Amazônia - Capítulo I

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Rio de Janeiro
6h15 da manhã

Batimentos por minuto: 75

O sol ainda não estava completamente no céu, mas a luz suave do amanhecer já iluminava as ruas do Rio de Janeiro. O clima estava ameno, agradável para uma cidade que, geralmente, é marcada pelo calor sufocante. Aquela manhã, no entanto, eu me sentia diferente. Acordei com uma sensação de cansaço, como se meu corpo estivesse pesado demais para se mover. Mesmo assim, eu sabia que não tinha escolha. Havia compromissos a cumprir. Hoje era mais um daqueles dias corridos: faculdade de arqueologia pela manhã e o meu turno no supermercado à tarde. Eu suspirei, sabendo que não podia me dar ao luxo de permanecer na cama.

Brunna, minha esposa, ainda dormia ao meu lado, seu corpo levemente encolhido debaixo dos lençóis. Eu me movi devagar, com cuidado, para não acordá-la. Ela tinha um sono leve, e eu não queria que ela despertasse assustada, ainda mais tão cedo. Deixei o quarto em silêncio e fui direto ao banheiro. O primeiro toque da água fria me fez estremecer, mas logo me acostumei, e a sensação refrescante começou a me revigorar. Era como se a água lavasse não só o sono, mas também a tensão do meu corpo. Enquanto a água escorria pela minha pele, pensei em tudo que ainda tinha para fazer naquele dia. Precisava me concentrar, manter a energia lá em cima.

Batimentos por minuto: 80

Terminei o banho rapidamente e fui para a cozinha, preparando um café da manhã reforçado, como sempre fazia antes de sair. Sabia que o dia seria longo, e sem uma refeição decente, eu não teria forças para encarar as aulas e o trabalho. Enquanto a torrada saltava da torradeira e o aroma do café fresco invadia o ambiente, eu sentia o peso do dia já me pressionando. A ansiedade começava a subir, como se meu corpo já previsse o cansaço que viria mais tarde. Foi quando, de repente, senti uma presença atrás de mim. Quase derrubei a xícara que segurava quando me virei e vi Brunna na porta da cozinha.

— Bom dia, meu amor — disse ela, com a voz ainda rouca de sono. 

Eu sorri, mas meu coração deu um pequeno salto, me pegando desprevenida. 

Batimentos por minuto: 85

— Você me assustou, Brunna! — murmurei, rindo de mim mesma. — Achei que você ainda estivesse dormindo. 

Ela se aproximou com aquele olhar carinhoso, me avaliando, como sempre fazia quando percebia que algo não estava completamente certo comigo. 

— Está tudo bem? — perguntou ela, com a voz suave, mas cheia de preocupação. — Como está indo a faculdade? 

— Tudo tranquilo — respondi, tentando parecer mais confiante do que realmente estava. — Só um pouco cansada, mas estou me adaptando. 

Brunna assentiu e me deu um beijo rápido na testa, como se aquele gesto fosse uma injeção de energia. Eu sabia que ela se preocupava comigo, especialmente com a rotina que eu tinha abraçado, mas a vida era assim, e nós duas entendíamos que os sacrifícios eram necessários, pelo menos por enquanto.

Batimentos por minuto: 90

Terminei o café em silêncio, sentindo Brunna me observar com aquele olhar cuidadoso que só ela tinha. Quando me levantei da mesa, ela segurou minha mão por um segundo, como se quisesse prolongar o momento. Eu sorri e fui me vestir. Peguei minha camisa branca favorita, uma calça jeans escura que usava sempre para a faculdade, e meu tênis preto confortável, pronto para enfrentar o dia. Enquanto ajustava os cadarços, meus pensamentos já estavam na aula daquela manhã, na pilha de leituras e anotações que me aguardavam. Era o começo do meu primeiro ano no curso de arqueologia, e eu estava completamente absorvida pelo desafio. Ainda assim, havia um nervosismo crescente dentro de mim, uma sensação de que algo mais estava por vir, algo maior do que eu podia imaginar.

The New Tomb Raider - LudmillaOnde histórias criam vida. Descubra agora