Blood and Cheese

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Desde que Aelwyn Targaryen soubera que seu irmão e esposo, Aemond Targaryen, havia assassinado Lucerys Velaryon com Vhagar, ela passou a se sentir aflita e exasperada pela ação de seu irmão. Todas as noites ela sonhava com seu sobrinho Luke, cuja vida havia sido tirada de modo tão infame. Esse ato, e a usurpação do Trono de Ferro por Aegon que fora elaborada por sua mãe, Alicent Hightower, e seu avô, Otto Hightower, fez com que Aelwyn se distanciasse cada vez mais de sua família.

Aemond tentava constantemente se reconciliar com ela, mas Aelwyn não conseguia perdoá-lo, pois toda vez se lembrava do sofrimento que o irmão havia causado na meia-irmã de ambos, Rhaenyra Targaryen, que perdera o seu filho. E ela entendia plenamente sua dor, pois era mãe de um menino. Aemon Targaryen, um belo garoto de olhos púrpura e cabelos branco-prateados.

Como de costume em todas as manhãs na Fortaleza Vermelha, Aelwyn levava seu filho para assistir suas aulas juntamente com Jaehaerys, filho de sua irmã Helaena. A gêmea dele, Jaehaera ficava absorta em um canto com alguns brinquedos de madeira. Enquanto isso, Aelwyn se unia à irmã na arte de bordar em suas respectivas telas. Embora ambas fossem muito diferentes, Aelwyn era a única que ouvia o que a irmã tinha a dizer e não a ignorava como o resto da família. Quando pequenas, Helaena tinha certo interesse por insetos e gostava de observá-los, enquanto Aelwyn frequentemente se envolvia nas atividades de seus irmãos, como a esgrima, a qual aprendeu com grande destreza para a surpresa de todos. Mas apesar de serem diferentes, as irmãs se amavam e adoravam passar algum tempo na companhia uma da outra.

Naquele momento, Aegon entrou nos aposentos à procura de Jaehaerys para levá-lo ao Pequeno Conselho. Helaena disse que ele se encontrava na biblioteca, mas antes do mesmo sair ela falou algo que o deteve.

- Estou com medo.

- Não fique - disse Aegon. - Eles seriam tolos se viessem com a Vhagar protegendo a cidade.

- Não dos dragões - rebateu Helaena. - Dos ratos.

Todos olharam nos arredores do quarto, mas não havia nenhum rato no cômodo.

- A rainha é um mistério duradouro, não é? - comentou Aegon, indiferente, antes de partir.

A seguir, Helaena fitou profundamente sua irmã Aelwyn e tocou em seu braço.

- Não se separe de sua arma à noite. Ela é a única entre você e o abismo.

Aelwyn a encarou, tensa, esperando por mais palavras de sua irmã, mas ela não disse mais nada. Ela então guardou a frase com apreensão em sua mente, e retornou a bordar sentindo-se inquieta.

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Naquela tarde, quando o sol já estava se pondo, tingindo o céu de carmesim e dourado, Aelwyn se encontrava no bosque sagrado com seu filho Aemon, sob a sombra do grande carvalho. Ela estava lendo para o menino, na tentativa de aliviar o peso que havia em seu coração. Mas logo eles foram interrompidos por uma figura de verde que se aproximava com passos cautelosos. O olhar de Aelwyn se ergueu para encontrar o de Aemond. Seu semblante se franziu enquanto ela observava o menino se levantar e correr até o pai. Ele amava o pai, isso era notável, e apesar do temperamento impetuoso e imprevisível de Aemond, o mesmo possuía grande zelo e estima pelo filho. Ele se abaixou para ficar de frente com Aemon e trocou algumas palavras com ele. Aelwyn prontamente se pôs em pé e caminhou até o filho, recebendo um olhar pungente de Aemond que havia se levantado para encará-la. Ele queria dizer algo, como sempre tentava, mas Aelwyn o ignorou novamente com pesar antes de se retirar do bosque com Aemon.

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Quando a noite havia chegado, e Aemond se encontrava em uma sala discutindo planos longe dos ouvidos alheios, Aelwyn se encaminhou com Aemon para os seus aposentos. Um guarda a acompanhava quando ela adentrou seu quarto, o fogo na lareira ardia fracamente quando um calafrio percorreu sua espinha. Um som estridente ecoou pela sala, acompanhado pelo ruído terrível de carne sendo dilacerada. Aelwyn virou-se bruscamente para se deparar com o corpo do guarda sendo colocado ao chão por um homem estranho portando um facão. Aemon segurou apavorado no vestido de sua mãe quando outro homem nas sombras se aproximou dela. Ele colocou sua faca no pescoço de Aelwyn enquanto ria de modo sádico.

- Onde está o Príncipe Aemond Targaryen? - questionou rispidamente Sangue, o homem que havia matado o guarda.

- Ele não está aqui - disse Aelwyn com a respiração ofegante.

- Se não disser onde ele está... - ameaçou Sangue, mas ele se deteve quando encarou o menino ao seu lado com um olhar perverso. - Um filho por um filho.

- Temos que pegar a cabeça dele e sair - sussurou Queijo fazendo Aelwyn se debater perante suas palavras.

- Eu tenho muitas joias e ouro - murmurou Aelwyn, aflita. - São de grande valor.

Mas eles a ignoraram e Sangue se aproximou de Aemon que havia ido para o canto do quarto, aterrorizado. Nesse momento, quando Queijo se distraiu olhando seu companheiro e o aperto de sua faca no pescoço de Aelwyn afrouxou, ela retirou a adaga escondida sob seu vestido em um movimento ágil, cravando-a no pescoço do mercenário. O homem a fitou com olhos arregalados antes de começar a engasgar com o próprio sangue. A seguir, Sangue a encarou assustado antes da ira tomar conta de seu corpo.

- Aemon, corra! - gritou Aelwyn para o menino que conseguiu escapar de Sangue aos prantos.

O homem corpulento começou a andar até ela com seu facão apontado em sua direção. Mas ele se deteve alarmado ao escutar os gritos de Aemon ecoarem pelos corredores daquele andar, fazendo-o dar meia-volta e partir desenfreado para fora do quarto. Mas Aelwyn não fugiu, subitamente uma fúria se apoderou dela pela tentativa de assassinato ao seu filho e ela o perseguiu. Contudo, Sangue entrou em uma sala, trancou a porta e desapareceu atrás de uma passagem por túneis que Aelwyn desconhecia.

Blood And Ash - Gwayne Hightower Onde histórias criam vida. Descubra agora