"Exacerbado, em estado catatônico, neurótico, obstinado, em uma fria catarse de impulsos somáticos advindos de uma pulsão imaginária e uma vontade de vencer, outrora o grande ficou pequeno na luz da escuridão, em crise com vísceras a mostra, o velho Pitágoras sofre... sofre pela imensidão do vazio e pela insistência da dor, seus laços dizem mais sobre o que não é, do que de fato a sua existência indica, velha a morte e novo é o júbilo do conhecimento, punível de morte passível de angústia deixo essas cartas ao que dizem e riem das minhas descobertas, deixo a dúvida para o mais cruel e as riquezas para o mais tolo, quer leia, quer não, quer vida e paixão, quer luz e ressureição, sua alma podre avistará a imensidão do que retorna a ser o nada e do que vem a ser todas as constantes cósmicas que moldam o universo vazio e caótico para uma existência mais tolerável, meu Pitágoras te escrevo pois só eu enxergo a sua face, de Azaléa a renegada pela ditadura da subserviência para o último fantasma das causas nobres do prefácio do conhecimento, bestializado pelo saber e punido pela natureza hostil dos mil flagelos que vão te atormentar até o último suspiro da sua existência mortal, a alma mais impura, a flor mais morta, a vida que menos vale a pena ser vivida, quiçá quisera ter o dom da inexistência ou direito a tomar de volta o vazio para si mesmo, nem isso te deixaram bom soldado, bom homem, bom amigo, regurgita a tua carne ali mesmo peste e morra bem tranquilo como a praga que tu trouxe a esse mundo, velho Pitágoras, te escrevo do limbo que te vi e te reconheci como o mestre dos mestres, e á Kalius e Golst malditos sejam por permitirem tal monstruosidade, eu pessoalmente os abençoaria depois de passarem a criatura para um status de sublimação eterna.
Escrevo minhas cartas como recordação mestre, tua postura que compadecia das minhas angústias, frustrações, decepções, alegrias, carmas e estigmas, me ajudou em dias de raiva, tristeza, nostalgia e felicidade, por mim tu poderias morrer juntos da sua memória doentia que me corrompe desde o dia da sua partida, maldito sejas, mil mortes dolorosas seriam pouco para ti, queime maldito, queime! E volte como nova criatura, volte como prefácio do que já foi, espero que se fruste e que seu coração seja trago a mim empalado nessa foice que dá tão pouco e te tira tanto. Sua ida é um frescor para minha mente, e causa o atrofiamento do meu corpo, sua vinda foi a desgraça da minha vida e a mudança de um todo, te escrevo agora maldito, pois queria muito que não tivesses existido, queria que tudo ainda fosse nada, que o esquecimento do que foi, continua sendo e futuramente será, ainda fosse oculto e permanecesse por lá, quero morrer, mas antes de tudo queria poder te matar, te livrar da sua obsessão pelo nada, eu queria tudo para ti, um desejo morto, uma vida alçada, uma ponte não completada, volte eu preciso de mais e anseio por mais e queria ter mais, mas não existe mais, nem menos, nem nada, tudo voltou ao nada, por isso eres maldito criatura, um ser sem peçonha, sem ferrão, mas que da tua língua maldita saiu o pior dos venenos, os sábios mais ignorantes foram os mais espertos que eu já conheci, e tu está no topo como o imbecil mais lúcido que eu conheço, quisera eu ter esse nível de insanidade beirando a idiotice, só assim alcançaria aquilo que eu almejo e que seria a ideia mais sábia desse mundo... Veio a mim as suas indagações mas quero manter minha vivência arejada de novas possibilidades de fazer o que deve ser feito, quero deixar claro a minha indignação, e minha frustação contigo, com o universos, as entidades e todos! Absolutamente todos! Não merecem os dons, nada do que existe evolui e tudo e entregado, através das preces os servos nascem, através da crença a criatura se vai, sem conhecer seu deus, e ao destino que lhe é reservado, é uma doce ironia, tu me mostraste isso ao cair perante o céu e maldito sejas...
Termino essa última carta, que vai vagar pelo espaço na espera de te reencontrar mestre, e espero sinceramente que ela nunca chegue a ti, por que eres um mal no espaço e um câncer cósmico, tua jornada vai além dos limites do conhecido e esbarra no caos do infinito vazio desconhecido, onde tudo que você pensa saber na verdade não é tão importante, sua luta não importa e seus inimigos te cercam por todos os cantos, mas sem atacar, pois sabem que da tua boca saíra a tua própria ruína, por isso és dentre todos os confins do universo que eu conheço o verme mais podre que eu tenho relato, e mesmo assim a única esperança desse poço sem fundo chamado espaço"
Azazel, a última poetisa entre os mundos
Chegamos a segunda temporada, as coisas vão tomar novos rumos, e esse prólogo é só um esquenta, esperem mais caos, mais loucuras, novos personagens, novos objetivos, uma nova busca, porque o último capítulo trata justamento sobre isso renovação, e essa carta do futuro busca justamente passar um pouco do que eu quero trazer na nova temporada, sem entregar muita coisa, e ao mesmo tempo mostrando alguns pontos que vão sem mais bem desenvolvidos.
O próximo lançamento vai ser um Spin Off da história de Oblivia e Heliolita, contando o passado, trazendo mais alguns personagens que foram importantes e detalhes sobre eventos que levaram a acontecimentos e fechamentos do Capítulo XIII (Treze). Enfim temos mais coisas pela frente, espero que gostem e até a próxima!
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Crônicas do Espaço
Science FictionEm um mundo ressurgido do caos surge um ser para estabelecer a ordem, como um relojoeiro ajustando os ponteiros de um relógio que só andava para trás, ele mergulha o mundo na destruição e o faz renascer como uma fênix recém nascida, a esse novo clar...