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Capítulo 22

— Está melhor?
Abro os olhos e vejo seus cabelos loiros, sua pele branca e sua boca rosada, voltei aqui novamente.
— Sim. — Digo.
— Que bom Rilla. — Geovana abre um sorriso.
Estamos só nós duas aqui novamente, no hospital onde fiquei durante um tempo na noite passada e nessa madrugada de hoje.
Não sei onde Dereck está, nem Rana, nem Clarck, nem Cat, nem Jack, nem mesmo Nancy.
Ainda estou em choque, apesar de responder que estou bem, estou perplexa por tudo que aconteceu. A perda dos meus filhos, a fuga do hospital, a interrogação na minha casa e o... Assasinato da irmã gêmea de Nancy. A nossa babá, também não sei onde ela está. E não sei se quero saber.
Eu matei ela.
A cena está empreguinada na minha mente. Ainda sinto a sensação do pedaço de vidro do abajur adentrando sua pele, não foi tão difícil quanto esfaquear aquela árvore naquele dia no parque. Mas a sensação de saber que eu realmente matei uma pessoa, ainda é assustador. Não que não seja fácil, mas me assusta um pouco. Matei uma pessoa.
FARIA TUDO NOVAMENTE.
— Onde estão todos ?. — Pergunto.
Ela me olha e se senta nos pés da cama onde me encontro deitada.
— Dereck foi pegar um café, Rana sua irmã, está resolvendo as coisas do... Enterro. — ela parece tomar cuidado com essa última palavra — A sua vizinha, a senhora Clarck, está em um outro quarto aqui do hospital, — ela diz e eu a interrompo.
— Ela se machucou ?.
— Não, não fisicamente, está um pouco abalada demais, como todos, mas por ser idosa, sua pressão arterial se elevou, e ela passou mal e teve que ficar aqui em observação. — Ela me explica — Ela está aqui na frente, logo, logo, você poderá vê-la ou visse e versa. — Ela sorri simpática.
— Jack?. — Digo.
— Ele veio até aqui mais cedo e... voltou a sua casa, acho que daqui a pouco estará aqui, com você. Todos estarão.
Menos meus filhos. Eles não estarão comigo, pelo menos não aqui no visualmente, no carnal, ao vivo. Sinto tanta falta deles. Começo a chorar. Não desesperadamente, é um choro leve, manso e de luto.
— Cat deve estar sentindo sua falta. — Geovana tenta me destrair.
— Sim, com certeza sim — digo.
Olho para ela com os olhos embaçados.
— Obrigada. — Digo em sussurro para ela — Você me ajudou e sabia quem eu era.
Seu olhar parece sincero ao ouvir minhas palavras.
— Não fazia ideia de que ele estava prestes a se casar — Ela me diz —, se eu soubesse, nunca que estaria tendo um caso com ele, Rilla, sei que o ocorrido deve ter te causado diversos problemas, e talvez ainda causa. Jack errou, e eu estou ciente sobre seu erro, e ele também.
Não quero ouvir sobre isso, não estou num bom momento para ter essa conversa, mas sei que é necessária, e não vou impedi-la ou interromper seu lado da história. Deixo ela continuar.
— Eu me apaixonei por ele, sou apaixonada por ele a cada dia mais, e ele por mim... — ela pausa —, O casamento foi cancelado por motivos óbvios, mas não iremos desistir de nós. Não apoio o que ele fez com você, e quando ele me contou todo o ocorrido, pensei em desistir mais de uma vez, mas eu o amava, e ele a mim... Sei que isso deve soar muito estranho para você, sei que não deve ser fácil, escutar a mulher que o seu homem tinha um caso falando com você, sobre tudo isso, mas achei necessário. — ela termina sua explicação.
Apesar de tudo, acredito nela, ela parece ser sincera, parece estar querendo me falar a verdade.
Jack é o pai dos meus filhos, e ele sempre será, tenho que agradecer a ele por ter me dado Alye e Arnold, mesmo que por um tempo, apesar de tudo, eles ainda serão meus filhos, para sempre. E eu os amarei eternamente para todo o sempre.
— Está tudo bem — digo —, talvez fosse pra não ser mesmo, talvez Jack sempre foi seu, e deveria ser assim. E, talvez, Dereck sempre foi meu, e é assim que deveria ser.
Ela me encara com atenção.
— Seu apelido é Sirigaita. — Digo.
  Ela ri agora, não um riso contagioso e alegre, mas um riso de " é justo nas circunstâncias em que você me imaginava  ".
Eu, abro um leve sorriso no rosto, as lágrimas agora estão secas em minhas bochechas.
A porta do quarto se abre. Dereck, é ele que está entrando no quarto.
Dereck se encosta na cama ao meu lado e beija minha testa, Geovana pede licença e sai do quarto, ao abrir a porta, Jack a encontra no corredor, a porta entre aberta, revela os dois num abraço, vejo Jack chorar em seu ombro, ela tenta acalmá lo, segura seu rosto com as mãos, e o limpa. Ele dá um beijo em sua têmpora. Ela segura a mão dele e ao voltar a outra mão para fechar a porta, sorri para mim, e puxa a maçaneta para bloquear a minha visão do corredor.
— Você está bem? — Dereck ocupa o lugar que Geovana estava na cama comigo.
— Estou — digo —, ou pelo menos irei ficar. — Olho para ele.
— Vamos estar juntos Rilla, — ele segura minha mão —, vamos passar por tudo que vier juntos, para sempre.
  Penso neles novamente. Em como queria poder abraçá-los só mais uma vez.
Lembro dela, onde ela está? Para onde foi? Por que ninguém me disse nada sobre ?.
— Onde está a Babá Dereck?.
Ele suspira
— Logo depois de termos conseguido derrubar a porta, socorremos você, os policiais na verdade fizeram isso, o corpo de Nency foi levado pelo IML, o policial Jobs entendeu o caso quando viu a cena e encontrou as digitais dela na faca e no corpo das crianças. — Ele me diz — A Nancy foi levada para a delegacia, não será presa, até por que não sabia da saída da irmã gêmea da clínica psiquiátrica, e não sabia dos planos que ela estava prestes a executar.
Só concordo com a cabeça e agora olho para o teto.
É tudo branco.
Tudo aqui parece ser.
Sempre escuto.
Eles.
Vozes.
Mas nunca soube o por que escuto tantos barulhos.
— Eu te amo — ele me interrompe dos meus pensamentos intrusivos.
— Também te amo. — Digo.
Não ele não ama
Mate ele.
Ele não te ama.
É tudo mentira.
Você já fez isso uma vez.
Não é tão difícil, vá em frente.

As vozes de minha cabeça me ordenam, e eu as obedeço.







      FIM.

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