Cólica

1.7K 129 347
                                    

Era por volta das 3 da manhã e a madrugada se estendia silenciosa, enquanto Dahyun se revirava em sua cama, lutando contra a dor e o incômodo que pareciam se intensificar a cada minuto.

As cólicas que sentia eram quase insuportáveis, tinha dor de garganta, tosse que atacava em intervalos, fadiga se acumulando em seus músculos, e para completar, Dahyun acreditava estar com febre, pois seu corpo ardia e se sentia fraco.

Ela se virou mais uma vez na cama, tentando encontrar uma posição confortável, mas era impossível. Com um suspiro resignado, Dahyun se sentou na cama, a cabeça baixa e os olhos fixos no chão.

Não tinha remédios em casa; o último comprimido que comprara havia sido há meses, e agora estava sem dinheiro para mais.

O que Momo e Sana haviam falado na chuva ecoava em sua mente. Elas tinham razão: Dahyun pegara um resfriado, e para piorar, estava lidando com cólicas terríveis.

Desesperada, ela choramingou, o som quase perdido no silêncio da casa. Era um pedido silencioso por alívio que parecia estar tão distante.

Levantando-se com dificuldade, decidiu que precisava de água para tentar aliviar a dor de garganta. Ela foi até a pia da cozinha, seu nariz entupido dificultando a respiração.

Enquanto tentava beber, a dor a impediu de engolir com facilidade.

O momento de "alívio", no entanto, foi abruptamente interrompido. Um leve batido na porta principal da casa a fez congelar. O coração de Dahyun disparou, e ela tirou o copo dos lábios, sentindo um frio na espinha.

A casa onde morava era frágil, como se estivesse prestes a desmoronar. A única proteção que tinha era a tranca da porta, e a ideia de que qualquer um poderia arrombar a entrada a deixou em pânico.

Dahyun se agachou atrás do balcão da cozinha, os pensamentos acelerados e a respiração entrecortada. Ela se esforçou para ficar em silêncio, sentindo a adrenalina aumentar.

O som do batido se repetiu.

"Era alguém que estava ali?" "Quem estava ali?"

Dahyun fechou os olhos com força, e sem perceber, fincava as unhas nas palmas das mãos, uma tentativa inconsciente de controlar a ansiedade. Ela ficou por trás do balcão, em silêncio, por 5, 10, 15, 20 minutos desejando que quem estivesse ali simplesmente fosse embora.

Finalmente, quando a sensação de que tudo estava bem começou a se formar em sua mente, Dahyun se levantou. Não tinha coragem suficiente para abrir a porta e olhar para fora. Então, com um suspiro pesado, ela decidiu voltar para a cama.

Enquanto se acomodava novamente sob os cobertores, a dor nas cólicas e na garganta voltaram ao serem percebidas novamente. Ela estava cansada, tanto física quanto emocionalmente. O desconforto a impedia de relaxar, e Dahyun só queria voltar a dormir para que, o dia seguinte fosse mais suportável.

Fechou os olhos mais uma vez, mas o choro contido se fez ouvir, um choramingar, um som abafado e frustrante. Estava irritada por sentir-se assim, por estar vulnerável, e sabia que voltar a dormir não seria fácil.

Passaram-se 20 minutos e uma ideia que começara a se formar em sua mente não saía. Ela tentava afastá-la com todas as suas forças, achando que era bobeira, mas as memórias de conforto e segurança, começaram a invadir seus pensamentos.

Rendida àquelas lembranças, Dahyun desceu da cama, mordendo os lábios, sentindo o impulso a puxá-la em direção à caixa que ela conhecia muito bem, escondida sob a cama.

The Unseen Wounds Onde histórias criam vida. Descubra agora