Hargroove

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Hawkins, Indiana
27 de Outubro, 12:30

Depois da noite de pizza com Max e meus irmãos liguei para a casa de Layla e combinei de nos encontrarmos no outro dia. Fomos dormir tarde e Max acabou ficando aqui em casa. Acordamos 12:30 com os gritos da minha mãe no andar de baixo.

- Clover, peça pra Max descer! - Não entendi o porquê e eu e Max descemos logo em seguida.

- Vai morar aqui? - Billy, o irmão da Max, dizia enquanto se encontrava parado no batente da porta, nos encarando - A sua mãe tá te procurando.

- Eu tentei ligar pra casa, mas acho que vocês estavam dormindo. - Max disse enquanto parava para pegar suas coisas no nosso sofá.

- Não querem almoçar? - Minha mãe perguntava. - Você é sempre sempre bem vindo aqui, não é Clover?! - A olhei repreendendo

- É, sim. Você é bem vindo Billy.

O garoto me encarou por alguns instantes e logo em seguida entrou.

Algo que não mencionei é que o Billy não é meu primo e não tem nenhum laço familiar com a gente, mas é sempre bem tratado pois meus pais gostam dele (não sei como).
Sendo assim, eu meio que já fiquei com ele uma vez. Ou duas, mas isso não vem ao caso. Né?...

A minha família não sabe disso, até porque eu acho que não gostariam. Mas em especial o Jace, por ser amigo próximo do Billy.

Almoçamos e o silêncio era angustiante. Isso me deu saudade do meu avô. Até porque, era sempre ele quem quebrava o clima tenso perguntando coisas sem sentido para nós e nos fazendo rir.

Depois do almoço, Max e Billy foram em bora e eu subi para escovar os dentes e trocar de roupa. Coloquei uma blusa preta, uma jaqueta de couro e uma calça jeans preta e desci, indo de encontro com Jake.

- Para onde você vai? - questionei

- Vou até o centro comprar alguns filmes, por que? - Ele dizia enquanto pegava um capacete.

- Me leva, preciso ir até a biblioteca. - Peguei um outro capacete no armário e ele só saiu andando, aceitando sem muita opção.

Subi na moto com Jake e fomos em direção ao centro. O vento em meus cabelos era refrescante e me acalmava.

Chegamos e nos despedimos. Ele foi até a locadora e eu fui até a biblioteca, onde encontraria Layla, minha amiga. Ou melhor, minha única amiga.

- Oi! - A loira veio em minha direção e me abraçou - Já está melhor? - ela se referia ao meu avô.

- Sim. - Ela me olhou, nitidamente duvidando de minhas palavras - Tá bom, pelo menos tentando.

- Já é um bom começo. Vamos? - Ela disse enquanto entrava na biblioteca.

Passamos a tarde alí escolhendo alguns livros para pegar emprestados. Subi em uma das escadas para pegar um dos livros que estavam no alto da estante, até notar que Layla não estava mais lá em baixo.
Desci curiosa e fui procurá-la.

- Layla?! - Fui atrás dela e acabei dando de cara com Billy. - O que você tá fazendo aqui?

- É uma biblioteca pública. Provavelmente eu esteja procurando livros, não é?!

Billy estava com um meio sorriso, o que só aumentou minha irritação. O que ele estava fazendo ali? De todas as pessoas, ele tinha que aparecer justamente naquele momento.

- Eu sei que é uma biblioteca pública, não precisa ser sarcástico. - Respondi, cruzando os braços e tentando manter a calma. - Mas... você não falou que ia pra casa?

- Fui. Peguei umas coisas e depois decidi passar aqui. - Ele respondeu com a mesma tranquilidade, os olhos azuis fixos nos meus, como se tentasse desvendar o que eu estava pensando. - Mas parece que o destino sempre coloca a gente no mesmo lugar, né?

Revirei os olhos, mas antes que pudesse responder, Layla apareceu de repente.

- Ah, te achei! - Ela disse, sorrindo, mas seu sorriso murchou ao ver Billy. - Oi, Billy. Não sabia que você vinha.

- Pois é, surpresa para as duas pelo visto, não é?! - Ele respondeu, sem tirar os olhos de mim.

- Clover, a gente... - Layla começou, mas parou quando percebeu o clima entre nós. Ela me olhou de canto, como se estivesse tentando entender o que estava acontecendo. - Tá tudo bem?

Eu não sabia se devia rir ou ficar irritada com a situação. Lá estava Billy, agindo como se nada tivesse acontecido entre nós, e Layla, completamente perdida no meio disso tudo.

- Tá tudo ótimo. - Respondi, minha voz saindo mais afiada do que eu pretendia. - A gente já ia embora, né, Layla?

Ela me olhou confusa por um segundo, mas logo assentiu, percebendo que eu queria sair dali o mais rápido possível.

- É, claro. Temos o que fazer. - Ela disse, dando um sorriso educado para Billy, que apenas deu de ombros.

Enquanto começávamos a caminhar em direção à saída da biblioteca, senti os olhos de Billy nas minhas costas. Eu sabia que ele estava me provocando, como sempre fazia, mas dessa vez algo parecia diferente. Havia algo em seu olhar, algo que ele estava escondendo. Mas eu não tinha tempo, nem paciência, para lidar com isso naquele momento.

Assim que saímos da biblioteca, Layla se virou para mim, claramente esperando uma explicação.

- O que foi aquilo? - Ela perguntou, arqueando uma sobrancelha.

Suspirei, tentando pensar em uma resposta. Não sabia como explicar a complicação que era a relação entre mim e Billy, especialmente com tudo o que tinha acontecido entre nós no passado.

- Nada de mais. - Respondi, embora soubesse que não convenceria Layla tão facilmente. - Ele só gosta de aparecer nos lugares e deixar as coisas estranhas.

- Estranhas? - Ela perguntou, cruzando os braços. - Clover, ele estava te olhando de um jeito... eu sei que tem mais coisa aí.

- Ok, talvez tenha. - Admiti, me rendendo. - Mas não é nada demais. A gente... meio que ficou uma vez. Ou duas. E ninguém sabe disso. Nem meu irmão, nem Jace.

- O Billy? Sério? - Layla perguntou, surpresa. - Isso explica muita coisa, na verdade. Tipo, por que ele sempre aparece quando você tá por perto.

- Ah, ele só gosta de me irritar. - Respondi, mas sabia que Layla tinha razão. - E o pior é que agora ele tá por toda parte. Como se estivesse tentando me provocar.

Layla sorriu, balançando a cabeça.

- Acho que ele gosta de você mais do que quer admitir. E você também, pelo jeito.

- Não começa. - Eu disse, revirando os olhos. - Vamos embora antes que ele resolva aparecer de novo.

Nós duas rimos e caminhamos em direção à saída do centro, mas eu não conseguia deixar de pensar em Billy. Algo me dizia que aquilo estava longe de acabar.

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