Blood And Ash - Gwayne Hightower

Oldtwon

Silverwing era uma dragão-fêmea dócil e amigável. Outrora fora montaria da Boa Rainha Alysanne Targaryen, e desde sua morte crescerá ainda mais. Aelwyn a reinvendicou para si em Dragonstone, e o vínculo entre as duas era profundo e inseparável.

Com o pequeno Aemon atado à sela de Silverwing, e uma bolsa a tiracolo com o ovo de dragão do seu filho, Aelwyn alçou voo sobre King's Landing. O menino se comportou de modo tranquilo a viagem toda, como se voar fizesse parte de sua natureza desde tenra idade. Silverwing percorreu quilômetros sobre a Campina, uma região com vastas florestas e planícies férteis até chegarem em Highgarden, a capital daquela região, famosa por seus campos de rosas douradas. A estadia fora breve e acolhedora, mas logo Aelwyn partiu novamente com Aemon em Silverwing. As grandes asas dela que se movimentavam de modo frenético deixavam extensões de terra abaixo deles para trás, tornando a viagem significativamente mais curta.

Na boca do rio Vinhomel, Aelwyn avistou uma cidade se tornar cada vez maior conforme se aproximavam. Um grande farol destacava-se ao centro, imponente sobre Oldtwon. Sinos soaram na cidade enquanto Aelwyn aterrissava com Silverwing na ilha onde residia a fortaleza da Casa Hightower. Aelwyn ficou surpresa com a enorme estrutura que era a Torralta. Enquanto Silverwing se juntava à Tessarion, a dragão de seu irmão Daeron, Aelwyn e Aemon adentraram a torre, onde foram recebidos com um banquete pelo anfitrião, Lorde Ormund Hightower, sua esposa Samantha Tarly, e seus filhos. Também estavam presentes Daeron Targaryen e Gwayne Hightower.

- Princesa Aelwyn - disse Lorde Ormund de seu assento. - Sentimos muito pelo atentado na Fortaleza Vermelha. Ficamos aliviados em saber que estão bem, e em resposta a esse ato perverso, amanhã partirei com um exército para garantir a vitória de nossa Casa nesta guerra.

Aelwyn ficou desnorteada, ela não sabia o quê dizer exatamente. Ao mesmo tempo que ela queria defender aqueles que amava, ela não desejava que uma guerra sangrenta fosse travada.

- Ficamos felizes em recebê-los aqui - declarou Lady Samantha Tarly. - Não se preocupem, vocês estarão seguros neste lugar.

- Muito obrigada por tudo - falou Aelwyn com uma expressão branda. - Pela recepção e pelo auxílio a minha família.

Após o banquete, Aelwyn observou que já era noite pelas janelas da Torralta. Ela e Aemon foram então se acomodar em seus aposentos acompanhados por Lady Samantha. Mas ela logo os deixou depois de trocar algumas palavras de boa noite com Aelwyn que imediatamente começou a desfazer suas malas. Porém, uma batida na porta a interrompeu e ela foi abri-la para ver quem seria. Era Daeron, seu irmão mais novo.

- Daeron, você cresceu muito desde a última vez que o vi - comentou Aelwyn abrindo um sorriso ao rever seu irmão. - Senti muito sua falta, nossa família toda sente sua falta.

- Irmã, fico muito feliz por vê-la novamente, e por saber que você e seu filho estão bem - disse Daeron com um olhar apreensivo.

Nesse momento, outra pessoa se juntou à eles. Gwayne Hightower os cumprimentou com uma mesura antes de se pronunciar.

- Estou aqui para me despedir, amanhã partirei para King's Landing - anunciou ele.

- Daeron - chamou-o Aelwyn. - Você pode por favor cuidar de Aemon para mim? Preciso conversar sobre algo importante com nosso tio.

- Claro - respondeu o jovem prontamente.

Os dois se dirigiram para uma sala iluminada por uma lareira e com paredes adornadas por tapeçarias e grandes arcos de janelas. Aelwyn ficou de frente para Gwayne, que aguardava o que ela tinha a dizer.

- Eu sei que foi você - declarou Aelwyn, fazendo o semblante de Gwayne se franzir em confusão, mas ela logo prosseguiu. - Aquele dia no torneio, o cavaleiro misterioso que venceu e me presenteou com uma coroa de rosas brancas e me nomeou como a Rainha do amor e da beleza.

- Quem lhe contou isso? - perguntou Gwayne aturdido, ele não esperava ser abordado com tal revelação.

- Minha mãe - contou Aelwyn. - Após meu avô ter te expulsado de King's Landing.

Aelwyn já era casada com Aemond quando recebeu seu presente, causando um grande escândalo entre os nobres que assistiam ao torneio. Pois normalmente o vencedor na tradição daquele torneio escolhia uma mulher que ele amava ou pretendia cortejar.

- Aquilo foi um erro - disse Gwayne quebrando o silêncio desconfortável que havia se instaurado. - Eu tive sorte de nenhuma outra medida mais grave ter sido tomada, por isso peço seu perdão por minha imprudência.

- Não há com o que se desculpar, você foi incrível naquele torneio - declarou Aelwyn para a surpresa de Gwayne. - Talvez se eu tivesse a sorte de ter me casado com alguém como você, minha vida fosse completamente diferente.

Gwayne engoliu em seco enquanto observava a princesa se aproximar cada vez mais dele. Seu coração batia descompassado, como se ele já tivesse imaginado aquele momento muitas vezes em sua mente.

- Por que ainda não se casou com alguém? - questionou-o Aelwyn.

- Porque a mulher que amo já está comprometida com outro - ele disse olhando-a de modo pungente.

- Você me deixou sozinha com eles - Aelwyn falou com os olhos marejados.

- Eu fiz isso para protegê-la.

- Não, você devia ter ficado ao meu lado.

- Eu tentei, Aelwyn...

Gwayne enxugou delicadamente as lágrimas que deslizavam por seu rosto com os polegares.

- Eu irei protegê-la, Aelwyn, ninguém mais irá te ferir - afirmou ele. - Por isso vou a King's Landing, para assegurar que eles lembrem-se de que não devem conspirar contra nossa família.

- É perigoso se envolver nesses conflitos, fique em Oldtwon - suplicou ela.

- É necessário, sou um cavaleiro e devo cumprir com o meu dever - disse Gwayne deixando-a aflita. - Mas não se engane, é por você que eu luto.

Sabendo que Gwayne era resoluto em sua decisão, Aelwyn suspirou e lhe deu uma prenda antes dele sair. Era um anel de ouro incrustado com um rubi, o seu preferido. Após tomar a mão de Aelwyn em um beijo, ele partiu, mas ela logo se dirigiu para o Septo para orar por aqueles que se preparavam para a batalha.