gênero, a sensação de ser amada, ver pessoas se apaixonando e doando o que a melhor de si para outra pessoa, é fantástico. Sempre me questiono o que é o amor?, sempre possuo várias respostas e as vezes possuo zero respostas. Mas no momento, amar, a ideia do amor para mim, nada mais é do que a junção de duas pessoas em uma só. Um plural no singular. O dois que agora é um. Se resume na ideia da junção de amor incondicional com a perfeição da dança de se apaixonar.
Aaah o amor...
Já fui e sou uma mulher apaixonada. Me apaixonei poucas vezes na vida, cerca de umas 4 vezes, mas todas elas, com toda certeza, foram intensamente intensas a um nível absurdo. Amo a sensação de amar. De amar meus filhos. De amar Dereck. De amar a mim mesma. Por que, para se amar uma pessoa, é necessário se amar em primeiro lugar. É preciso ter certeza de que seu amor por si mesmo é tão forte quanto o amor que você está disposto a depositar em alguém, antes de se tornar um só.
Dereck. O que deve estar fazendo agora?
Antes de me tornar noiva de Dereck, fui sua namorada, e antes de me tornar sua namorada, fui peguete, e antes de tornar sua peguete, fui sua desejada, e antes de ser sua desejada, fui noiva de Jack. Jack, no dia em que ia me casar com ele, eu já estava grávida das crianças, e no exato momento em que estávamos trocando os votos e em seguida íamos trocar as alianças, o celular dele, que estava conectado a uma caixa de som por via Bluetooth, soltou um som que abalou todo o casório. A voz de uma mulher o chamando de amor, e perguntando que horas ele chegaria, por que ela estava lisinha e apertadinha para ele. Até hoje não sabemos quem soltou aquele áudio. Mas agradeço a quem tiver feito o ato, pois só depois de ter ouvido aquele áudio e ter dado um bom soco na sua cara, que eu não me tornei mulher de um babaca.
Apesar de Jack ser um babaca, cara de pau, sem sal, idiota, canalha é nada bom na cama. Ele ainda é pai das crianças, e seria um uma decisão de muito mal gosto se eu não o deixasse velas com frequência, o seu erro não significa que ele seja um pessimo pai, significa que ele é, ou melhor, seria um pessimo marido. Vai ver por isso até hoje não se casou, mas namora. E tenho certeza que é com a cirigaita que falava no áudio. Obrigada cirigaita por mostra quem era o homem que eu estava prestes a me tornar esposa.
Passei um bom tempo longe de pessoas. De me relacionar com pessoa amorosamente. Mas Dereck me impediu e me interrompeu dessa pausa, roubando o meu coração para si. E eu o dele para mim
Saio dos pensamentos e volta a parte em que o mocinho está se declarando para a mocinha, fofos.

***

Paro na página 138 quando Arnold me chama na sala para que eu possa me juntar a ele e Alye na sala para assistirmos juntos a um filme. Deixo o notebook sobre a mesa de madeira e posiciono a cadeira debaixo da mesma. Atravesso o corredor e vejo que Cat está no quintal, me aproximo da janela no corredor e a observo olhar fixamente em um ponto de um arbusto verde. Ela não late. Não se mexe. Não pisca os olhos. Apenas observa atentamente o seu alvo. O arbusto. O que está vendo ali Cat? Não consigo ver nada.
Pergunto para uma das crianças.
— Quem deixou Cat ir para fora?.
— Eu — Alye responde — Ela estava inquieta, passando as patas na parede e depois na porta de sua saida, presumi que ela estava querendo sair para fazer não sei o que. — Ela se justifica para mim.
— Ah.. tudo bem — digo deixando a janela e Cat.
Chego na sala e os dois filhos mais lindos do mundo estão aguardando minha presença para iniciarmos o filme,
— Qual será o filme? — pergunto
— Jurrasic Park — Arnold responde
— Uuu adoro — Digo
— Eu também, apesar de já termos assistidos muitas vezes — ele ri para mim
— Um filme bom nunca perde a sua essência, a cada vez que assistimos, é como se fosse da primeira vez, só vamos apreciando a cada momento ainda mais — respondo para ele
— Pide ser, acho que tem razão.— ele diz
— Sempre tenho — faço cara de deboche — Sou a super mamãe esqueceu? — Brinco com ele, e faço cócegas em sua barriga.
— Para, para — ele diz não resistindo mais de tanto rir.
Olho para Alye e ela está nos observando.
— Sabe quem está apaixonada mamãe — Arnold me pergunta
— Oooh não sei não! Quem está? Me conte vai! — faço interressse, mesmo sabendo que ele está zoando a irmã.
— Por favor parem — ela nos pede
— ALYE JAYCKS RIDE — ele grita
— Meu Deus. Que notícia incrível. A minha filhinha está apaixonada? Sério?
— Me matarei agora se vocês não pararem. — ela levanta uma sombrancelha
— Ok ok — eu digo rindo para Arnold.
— Mas... — Arbold começa novamente
— Ok agora é guerra de almofadas de sofá — Ela diz e começa o combate
Brincamos de guerra de almofadas por muitos minutos até finalmente nos cansarmos. Iniciamos o filme e ficamos todos aninhados no sofá, estamos na parte em que os convidados estão conhecendo o parque.
—Quero pipoca— pede Arnold
— Eu tbm— completa Alye
— Ok, vou preparar a pipoca— me levanto e vou em direção a cozinha.
Quando entro no corredor, percebo que Cat ainda está lá fora, dessa vez não olhando para o arbusto. Mas para mim. Ela está vidrada em mim. Como se quisesse que eu enxergasse algo que só ela está podendo ver e eu não. Eu a chamo.
— Cat? Vem aqui menina.— digo
Ela me olha, depois olha para o lado direito, em direção a rua, em seguida abaixa a cabeça e se levanta, ficando de pé com as quatro patas. Ela anda até a porta dos fundos da cozinha. Vou até lá e a abro para que ela possa adentrar, quando ela estra em casa, me abaixo a sua frente e a acarencio.
—Cat, o que você está tendo garota?— digo
Ela se senta e olha novamente para mim, mas agora balança o rabo quando Arnold vem me cobrar as pipocas.
— Ei menina, quem é a bebê mais fofa desse mundo?— ele brinca e a denga pegando em seus pelos.
Ela agora parece um pouco mais feliz, como se na presença das crianças, ou pelo o menos aqui com Arnold, não quisesse mostrar esse lado de "tristeza "? .
Não sei.
Ela vai correndo agora para a sala e Arnold se vira pra mim e diz.
— Super mamães fazem pipocas mais rápidas— ele me questiona duvidando da minha capacidade.
— Eu salvei o Alaska de ser derretido por completo por um grande meteoro que ia o atingir em minutos— digo cruzando os braços acima do peito
— Hum... Tudo bem.— ele diz — mas quero pipocas doces também.
— você não dá uma folga pra super mamãe né?
Ele ri e volta para a sala para se juntar a Alye e a Cat.

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