Liberdade

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Pov. Gabriela

Meus olhos permanecem fixos na tela da televisão, a imagem de Marianne sendo escoltada para fora do prédio pelos policiais ainda gravada em minha mente. Uma mistura de alívio e choque atravessa meu corpo, mas logo sou tomada por uma onda de satisfação. Marianne Steinbrecher, a mulher que parecia intocável, finalmente estava atrás das grades.

Dei um passo para trás, ainda segurando o controle remoto, enquanto uma risada silenciosa escapava pelos meus lábios. Eu não esperava que a justiça viesse tão rápido, mas ali estava ela, estampada em letras garrafais na televisão.

Minha felicidade foi interrompida pelo som suave da porta do quarto se abrindo. Sheilla apareceu na entrada, com os olhos ainda pesados de sono. Quando ela percebeu a minha expressão, inclinou a cabeça de leve, confusa.

- O que foi? - ela perguntou, a voz rouca da manhã ainda carregada com o cansaço da noite anterior.

Hesitei por um segundo. Não sabia como ela reagiria à notícia. Marianne ainda ocupava um espaço na vida dela, mesmo que fosse uma presença tóxica e destrutiva. Eu respirei fundo e apontei para a televisão.

- Marianne foi presa - solto hesitante.

Os olhos de Sheilla se arregalaram por um momento, e eu não sabia se era surpresa ou alívio o que brilhava ali. Ela avançou lentamente até o sofá, sentando-se ao meu lado, sem dizer uma palavra. O silêncio entre nós era pesado, mas eu podia sentir a tensão se dissipando, camada por camada.

- Presa? - ela sussurrou, como se ainda estivesse processando a informação. - Por agressão?

Assenti, sem tirar os olhos dela.

- Não sei quem fez a denúncia, mas parece que ela vai pagar pelo que fez. Finalmente, Sheilla abaixou o olhar para o chão, sua expressão indecifrável. Por um instante, pensei que ela fosse defender Marianne, encontrar alguma razão para justificar o que a ex-esposa havia feito. Mas, em vez disso, ela se aproximou de mim, envolvendo seus braços em torno do meu corpo, seu rosto encostado em meu ombro.

- Isso significa que... Eu estou livres? - ela sussurrou, sua voz frágil, quase como se não acreditasse na própria pergunta.

Segurei-a com mais firmeza, passando os dedos pelos seus cabelos enquanto tentava encontrar as palavras certas.

- Sim, Sheilla. Você está livre!

Ela suspirou contra meu ombro, e pude sentir o peso que estava sobre seus ombros se dissolver. Finalmente, depois de tanto tempo, havia uma chance de recomeçar. De verdade.

Pov. Nathalia

O caminho de volta para casa foi silencioso. Meu telefone não tocou mais desde a última ligação com Lorraine, e as palavras dela ainda ecoavam na minha cabeça: "Vai se foder, Nathalia." Era um fim abrupto para uma amizade de tantos anos, não sei se foi certo quando prometi que Gabriela voltaria correndo pra ela quando a verdade fosse lançada ao jogo.

Cheguei ao meu apartamento e joguei a bolsa no sofá. Meu corpo parecia pesado, como se todo o drama dos últimos dias estivesse pesando em cada músculo. Não sabia o que fazer agora. Minha promoção, que antes parecia a solução para todos os meus problemas, agora parecia um fardo.

Eu sabia que Gabriela tinha razão. Alguém sem sangue. As palavras dela ecoavam em minha mente. Ela não se referia apenas à força de vontade ou à coragem. Ela falava da minha falta de nome, dinheiro que vem do berço e de como sua mãe me tratava como serviçal dela e não como braço direito. E, para piorar tudo, descobri que Marianne estava presa e isso com certeza vai deixar Fátima uma fera, tudo que parecia estar certo estava desmoronando e, de alguma forma, eu me sentia responsável por isso.

Peguei o telefone mais uma vez e disquei o número de Lorraine. Precisava de uma segunda chance, uma última tentativa de consertar o que tinha quebrado.Ela não atendeu.

___ Você está sozinha Nathalia... Sozinha.

Pov. Marianne

As algemas eram frias contra minha pele, mas não era isso que me incomodava. Era a sensação de derrota. A sensação de que todo o controle que eu pensava ter estava se desmanchando na minha frente, como areia entre os dedos.

O carro da polícia balançava enquanto me levavam para a delegacia, e as palavras dos policiais ecoavam na minha cabeça: "Você está presa por agressão." Não, aquilo não podia ser verdade. Eu não podia perder para Sheilla, para Gabriela, para ninguém.

Eles não sabem do que sou capaz.

Eu estava destruída por dentro, mas não acabada. Não importava quantos muros fossem erguidos ao meu redor, eu encontraria uma maneira de sair. De recomeçar. De me vingar.

Mas agora, tudo o que eu podia fazer era esperar.

Pov. Gabriela

Quando voltei para o quarto, encontrei Sheilla adormecida novamente. Ela parecia tão tranquila, como se todo o peso do mundo tivesse sido retirado de seus ombros. Me deitei ao seu lado, acariciando suavemente seus cabelos, me sentindo grata por esse momento de paz.

A notícia da prisão de Marianne era um alívio, mas, ao mesmo tempo, uma preocupação. Sabia que Marianne não desistiria tão facilmente. Ela sempre tinha algo na manga.Mas, por enquanto, preferi me focar no presente. Nós estávamos juntas. E, por mais que houvesse desafios à frente, eu faria de tudo para protegê-la.

Porque, acima de tudo, Sheilla era minha. E eu era dela.

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