Dahyun, desde que se entendia por gente, sentia um peso constante no peito, um tipo de sofrimento que parecia não ter fim. Ela sentia falta — saudades de uma vida que costumava ter. Dahyun havia perdido tudo que antes lhe trazia alegria. Sua antiga fonte de conforto e felicidade lhe fora tirada sem seu consentimento, deixando um buraco que ela não sabia como preencher.
[...]
Naquela manhã, por volta das 6:00, Dahyun estava sentada à mesa, segurando uma caneca de leite quente. Tomar leite ao acordar era uma pequena tradição que ela mantinha desde criança. Enquanto terminava de beber, suspirou de alívio. Pelo menos o leite dessa vez não estava azedo ou estragado. Com a falta de dinheiro, muitas vezes não conseguia pagar todas as contas e sua geladeira frequentemente ficava desligada.
Dahyun terminou e colocou o copo na pia. Seus pensamentos vagavam enquanto ela se preparava para mais um dia de caminhada até a escola. Eram cerca de 20 minutos a pé.
Ao pegar sua mochila para sair, não percebeu que estava aberta, e um livro escorregou caindo no chão.
Dahyun se abaixou para pegá-lo, e enquanto estava no chão, seus olhos se voltaram involuntariamente para o espaço debaixo da cama. Lá estava uma caixa que ela conhecia bem demais — uma caixa rosada com desenhos de ursinhos sorridentes.
Uma caixa que continha um pedaço de seu passado, um passado que ela havia tentado ignorar, mas que, de alguma forma, ainda a puxava de volta.
Ela suspirou, sabendo que não deveria abrir a caixa, mas, ao mesmo tempo, a curiosidade a dominavam. Colocando o livro de lado, Dahyun puxou a caixa de debaixo da cama e com cuidado levantou a tampa. Lá dentro estavam chupetas, mamadeiras, paninhos de boca e brinquedos infantis, todos guardados cuidadosamente.
Dahyun soltou uma risada amarga, quase como uma tentativa de esconder o quanto aquilo realmente a afetava.
—"Patético..." -Murmurou, zombando de si mesma por ainda se apegar a essas coisas. —"Isso tudo é tão idiota..."
Apesar das palavras duras, seus olhos pousaram em um pequeno ursinho de pelúcia, o mesmo que ela costumava carregar para todo lugar quando era criança. Quase sem perceber, Dahyun pegou o ursinho e o levou aos lábios, dando um beijo demorado na pelúcia desgastada. Era um gesto automático, algo que ela fazia desde que era pequena para se confortar.
—"E se eu...?" -Dahyun começou a se perguntar.
Segurando o ursinho firmemente, ela lembrou-se de como ele costumava ajudá-la a se acalmar quando as coisas ficavam difíceis. Mesmo agora, segurá-lo dava uma sensação de segurança que ela não sabia explicar.
Com um suspiro profundo, Dahyun fechou a caixa e a empurrou de volta para debaixo da cama, mas não sem antes colocar o ursinho dentro de sua mochila. Não sabia ao certo por que o estava levando, mas parte dela sabia que ele poderia ajudá-la.
Trancando a porta de casa atrás de si, Dahyun enfiou as mãos nos bolsos e começou sua caminhada de 20 minutos até a escola.
[...]
Dahyun havia acabado de chegar na escola, pelo menos mais cedo do que no dia anterior. Enquanto caminhava pelos corredores, avistou Chaeyoung e Tzuyu perto dos armários. As duas pareciam estar organizando suas coisas, até que Chaeyoung, ao levantar o olhar e ver a garota vindo em sua direção, não conseguiu conter a animação.
Correndo até ela, Chaeyoung deu um salto e praticamente se jogou nos braços de Dahyun, envolvendo-a em um abraço apertado.
Dahyun, completamente despreparada para tal demonstração de afeto, congelou no lugar. Ela não era do tipo que abraçava as pessoas com facilidade, então, ficou estática, esperando pacientemente que Chaeyoung desgrudasse.
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The Unseen Wounds
FanficEm "As Feridas Ocultas", Sana e Momo são o casal poderoso que domina o colégio mais prestigiado da cidade, um lugar conhecido por formar líderes e profissionais de sucesso. Momo, como diretora, e Sana, uma professora exigente, são temidas e respeita...