Cap 7. - A camada 0 estremece

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Lúcio fala demais

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No centro da praça, Abreu se encontrava abruptamente bloqueado por Lúcio Grimani. O loiro ajustava seu paletó elegante, obstinadamente barrando o caminho. Logo atrás, Silvério lutava desesperadamente para se libertar das cordas que o prendiam, seus músculos se contraindo numa tentativa de escapar, lentamente as cordas começavam a afrouxar.

— Por que está fazendo isso, Lúcio? Eu nunca te causei mal algum! — Abreu gritou, a voz carregada de desespero, enquanto encarava o jovem loiro bem-vestido.

— Não te devo explicações, catador de folhas. Faço isso pela minha família. Os Grimanis sempre foram fiéis à Igreja; ela nos protege do mundo lá fora. Agora, dê-me espaço! — Lúcio empurrou Abreu com força, fazendo-o cair de costas.

Abreu se levantou prontamente, devolvendo o empurrão com uma força surpreendente.

— Seguros de quê? Não há nada além do abismo, o mundo acabou! — insistiu Abreu, a urgência vibrando em sua voz.

— Como ousa me tocar, seu miserável! — Lúcio, agora com o rosto rubro de raiva, encarava Abreu do chão, cabelos loiros em desalinho. Levantando-se transtornado, o peito arfava conforme ele lutava para controlar sua fúria, os olhos umedecidos. — Eu faço o que é necessário para proteger quem amo. Você deveria se contentar em apenas catar folhas, mas insiste em desafiar as regras do abismo, a ir contra a Igreja, eu sabia que você seria problema no dia que te trouxeram aqui com esse colar, e aquele maldito padeiro...

— Me trouxeram...? Mas eu cresci aqui no abismo, o que tem meu colar, Lúcio? O que você sabe? — Abreu fixou o olhar nos olhos azuis de Lúcio, vendo neles, pela primeira vez, medo e desespero.

— Chega de perguntas!! — Lúcio berrou, perdendo a compostura enquanto segurava os braços trêmulos notando que havia falado mais do que devia. Quando sentiu uma presença logo atrás de si.

Ao se virar, Lúcio encarou Silvério, que se erguia como uma força da natureza. O rosto do padeiro era uma tempestade de fúria, marcado pelas linhas vermelhas das cordas que ele acabara de romper. Antes que Lúcio pudesse reagir, Silvério desferiu um golpe poderoso, atingindo-o em cheio no rosto. Lúcio foi arremessado ao chão, rolando pela madeira áspera da praça.

Recuperando o fôlego, Silvério fixou os olhos em Abreu, que o observava, paralisado pela cena.

— Você veio me salvar — Falou Silvério, sua voz rouca pelo esforço.

Sem responder, Abreu correu ao encontro de Silvério, os braços envolvendo o padeiro num abraço apertado, enquanto lágrimas de alívio e gratidão molhavam seu rosto, oculto no peito robusto de Silvério.

Enquanto isso, isolado em sua elevação sinistra, o Cardeal Magnus assistia à confusão abaixo com um olhar gélido, o prazer malévolo brilhando em seus olhos enquanto contemplava o caos que ele mesmo havia orquestrado.

Sons de metal colidindo ecoavam abaixo, onde Mateo enfrentava seu irmão Dante aos pés da sinistra estátua.

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Verdades entre irmãos

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No calor da batalha entre Mateo e Dante, as espadas cortavam o ar com um som seco, ecoando pela praça. As faíscas do choque de cada golpe era como se refletissem camadas de ressentimento acumuladas entre os irmãos.

Deuses do VaticanoOnde histórias criam vida. Descubra agora