empty seat

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I used to know my place was a spot next to you
Now I'm searching the room for an empty seat

Eu sabia que meu lugar era do seu lado
Agora eu estou procurando por uma cadeira vazia.


Atenção em datas. Boa leitura.
...

Agosto 2024


Rosamaria POV

"Simpósio de quê mesmo?" Sussurrei pra Naiane quando entramos no auditório da faculdade que não entrava desde que me formei e vi uma multidão de gente, pessoas que não me eram estranhas, pessoas que eu nunca vi na vida e pessoas que pareciam importantes.

"Lê a placa, o nome é muito grande." Ela sussurrou de volta. Nem sei porque estávamos sussurrando, o auditório estava barulhento, vários grupos conversando entre si, nenhuma apresentação no palco. Eu olhei em volta tentando enxergar o nome desse negócio mas meu cérebro também não conseguiu entender com o título de dez palavras. "Quero achar o pessoal do nosso ano, eu vi que aquele menino do cabelão postou foto de uma galera aqui."

Ela me arrastou pela mão pra descer as escadas entre as cadeiras, assim como ela me arrastou dos meus deveres no meu apartamento pra vir pra esse evento. Eu podia estar em casa ouvindo música e cuidando das minhas plantinhas se ela tivesse deixado, mas ultimamente Naiane está numa missão impossível de me forçar a socializar. Ela diz que faz muito tempo que eu saí da minha zona de conforto e mais tempo ainda que eu me reuni com amigos, diz que eu estou me tornando como um "lobo na noite", o que quer que isso signifique. O que ela não entende é que eu estou ocupada com o projeto da prefeitura e quando não estou trabalhando nisso, estou tirando um tempo pra mim mesma, tão importante quanto.

"Eu não quero ver ninguém da nossa turma, Nai." Resmunguei.

"Uma pena que cê tá comigo e eu quero sim ver eles." Deu de ombros ignorando minha vontade.

A última vez que vi a turma junta foi na formatura, aquele foi literalmente meu último dia na faculdade, essa é a primeira vez que volto desde aquela noite memorável. Não tinha traumas ou receios com o lugar, mas cumpri meu dever aqui e não tinha desejo de passear. Ver algumas pessoas daquele ano também significa lembrar de outras pessoas da mesma época, também é por isso que eu não mantive contato com ninguém do meu estágio, preferia não tentar continuar uma amizade pisando em ovos depois de uma situação ruim. Era meu jeito, me afastei, mudei de endereço, mantive distância e esperei curar.

Talvez a insistência de Naiane tinha uma ponta de razão, talvez estivesse na hora de eu começar a adicionar pessoas no meu dia a dia. Já estava a sete meses no emprego novo e nunca saí com nenhum colega depois do expediente, não conversava muito de outros assuntos com ninguém, fazia o meu trabalho e ia embora. Minha rotina era basicamente essa todo dia, acordar, ir trabalhar, ir na casa da minha mãe se minha irmã insistir muito, dirigir pro apartamento, assistir um filme e dormir. Quando Naiane está livre nos fins de semana, ela vem tentar me arrancar de casa. Não estou solitária, estou aproveitando minha própria companhia. Talvez seja a hora de precisar de mais.

"Achei!" Naiane exclamou quase me deixando surda no processo, eu empurrei seu ombro em reclamação. Ela levantou a mão sinalizando pra alguém.

Olhei em direção onde ela me puxava e foi como se todo mundo tivesse parado de respirar, inclusive eu. Como se um zoom imaginário tivesse ativado na minha frente, meus olhos não sabiam focar em nada mais, fazia tempo que eles não tinham essa visão, eu entendia o hiperfoco. Ah, Carol! Meu coração não sabia encontrar o meio termo sobre bater mais forte ou se quebrar em mil pedaços. Ela não devia estar aqui, por que ela viria pra um evento da minha faculdade? Naiane planejou isso? Ela sabe que estaria aqui? Ela já me viu?

The Story of UsWhere stories live. Discover now