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Capítulo 21

Não faz nenhum sentido.
Como ela estava lá em baixo a poucos segundos e agora está aqui comigo?.
— Como? — digo sem entender o que está acontecendo.
A Babá, ela me olha, na sua mão direita, ela segura uma faca, está melada de sangue, sangue que são dos meus filhos. É perturbador demais, não consigo entender mais o que está acontecendo. Sua pele está vermelha, não de uma forma que seja causado por uma corrida ou algo do tipo, ela está com pequenos pingos de sangue.
Olho para os lados e vejo que o quarto é o das crianças, não tinha me tocado desse detalhe, Cat rosna para a babá atrás de mim, olho para o chão aos seus pés, e consigo ver a quantidade de líquido vermelho espalhado pelo chão.
A cama de Alye possui mais manchas de sangue. A de Arnold, possuiu mais indícios de que a faca que está nas suas mãos, esteve várias vezes dentro do corpo dele e de seu colchão também.
Estou trêmula, sinto tanta raiva, tanto ódio que grito para ela na minha frente.
— Por que? — digo —, me diz, por que? — Choro.
Escuto os passos de alguém subindo na escada, é O policial Jobs, ele me grita me chamando.
— Jobs... ela está ... — sinto o mundo girar.
Sou atingida por um golpe, a babá me jogou o abajur que ficava na escrivania do quarto, estou no chão, completamente tonta.
Não aguento mais, estou cansada, quero matá-la, quero ver sua morte.
— Rilla, o que está acontecendo ? — Jobs me questiona com voz de apavoro.
ELA TRANCOU A PORTA.
Seu rosto está completamente conturbado, manchas de sangue a enfeitam, sua boca possui mini gotas vermelhas, ela chora e eu a encaro do chão, sei que irei morrer, mas antes de morrer irei matá la, irei levá la junto comigo, se eu tenho que morrer, se meus filhos morreram por sua conta, nada mais justo, de que eu também tirar sua chance de respirar novamente.
— Por que Nancy? Como você estava lá e agora já está aqui? — Minha voz quase não sai.
— Rilla? Vamos arrombar a porta! — Jobs me informa — Me diz o que está acontecendo aí dentro ! — Sei que Dereck, Jack estão junto com ele, Rana e senhora Clarck também, vejo seus comentários de apavoro.
Agora ela me fulmina com o olhar.
— Você pensa que eu sou ela ? — ela diz numa voz de maldade —, Você é tão ingênua Rilla! — Sua voz está perversa, está maldosa, ela range os dentes e consigo sentir a tensão que eles me deram.
Continuo olhando para ela ainda no chão, só agora percebo que minhas mãos estão cortadas novamente, os cacos de vidro do abajur, é isso.
— Nancy é uma vadia, aquela é minha irmã gêmea, ela não te disse? — ela se agacha chegando mais perto de mim —, que peninha, estou triste, sou uma irmão tão boazinha — ela faz uma expressão de choro.
— Ela não matou eles? — Digo em sussurro.
Minha respiração fica cada vez mais ofegante, não sinto minhas pernas, estou cada vez mais sem forças, mas tenho que manter o pouco que está me restando, é a única opção.
Nancy tem uma irmã gêmea, e agora percebo uma diferença entre as duas, essa aqui, sua irmã, não possuiu a mesma altura, ela é mais alta, pele mais morena.
— Nancy? — ela faz cara de deboche —, aquela idiota não machucaria uma mosca.
— Como... — engasgo —, como é seu nome?.
Ela abre um sorriso, e lambe um pingo de sangue seco em seus lábios.
— Nency, com " e ", somos gémeas quase idênticas.
Como isso pode estar acontecendo comigo?.
— Eu matei eles Rilla, matei seus filhos — ela diz e, eu não consigo mais soltar  lágrimas —, Foi tão prazeroso, sabe como eles estavam ?, você não deve querer saber, mas vou te dizer do mesmo jeito — ela ri, ainda agachada na minha frente —, como anjos, eles dormiam quietinhos, Alye com um ursinho tão fofo, Arnold com um dinossauro de brinquedo ao seu lado, estavam tão tranquilos Rilla....
A porta é atingida por um impacto.
— Vamos começar a arrombar — Jobs grita lá de fora.
Ela olha para trás e se vira para mim.
— Manda eles pararem ou eu vou te matar agora mesmo.
Se eu morrer, poderei ver eles, meus filhos, poderei estar junto a eles, mas nem morta que irei deixar ela sair dessa bem, não tão bem, mas não viva pelo menos.
— Parem, por favor, parem, não arrombem a porta — grito para a porta —,  ela pode me matar.
— Ela quem? — Dereck me questiona.
Nesse momento olho olho no olho dela e falo.
— Nency, a irmã gêmea da Nancy.
Sinto o silêncio e somente a voz de Nancy lá de fora  paira no ar quando ela diz.
— Não...
  A gargalhada que Nency dá é de estremecer todo o corpo.
— Suas mãos foram cortadas, né ?, deu tanto trabalho colocar milhares de cacos de vidro na corrente de água — ela diz —,  O nome em vermelho no espelho do seu banheiro, o ferimento de sua cadela insuportável que eu mesma causei, tudo aquilo foi eu que causei minha querida Rilla.
Não choro e não me deixo mostrar que estou fraca, apesar de estar, me mostro forte e antes de tudo acontecer eu faço minha última pergunta.
— Por que fez isso comigo?
Ela ri, e pega sua faca passando o seu dedo indicador na parte da lâmina.
— Algumas coisas merecem não viver — Ela chega mais perto de mim com a ponta da faca em meu pescoço —, tipo você, tipo seus filhos, passei a maior parte da minha vida em uma clínica psiquiátrica, internada, passei 15 anos em um quarto branco, tomando remédios, com todo mundo me dizendo que eu era louca, ouvi isso da minha própria irmã, fui diagnosticada com depressão, esquizofrenia e transtorno de personalidade, chique não acha ?, eu sou doente, e de tanto minha irmã dizer que eu sou louca, eu realmente quis mostrar até onde a minha loucura poderia ir, então soube que iria trabalhar com crianças,e bom, queria incriminá-la com o assasinato. Queria estragar a sua vida.
A faca está no meu pescoço, está a alguns segundos de ser penetrada na minha pele.
— Sim, muito chi...
Antes de terminar minha frase eu enfio em seu peito uma lasca de vidro do abajur em seu peito, em seu CORAÇÃO, 
Seus olhos agora estão fixos aos meus, vejo a raiva em seu olhar, a dor do pedaço do objeto que cravei em seu corpo.
  — Você... — ela diz num sussurro em cima de mim.
A lateral de sua boca, está escorrendo uma fina linha de sangue, que agora pinga em mim.
— Vá para o inferno – digo rangendo os dentes.
Ela deixa o corpo cair sobre mim e larga a faca que estava tão próxima a minha garganta.
Olho para o teto, uma única lágrima escorre do meu olho esquerdo.
Apago.

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