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Um sacrifício necessário
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Sentado em um dos galhos mais altos da camada 0, Abreu, após se despedir de Silvério, observava agora a vila abaixo com seus pés balançando levemente no ar. Os galhos grossos da floresta vertical, entrelaçados como uma rede natural, formavam caminhos irregulares que se estendiam ao longo de todo o firmamento da camada, criando um espaço bem acima da vila onde os jovens da camada se reuniam, longe dos olhos vigilantes dos mais velhos. Era um lugar onde as regras da cidade pareciam se dissolver, um refúgio para aqueles que buscavam um pouco de liberdade na opressiva escuridão.
O ar ali em cima era mais fresco, livre do peso das sombras que dominavam a cidade abaixo. Abreu sempre encontrava uma estranha paz naquele lugar, como se os galhos o abraçassem, protegendo-o dos medos que o atormentavam lá embaixo.
Ele olhou para a vila abaixo, onde a praça central começava a se encher de luz para a celebração, estava aguardando para ver Silvério entrando com os pães. Velas eram acesas uma a uma, suas chamas tremulando na escuridão, criando um espetáculo de luzes na escuridão abaixo. As pessoas se reuniam, formando um círculo ao redor do centro da praça, onde uma grande fogueira crepitava iluminando a estátua de cristo, com o brilho iluminando os rostos ansiosos dos moradores.
E então, ele viu, não Silvério que estava aguardando, mas outra imagem conhecida de seus pesadelos.
Uma figura imponente, envolta em um manto escuro, descia pelo grande tronco que levava à entrada e saída da camada. Sua presença dominava o espaço, e as conversas se apagaram como se uma sombra tivesse caído sobre a multidão. O cardeal caminhou lentamente até o centro da praça, a luz das velas refletindo em seu rosto de maneira quase sobrenatural. Abreu sentiu um calafrio percorrer sua espinha, o ar ao seu redor parecia congelar, tornando o ambiente repentinamente mais hostil.
Seu coração disparou quando reconheceu o rosto do cardeal. Era ele. A homem de seus pesadelo. Os olhos vazios, o sorriso cruel que havia o assombrado tantas noites. Abreu agarrou o galho onde estava sentado, os dedos cravando-se na madeira áspera enquanto sua mente lutava para processar o que via. A realidade e o pesadelo se fundiram em sua mente, e por um momento, ele não sabia se estava acordado ou ainda preso na escuridão de seu próprio medo.
O Cardeal Magnus se posicionou no centro da praça, as chamas das velas dançando ao seu redor, projetando sombras longas e distorcidas sobre seu manto. Ele ergueu as mãos lentamente, como um maestro prestes a reger uma sinfonia, e um silêncio absoluto tomou conta da multidão. Cada olhar estava fixo nele, cada alma presa à sua próxima palavra.
- Irmãos e irmãs - começou o cardeal, sua voz ressoando com uma autoridade que parecia encher todo o espaço ao seu redor. - Vivemos em tempos abençoados. O mundo lá fora, fora destas paredes que nos protegem, está perdido. O que um dia foi belo e próspero, agora é apenas ruínas e desespero. O abismo, este lugar que Deus nos deu, é nosso refúgio, nossa única salvação.
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Deuses do Vaticano
General FictionAbaixo do vaticano Silvério e Abreu irão lutar para libertar os Deuses aprisionados pela igreja e a si próprios. Por anos o vaticano escondeu um segredo terrível, um enorme abismo onde cidades, deuses, criaturas e populações inteiras coexistem sem s...