O Diário da Cabana

Viagem

Sexta...

Nove horas todos já estavam lá. Todos vestiam roupas básicas, (shorts e regatas) e levavam malas, com coisas necessárias (pasta de dente, escova, alimento, protetor, roupa, toalha, entre outras coisas).
Para não perder tempo, logo que Niall e Justin chegaram começamos a nos dividir nos carros:

Carro do Niall:
Niall (volante), Demi (frente), Austin e Beckyn G (atrás)

Carro do Justin:
Justin (volante), Eu (frente), Harry e Ariana (atrás)

Todos seguimos viagem, com o celular e se não tivesse sinal, trouxemos um radinho de mão, para nos comunicar durante à viagem.
O carro do Jus foi na frente, (já que sabíamos o caminho) e Niall o seguiu.
A viagem demoraria dez horas, porque estávamos indo em direção ao interior do Rio de Janeiro. Eu realmente amo a capital desta cidade maravilhosa, cheia de praias, bares, boates e principalmente por ter o nosso Cristo, mas, queria mais tranquilidade que isso, queria mudar minha rotineira diversão. Sentir paz. Uma coisa difícil quando se trabalha em um escritório.

Chegaríamos lá 7:30 da manhã, estava tão ansiosa para conhecer aquele lugar que poderia me "libertar" de certa forma, que não conseguia pensar em outra coisa além disso. Tentei desviar meus pensamentos e prestar atenção na conversa que o Harry estava tendo com o Justin.

"...e outra, Barcelona é bem melhor que o Chelsea porque tem o Messi e o Neymar, os melhores artilheiros dos jogos da Liga. A gente ganha fácil..."

Preferi voltar aos meus pensamentos e deixar aquela conversa idiota de futebol pra lá. Fala sério! Até aqui eles falam sobre isso... Homem não tem jeito mesmo, não perde oportunidade de falar sobre uma bola rolando e um monte de caras correndo atrás.
Ariana deve ter percebido que eu estava um pouco irritada com aquilo e estendeu a mão dela ao banco que eu estava no carro, aproximou o rosto perto do meu ouvido e disse:

"Fica calma. Você sabe como homens gostam de falar de uma bola rolando - olhei para ela e dei um sorriso. É como se ela tivesse lido meus pensamentos.

" E como não!? Justin ficou me atormentando durante um mês inteiro para que fôssemos à um estádio de futebol assistir à um jogo - disse olhando pro Jus, que me olhou de volta com uma careta.

"Então é assim!? Virou um complô contra nós? - ele disse olhando no retrovisor para o Hazza e piscando para ele - Pior é a gente que tem que largar o nosso jogo para " vocês" assistirem sua novela - ele disse sem nenhuma irritação, mas com um tom de defesa.

"Ou quando somos obrigados à assistir à um filme romântico, ao invés de um de ação - Harry disse em tom provocativo.

Fiquei olhando pra Ari depois de ouvir tudo aquilo e ela contribuiu.

" Tá vendo Selena, eles fazem tudo o que fazem por obrigação - Ariana disse com um tom magoado na voz, mas um sorriso surgiu, e foi aí que percebi que ela queria arrancar algo deles e mesmo se não quisesse ela acabou conseguindo.

"Mas quando deixamos vocês assistirem a sua novela, restando a metade do jogo, é por amor e não porque somos obrigados - Justin disse em tom de defesa, com medo talvez, de que eu ficasse chateada com ele.

" E quando assistimos filme de romance e drama, sabemos que temos por recompensa durante o filme, vários beijos e carinho - disse Harry também se defendendo, só que com um tom um pouco malicioso.

"Podem ficar tranquilos porque eu e a Ariana, quando assistimos os jogos de futebol, ficamos prestando atenção para aquelas pernas modeladas e aquele corpo sarado dos jogadores - falei em meio aos risos e Ari me acompanhou. Hazza e Justin se entreolharam e começaram a rir também.

Passamos a viagem toda conversando sobre coisas diversas, ouvindo música, cantando, lendo, dormindo e comendo.
Quando estávamos quase chegando vimos um tipo de posto de gasolina e uma casa ao lado caindo aos pedaços que havia um idoso sentado em uma cadeira de balanço.
Quando páramos o carro, ele nos encarou ferozmente, estava com uma expressão de irritação por acabarmos com o dia pacato e sem graça dele.

"Bom dia senhor! - disse Harry com um tom alegre. Aquele idoso retribuiu com um sorriso esburacado, faltando vários dentes.

" Não queríamos incomodar mas será que o senhor poderia encher nossos tanques? Não temos gasolina o suficiente para completar a viagem de volta para casa e não sabemos se o senhor estará aqui quando voltarmos - disse Justin usando sua melhor linguagem, o que me impressionou, por sua educação. O senhor começou a gargalhar e depois a tossir por causa daquele esforço.

"Vocês acham mesmo que vão voltar!? Todo ano vejo jovens como vocês entrarem nessa mata à dentro e nunca mais voltarem. - ele disse num tom desafiador que estava se tornando extremamente desagradável. - Eu os aconselho a ir embora. Deixo a gasolina por conta da casa se o fizeres".

Todos se olhavam procurando uma resposta no olhar um do outro, até que Austin interrompeu o silêncio que nos percorria.

" Você é louco. Acha mesmo que viajamos dez horas cansativas. DEZ HORAS para ouvir um sermão de um velho!? Fala sério. Se não quer ajudar, então fala logo - disse ele com uma grande irritação no tom de voz.

"Tudo bem. Depois não digam que eu não avisei, na verdade sei que não poderiam mesmo, vocês não voltariam... - encarou todos nós, como se para guardar a lembraça de nossos rostos, estava com um semblante triste e continuou - se quiserem pegar gasolina, sintam-se à vontade, não combrarei nada - disse e se retirou para a sua casa antes que pudéssemos falar mais alguma coisa.
Pegamos a gasolina em silêncio e já iamos seguir viagem, faltavam apenas alguns metros.
Antes de entrar no carro, olhei para a casa do velho e percebi que ele olhava pela janela, quando me avistou me disse um breve "não vá" que pude ler nos seus lábios, antes de fechar as cortinas. Balancei a cabeça querendo tirar aquilo da mente e entrei no carro.
Fiquei pensando no que aquele idoso havia nos dito. Me perguntando se ele não estava certo, se não deveríamos ter o ouvido, se agimos certo, se tomamos a decisão certa.
Só hoje sei a resposta para todas essas dúvidas que me ocorriam na cabeça naquele momento.
E com certeza, essa não é das melhores.