The Story of Us

the lucky ones

People would say, "They're the lucky ones"
As pessoas diziam "Elas são sortudas"

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Agosto 2022

Caroline POV

Eu diria que São Paulo é uma cidade perigosa, sempre me pego olhando pra todos os lados quando desço do meu carro ou quando saio do trabalho, em qualquer lugar público no geral. Mas não tinha perigo que me privaria de estacionar meu carro do lado de uma praça escura pra beijar Rosamaria antes de levá-la pra casa. Não tivemos tanto tempo pra planejar nosso terceiro encontro e combinamos entre eu e ela que não fazíamos questão de nada chique ou bem planejado, que queríamos mesmo era passar tempo juntas e talvez comer algo diferente. Lembro de um churrasquinho que o Felipe, um dos arquitetos da empresa, tinha me levado uma vez, era um barzinho daqueles com cadeiras de plástico na calçada, mas o churrasco era divino.

Além da Rosa ter amado, nos trouxe muitos assuntos diferentes, ela começou falando como isso lembrava sua infância, uma vendinha que existia perto da sua casa, depois falou da sua família, de como sua irmã sempre quis explorar o mundo, de como sua mãe é super apegada nas duas, de como seu pai faleceu quando ela tinha apenas 1 ano, e apesar de dizer que isso não a afetava tanto porque ela não lembra nada dele, eu conseguia ver a tristeza em seus olhos sobre o assunto. Eu também falei sobre meus pais, minhas irmãs, sobre a fazenda, sobre Rio Preto, sobre as vaquejadas que eu cresci indo, sobre a necessidade de conhecer algo maior que minha cidade, sobre a saudade que eu sinto todos os dias... eu diria que foi nosso melhor encontro até hoje.

Principalmente porque nos guiou até o banco de trás do meu carro. Ela argumentou que não tinha me beijado hoje ainda, o bar estava cheio de homens e nenhuma de nós duas sentiu confortável em sequer demonstrar que éramos mais que amigas, quanto mais beijar. Sentimos falta do contato. E logo as coisas esquentaram, eu tinha a colocado estrategicamente no meu colo, eu amava apertar sua cintura enquanto nos beijávamos e ela estava vestindo um short que... suas pernas, nossa! Me aproveitei da posição pra explorar o que eu podia, sem ultrapassar limites.

Ela afastou a cabeça pra trás pra respirar e minha boca desviou pro seu pescoço. "Tô com calor." Ela reclamou. Eu coloquei minha mão dentro da sua blusa e comecei a puxar pra cima, ela rapidamente segurou minha mão. "Ei! Eu não vou fazer isso no carro." Ela empurrou meus ombros de leve. Eu assenti com os olhos assustados, não queria ter pisado na bola. "Quis dizer que é melhor a gente parar." Ela passou uma perna e saiu do meu colo.

"Desculpa." Pedi com medo de ter estragado tudo. Ela me ofereceu um sorriso singelo.

"Desculpa por nada, Carol." Me deu um selinho. Ajeitou seus cabelos e saiu do carro, eu me apressei pra fazer o mesmo e ir pro banco da frente. Logo que entramos, eu tranquei as portas e liguei os faróis. Ela colocou o cinto e puxou seu celular começando a se distrair.

Não vou mentir, eu teria feito no carro sim, mas a escolha dela foi melhor, não seria tão especial, memorável sim, mas merecíamos mais. Eu não queria que aquela noite terminasse assim, eu entendi que ela não ficou chateada pela minha pressa mas mesmo assim queria impressionar, deixar ela mais feliz. Respirei fundo tomando coragem pra perguntar algo que talvez a ofendesse ou desse certo. Ela me olhou confusa talvez pela demora em sair dali.

"Quer ir lá pra casa?" Perguntei em um tom mais baixo. Ela caiu em seu silêncio congelante. "Você pode dormir lá, amanhã te deixo em casa a hora que você quiser." Propus tentando convencê-la que era uma boa ideia. Ela assentiu de leve. "Sim?" Ela assentiu de novo sorrindo sem graça. "Tá, avisa a sua mãe, não deixa ela preocupada."

"Finalmente vou ver sua coleção de CDs da Ana Carolina." Ela brincou digitando em seu celular me fazendo rir.

"E um pouco mais... se você quiser." Deixei no ar sem consegui segurar a ansiedade dentro de mim.